Os senadores brasileiros acabam de incluir mais uma regalia à longa lista de vergonhosos privilégios que seus mandatos lhe conferem: agora só vão trabalhar três dias por semana e em apenas três semanas do mês.
É o que decidiram os líderes dos partidos no Senado, com o devido aval do presidente Rodrigo Pacheco. Em detalhes, o novo privilégio define que projetos só serão votados às terças, quartas e quintas-feiras, e nunca antes das 14 horas.
Sessões deliberativas todos os dias nem pensar. Só poderão ser realizadas às segundas e sextas-feiras. E caso o parlamentar não compareça ao Senado nas segundas ou nas sextas-feiras, não será possível lhe aplicar falta.
Mas tem mais, a vergonha não para por aí: nossos exaustos senadores terão a última semana do mês livre. Não precisa sequer aparecer em Brasília. É ou não é uma maravilha?
O jornalista Josias de Souza fez, na sua coluna no UOL, um cálculo interessante. Segundo suas contas, na prática, “os senadores terão que dar as caras no plenário apenas nove dias por mês para evitar cortes no contracheque. Significa dizer que o Senado institucionalizou uma jornada de trabalho 70% feita de recreio”.
“O salário pago pelos 30% de suor é bom: R$ 39,2 mil por mês”, prossegue o jornalista. “Ficará ainda melhor a partir de abril quando sobe para R$ 41,6 mil”. Nada mal, não é?
O HojePR publicou essa notícia nesta terça-feira (28) e o que mais chamou atenção foi a desfaçatez com que o senador paranaense Oriovisto Guimarães defendeu esse absurdo privilégio, principalmente no que diz respeito à semana livre. “Acho que foi um avanço. Isto vai permitir um maior contato com a base de cada senador, uma semana por mês”, disse ele.
Onde está o avanço em se trabalhar tão pouco? E onde está a ética, moralidade e honestidade em se reduzir uma jornada de trabalho dessa forma sem descontar um centavo do salário? A noção que a imensa maioria dos brasileiros têm de avanço é bem diferente da do senador.
O HojePR recebeu várias mensagens de leitores indignados tanto com a decisão dos senadores quanto a defesa esdrúxula de Oriovisto. “O senhor poderia defender o povo do Paraná e não a si próprio”, diz uma delas. “Esse país é uma vergonha. Será que o ilustre senador concederia mesma regalia aos funcionários das suas empresas???”, diz outra. “Mas é o salário…vai diminuir? Já não fazem quase nada, deveriam era ter vergonha, mas os benefícios, as mordomias, essas não vão diminuir. Já receberam até aumento em todos os sentidos, para o povo só obrigação”, pergunta um leitor.
O HojePR tentou, ainda, saber a opinião dos outros dois senadores do Paraná a respeito dessas mordomias. Na terça-feira, em contato com a assessoria de imprensa, o HojePR pediu uma manifestação do senador Sergio Moro sobre a medida adotada no Congresso. Até o fechamento desse texto nenhuma resposta nos foi enviada. Já com o senador Flavio Arns não conseguimos contato.
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Em um dos momentos mais difíceis do país recentemente, principalmente pelas decisões ( sem fundamento ) do STF – TSE , os brasileiro, pobres coitados, ficam sem ação perante essa “barbaridade” , socialmente sem escrúpulos, vergonhoso. SÃO IGUAIS AOS OUTROS PODERES