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30/04/2024



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Banksy

 Banksy

Banksy é o pseudônimo de um pintor de grafite e de telas, ativista político e diretor de cinema britânico, conhecido por quase todo mundo hoje em dia, embora não se saiba bem sua verdadeira identidade. A sua arte de rua satírica e subversiva combina humor negro e grafite feito com uma particular técnica de estêncil. Seus trabalhos de comentários sociais e políticos podem ser encontrados em ruas, muros e pontes de cidades por todo o planeta, envolvendo colaborações com outros artistas e músicos. Um de seus lemas é: “Se eu gritar forte o suficiente, pode ser que outros gritem comigo, ainda que por acidente”.

 

De acordo com o designer gráfico Tristan Manco, Banksy nasceu em 1974 em Bristol (cidade portuária do sudoeste da Inglaterra), onde também foi criado. Filho de um técnico de fotocopiadora, começou como açougueiro mas se envolveu com grafite durante o grande boom de aerossol em Bristol, no fim da década de 1980.

 

Numa entrevista para a revista Squall, Bansky contou que em 1980, quando era menino, seu pai o levou para ver um banco ser depredado por amotinados no bairro de St. Pauls. A visão do banco incendiado deixou marcas na mente do garoto.

 

Observadores notaram que seu estilo é muito similar a Blek le Rat, que começou a trabalhar com estênceis em 1981 em Paris, e à campanha de grafite feita pela banda anarco-punk Crass no sistema de metrô de Londres no fim da década de 1970.

 

Conhecido por seu desprezo pelo governo que rotula grafite como vandalismo, Banksy expõe sua arte em locais públicos. Ele não vende seus trabalhos diretamente, mas sabe-se que leiloeiros de arte tentaram vender alguns de seus grafites nos locais em que foram feitos e deixaram o problema de como remover o desenho nas mãos dos compradores.

 

O primeiro filme de Banksy, ‘Exit Through the Gift Shop’, teve sua estreia no Festival de Filmes de Sundance e em janeiro de 2011 foi nomeado para o Oscar de Melhor Documentário. Veja aqui.

 

Vários estudos apontam a sua verdadeira identidade como sendo a de um certo Robin Gunningham, desaparecido de Bristol há tempos e descrito por ex-colegas como um cara muito jeitoso para desenho. Sem negar ou confirmar, Banksy apenas comentou em seu site: “Se é bom em desenho não parece ser Banksy.” Talvez seja apenas mais um despiste, uma vez que o nome Robin também explicaria de onde vem o seu pseudônimo: Robin Bansky soa, em inglês, igual a robbing banks, assaltando bancos.

 

Em 2016, um jornalista escocês afirmou que Robert Del Naja é a sua verdadeira identidade. Em 2017, o DJ Goldie usou o nome “Robert” para se referir a Banksy durante uma entrevista ao Podcast Distraction Pieces, do Reino Unido. Também há especulação de que o artista suíço Maître de Casson pode ser Banksy. Maître de Casson nega isso em seu site. Ou seja, até hoje não se tem uma certeza sobre a verdadeira identidade do homem. Em sua única entrevista em carne e osso, para um jornalista do Guardian, de Londres, Bansky revela que qualquer branco magrela, nascido nas redondezas de Bristol, há mais ou menos trinta anos, que use camiseta, boné e brinco pode muito bem ser ele: o artista que inventou um modo de ficar rico com o grafite político.

 

Pintar propriedades alheias na Inglaterra é crime. Dá cadeia mesmo quando a assinatura do vândalo é capaz de valorizar a propriedade, o bairro, a cidade e até colocar o país no mapa da arte contemporânea. Por isso Banksy se mantém anônimo, misturado na multidão de admiradores dos seus protestos românticos.

 

José Alberto Trindade, nosso correspondente na Inglaterra, onde vive há bem uns 30 anos, fala um pouco sobre Bansky e muito sobre o cenário do grafite em Curitiba nos anos 80, neste depoimento exclusivo para a coluna Frente Fria:

 

“Minha lembrança mais antiga de pichações talvez seja a do Cão Fila, que se via nas estradas saindo de Curitiba – e também as de propaganda política. A mais interessante era a do deputado Pedro Lauro dizendo que havia petróleo em Mallet.

 

A famosíssima Celacanto Provoca Maremoto do Carlos Alberto Teixeira espalhada por todo o Brasil (e algumas cidades estrangeiras), não me lembro se vi ou só ouvi falar. Depois vieram as engraçadinhas, minha favorita sendo a que dizia Não Vote Em Branco, Vote Em Mim, Mussum, ali pelo alto da XV.

 

Com a abertura política começaram a surgir as palavras de ordem: Abaixo A Ditadura, O Povo Unido Jamais Será Vencido, Diretas Já e muitas outras.

 

Lá por 1979, eu e o Palito (Nivaldo Lopes) escrevemos num muro, não me lembro onde, Tire A Mão Da Bunda Você É O Último Da Fila, frase dele, e depois uma minha A Alternativa É A Arte Nàtiva (a crase pra que se lesse Na Ativa, no linguajar da época).

 

Depois de uma rusga com o dono do bar Sinhá, que ficava atrás do Teatro Guaíra, eu escrevi Seu João Bundão na parede em frente ao bar. Acabamos virando quase amigos, mas ele nunca soube que fui eu que pintei a frase.

 

Com a família Buty King (eu, Baxo, Pobre e Canalama) escrevíamos poemas curtíssimos, que nunca lançamos em livro. Nossa única ideia para um livro foi perdida por mim, naqueles dias neblinosos da minha juventude.

