Primeiro foram os problemas com a operação do ferry-boat. Longas filas, demora para realizar a travessia e usuários do serviço irritados. Agora é a manutenção das estradas, principalmente a BR-277. A questão do ferry-boat foi resolvida e o serviço prestado hoje beira a perfeição. Já a ligação de Curitiba ao Litoral do Estado leva motoristas ao desespero com a lentidão dos reparos causados por deslizamentos de terra que ocorreram no início de novembro e que tornam uma viagem de pouco mais de 100 quilômetros uma aventura de mais de quatro horas.
Apesar da responsabilidade pelos reparos da BR-277 ser do governo federal, o alto escalão do governo do Estado estaria irritado, considerando que têm faltado, por parte dos setores responsáveis dentro da estrutura do Estado, ações mais efetivas na cobrança por agilidade nas obras.
A cúpula do governo têm levado em conta os prejuízos causados, por exemplo, ao agronegócio do Paraná. Um levantamento produzido pela Federação das Agriculturas do Estado do Paraná (Faep) mostra que essa conta pode passar dos R$ 600 milhões. E isso considerando apenas o gasto a mais caso o escoamento da soja tenha que ser feito pelo Porto de Santos, ao invés de Paranaguá.
Nos últimos meses, por diversas vezes, a BR-277 esteve interditada de forma total ou parcial por queda de barreiras, rachaduras na pista e risco de desmoronamento. Com base nisso, a projeção da Faep leva em consideração o cenário de interrupção total da BR-277, única estrada que comporta o tráfego de cargas pesadas até o Porto de Paranaguá. Neste caso, a produção teria que sair por outro complexo portuário.
A Faep dá como exemplo um cálculo simples: o frete de caminhão de sete eixos, com capacidade para 57 toneladas, custa R$ 4,86 por saca no trajeto Cascavel-Paranaguá, que totaliza 600 quilômetros. Já no itinerário Cascavel-Santos, cuja distância é de 1 mil quilômetros, o frete sai por R$ 7,73 por saca, quase 60% mais caro. “Já partiríamos de uma logística com prejuízo elevado ao setor produtivo, por conta do frete maior”, destaca o presidente Ágide Meneguette.
De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), a projeção da colheita de soja em 2022/23 é de 21 milhões de toneladas. Com base nas médias históricas, o Estado deve exportar 15,7 milhões de toneladas – 12,6 milhões por rodovia e 3,1 milhões por ferrovia. Se todo esse volume deixasse de sair por Paranaguá, por uma interdição total da BR-277, o prejuízo seria na ordem de R$ 602,7 milhões somente pelo custo de frete a mais até Santos.
“Já existem várias cooperativas e traders que, em razão das más condições da estrada, têm optado por enviar suas cargas para outros portos, como o de São Francisco e o de Santos”, completa Meneguette.
Vale lembrar que o Paraná é um grande exportador de outras commodities. O Estado é o maior exportador de frango do país e o terceiro em carne suína, cadeias que também seriam impactadas diretamente pelos problemas na BR-277.
A insatisfação do governo com equipe responsável pela gestão das estradas paranaenses não se limita à BR-277. Fontes do HojePR contam que as operações tapa buraco promovidas nas demais rodovias tem causado descontentamento do alto escalão. De acordo com essas fontes, integrantes da cúpula do Palácio Iguaçu que circulam pelas estradas têm classificado como “maquiagem” as intervenções promovidas nas rodovias e já preparam um extenso relatório para apresentar ao governador Ratinho Junior em seu retorno ao Paraná.
O fato é que a situação das estradas paranaenses beira o caos, irrita a população e prejudica a economia e o turismo do Estado. Fica a pergunta: qual a solução definitiva?
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