De um lado um ex-governador. Do outro, um ex-procurador federal. Em comum, além de ambos serem deputados federais, um ódio que, dizem, pode acabar em cenas de pugilato. Em páginas de jornais ou nas redes sociais a guerra entre Beto Richa e Deltan Dallagnol já produziu golpes abaixo da linha da cintura e, ao que parece, está só começando.
O primeiro “punch” partiu de Beto Richa. Em entrevista a jornais do Interior, o ex-governador criticou veementemente a postura de Dallagnol durante a Operação Lava Jato. “Há muitos detalhes que ainda vão aparecer nessa longa lista de irregularidades e crimes cometidos pela Lava Jato. Pode esperar. Teremos novidades, mais esclarecedoras ainda num curto espaço de tempo. E é preciso que isso venha a público para que essa gente não continue a enganar a população, apontando o seu dedo sujo e podre na direção de quem melhor servir ao seu projeto de poder. Projeto de poder deles. Para eles, a presunção de inocência nunca foi um obstáculo para sua sanha persecutória e o seu projeto de poder”, disse Beto.
A sequência de golpes não parou por aí. Richa elencou e atribuiu a Dallagnol uma série de supostas irregularidades cometidas pelo ex-procurador. “Como que eu poderia não me indignar com o comportamento dele? Como eu poderia esquecer a narrativa criminosa que ele patrocinou contra mim, contra minha mulher, contra a minha família? Como eu poderia não reagir veementemente à mentira, à calúnia e a continuidade delitiva que ele manifesta em relação a mim. Ele usou a sua condição de procurador, a sua condição de agente público para tentar me destruir, não conseguiu e não vai conseguir. Porque eu estou provando a cada dia, a falsidade das acusações dele. Quem tem telhado é quem compra lojas em shoppings centers em nome de outras pessoas. Quem tem telhado de vidro é quem lucra com a desapropriação milionária do Incra, agora em processo de suspensão. Quem tem telhado de vidro é quem ainda como procurador comprou apartamento em leilão público em nome da mulher quando a lei vetava a sua participação no processo. Mas o casamento não é em comunhão parcial de bens? Então a irregularidade está documentada”.
A reação de Dallagnol foi rápida e violenta, daquelas em que um mediador qualificado abriria contagem para dar fôlego ao adversário. Com o título “As acusações, os crimes e as provas contra Beto Richa”, o ex-procurador levou Beto às cordas e, usando suas redes sociais, divulgou várias acusações que o ex-governador responde na Justiça.
Na publicação, Deltan diz que Beto Richa “não consegue explicar a origem de milhões de reais em dinheiro vivo – propinas segundo as acusações e provas do Ministério Público – usados por ele para compra de imóveis de luxo e por isso ele continua a espalhar mentiras sobre a Lava Jato. Mas como dizia o juiz da Suprema Corte Americana Louis Brandeis, “a luz do sol é o melhor desinfetante”. Por isso, é hora de colocar os pingos nos is”.
Em dez lâminas, postadas no seu Instagram, Deltan fala das Operações Rádio Patrulha, Quadro Negro, Integração e Piloto, que acusam Beto Richa de desvios milionários e de recebimento de propinas, e detalha a situação dos processos. “Richa foi beneficiado pela decisão de 2019 do STF que tirou a competência da Justiça Federal para julgar casos de corrupção política e determinou o envio dos casos para a Justiça Eleitoral. Com isso, 7 ações penais contra Richa foram enviadas para a Justiça Eleitoral, que não tem vocação para julgar casos de corrupção, e 1 ficou na Justiça Comum. Historicamente, esse precedente tem sido usado por corruptos para conseguir a anulação e a prescrição dos seus processos, e com isso, conquistar a impunidade”, diz uma das postagens.
Essa batalha, com contornos dignos de uma guerra de babuínos, parece longe de acabar. Neste sábado (11), o ex-governador respondeu ao ataque de Deltan. Com o título “O que você precisa saber sobre as acusações de Deltan Dalagnol”, Beto dizer que o ex-procurador “constrói narrativas criminosas e falseia a verdade para sustentar seu discurso”.
A troca de ofensas entre Beto Richa e Deltan Dalagnol não traz benefícios a ninguém. É um espetáculo triste e lamentável que mostra, apenas, como o cenário político empobrece a cada eleição. O que o Paraná precisa é que seus representantes deixem de lado a desnecessária lavação de roupa suja e, de uma vez por todas, gastem essa energia trabalhando pelo Estado.
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