 

As pichações permaneceram pela cidade por algum tempo, numa época em que pouco se fotografava. Aos Russos Alaska, Dig-ma para Rig-ma, Tupi Tem Palha Tupã Tem Pena, Igrejaculou Precoce, algumas delas, entre muitas outras.

 

Sair na madrugada pichando paredes era uma ocupação constante, só parávamos quando acabava a tinta. Perto da minha casa havia um muro muito convidativo onde pichamos três vezes (não me lembro do conteúdo), o dono pintava e a gente agradecia, painel novo. Um dia ele pintou o muro e escreveu em grandes letras Só Jesus Salva. Mais um adepto, pensamos. Nunca pichávamos em muro que já estava pichado e a mensagem cristã prevaleceu. Havia um certo rigor estético que seguíamos. Muita gente não seguia essa cartilha e nossas pichações eram, frequentemente, vandalizadas.

 

Mas o vandalismo às vezes era legal, como num outdoor na Augusto Stellfeld onde estava escrito Jesus Em Breve Voltará, e alguém escreveu em baixo Brizola Já Voltou.

 

Minha última pichação foi em São Paulo, quando mudei pra lá em 1985. Na esquina da Teodoro Sampaio com Doutor Arnaldo eu escrevi Te Adoro Sampa e assinei Buty King. Quando eu e o Rodrigo Barros inventamos a banda semi-eletrônica alemã Die Bunders Republic, o Alexandre Cabral pichou o nome da banda em vários muros da cidade.

 

O fenômeno do grafite, até o final dos anos 80, me parecia uma coisa estrangeira. Não me lembro de quando vi o primeiro painel pintado em um muro. Havia sim, muitos pequenos feitos com estêncil, que a gente chamava de máscara; nunca chegamos a usar essa técnica. As tags, ou pixos (garranchos com os nomes dos pichadores) são a forma mais antiga de grafite, proliferando nos Estados Unidos na década de 60, uma forma de deixar a sua marca, sem requerer qualquer dote artístico gráfico ou poético. Talvez por isso a mais vilificada forma de todas.

 

Na Inglaterra pichações são muito malvistas por conta da especulação imobiliária, e levadas muito a sério por autoridades locais. Eles aparecem mais rápido pra pintar uma parede pichada do que pra consertar um vazamento de gás. Qualquer vizinhança com pichações, principalmente tags, “empobrecem” o aspecto da região e os preços das casas desabam.

 

Muitos desenhos do Banksy, acredito, foram destruídos em nome dessa filosofia.

 

Creio que agora qualquer suspeita de um desenho ser um legítimo Banksy faz com que os peritos sejam chamados para avaliar e coloquem o lugar sob observação, pra que não seja depredado. Apesar disso há relatos de proprietários que não ligaram para o valor da obra e mandaram derrubar paredes e muros antes que os peritos aparecessem. Na verdade, aquele pedaço de parede poderia valer mais do que toda a propriedade.”

 

Um grande mural do “artista guerrilheiro” Banksy foi coberto de tinta por funcionários contratados pela prefeitura da cidade britânica de Bristol para lidar com pichação. O trabalho artístico, com pouco mais de 7 metros de comprimento e que ficava em um muro ao lado de oficinas na cidade, foi coberto com uma grossa camada de tinta preta. O conselho municipal de Bristol disse que quer que o erro seja investigado e determinou a preservação de todas as obras de Banksy na cidade. Em consequência deste engano, alguém pichou as palavras “Wot no Banksy?” (que poderia ser traduzido como “o quê, sem Banksy?”) por cima da tinta preta.

 

 

Durante o mês de outubro de 2013 Banksy esteve em Nova Iorque e realizou uma série de trabalhos pelas ruas da cidade. Todas as suas intervenções foram divulgadas em um site e acabaram atraindo a atenção de moradores e turistas. Dentre alguns dos trabalhos se destacaram uma crítica à construção do One World Trade Center, uma escultura de um Ronald McDonald mal-humorado usando um enorme sapato vermelho que era engraxado por um jovem humano e um caminhão que estava repleto de bichos de pelúcia que choravam e gritavam simbolizando animais indo para o abate. A cada dia, ele publicava a foto de uma nova obra em algum lugar da cidade e os nova-iorquinos aderiram à caça do tesouro. Quando vândalos depredavam algum trabalho, fãs o restauravam. Dois quadros pintados com os grafiteiros paulistas Gustavo e Otávio Pandolfo, OSGEMEOS, foram exibidos debaixo de uma ponte no bairro de Chelsea. Os quadros só foram mostrados novamente em 2020 na mostra Segredos, dos dois irmãos, na Pinacoteca de São Paulo, e em 2022 na exposição de OSGEMEOS no MON, em Curitiba.

 

O artista favorito de Bansky é Harry Holdini (1874-1926), ilusionista húngaro-americano que ele descreve como a pessoa que fez “uma verdadeira conexão entre a arte e a vida real”. Emulando seu herói, Banksy também é um especialista em fugas. Sua especialidade: desaparecer. Uma equipe muito leal de amigos e assistentes o protege. Até hoje, ninguém de dentro do círculo do artista o expôs. Claro que todos tiveram que assinar contratos de confidencialidade com multas gigantescas caso sejam infringidos. E mesmo que Bansky seja o tal Robin Gunningham, ninguém sabe onde encontrá-lo. Robin Gunningham sumiu.

 

Leia outras colunas Frente Fria aqui.

1 Comment

  • A única arte de rua que OSGEMEOS fizeram em Curitiba, na Rua Riachuelo, desapareceu sob camadas de tinta providenciadas pelo imbecil dono do prédio.

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