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BlackRock: Porta-voz do investimento sustentável pisa no freio

30/03/2023
silvio

Maior gestora de ativos do mundo, com uma carteira de US$ 8,6 trilhões, a americana BlackRock assumiu há algum tempo o protagonismo na defesa de investimentos sustentáveis e da agenda ESG. Seu presidente, Larry Fink, é um dos personagens mais respeitados do mercado financeiro mundial e comprou briga com investidores que colocaram dúvidas sobre a rentabilidade dos ativos “verdes”.

 

Nos últimos dois anos, Fink divulgou cartas reforçando a estratégia da BlackRock de estimular as pessoas a colocar dinheiro em ações de empresas com maior compromisso com a sustentabilidade, com a transição energética e com a descarbonização da economia, e contribuiu com a criação de diversos fundos de investimentos nestas linhas.

 

Na mensagem de 2023, Fink flexibilizou o discurso. Pode ser uma reação ao movimento anti-ESG patrocinado por políticos republicanos. No texto, ele já admite o papel fundamental dos combustíveis fósseis na fase de transição de fontes de energia e anota que a BlackRock vai respeitar a decisão de seus clientes em relação aos investimentos. “Oferecemos opções para ajudar os clientes a alcançar seus objetivos de investimento e administramos seus ativos de acordo com seus objetivos e diretrizes”, diz o executivo.

 

O mundo sustentável não desapareceu do discurso. Fink dedica boa parte da sua análise sobre o mercado financeiro de hoje e de amanhã abordando as novas fontes de energia e os efeitos das mudanças climáticas, além de outros temas que podem impactar os negócios no futuro.

 

Novos unicórnios

“Escrevi no ano passado que os próximos 1.000 unicórnios não serão mecanismos de busca ou empresas de mídia social. Muitos deles serão inovadores sustentáveis e escaláveis – startups que ajudam o mundo a descarbonizar e tornar a transição energética acessível para todos os consumidores. Eu ainda acredito nisso. Para os clientes que escolherem, estamos conectando-os com essas oportunidades de investimento”, pontua Larry Fink na carta ao mercado, que pode ser acessada aqui.

 

Turbinas desligadas (I)

Nos últimos meses duas multinacionais anunciaram o fim da fabricação de turbinas eólicas em plantas industriais localizadas em Camaçari (BA). A primeira a decidir encerrar a produção no Brasil foi a GE Renewable Energy, no segundo semestre de 2022. Agora foi a vez da Siemens Gamesa colocar a unidade em “hibernação temporária”. As companhias disseram que irão cumprir os contratos assinados e continuar os serviços de manutenção dos equipamentos instalados, mas a decisão de parada é necessária para fazer ajustes nas suas estruturas produtivas.

 

Turbinas desligadas (II)

Empresas dos Estados Unidos e da Europa já manifestaram preocupação com o fornecimento de turbinas e outros componentes para manter o ritmo de instalações de novas usinas eólicas até 2025. Os dois mercados têm compromissos firmes com a transição energética e estimularam fortes investimentos em fontes renováveis de energia.

 

Ventos do Brasil (I)

Apesar da decisão das duas companhias, a geração eólica no Brasil segue em crescimento e representa 12% da matriz energética nacional. Hoje, a capacidade instalada é de 24,5 gigawatts (GW) de energia em 869 parques onshore, de acordo com a ABEEólica – Associação Brasileira de Energia Eólica. São quase 10 mil aerogeradores no País, principalmente na região Nordeste, que concentra aproximadamente 90% da produção nacional. A previsão é de que em dois anos os ventos gerem 30 GW de energia no País.

 

Ventos do Brasil (II)

Mas a grande aposta são os ventos marítimos, com as usinas offshore. A estimativa é de que a costa brasileira pode produzir 700 GW de energia com plantas instaladas no mar, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Até o final de 2022, haviam sido protocolados pedidos de licenciamento ambiental para a instalação de parques que somam quase 180 GW. O processo de geração ainda deve demorar algum tempo, em razão complexidade da infraestrutura necessária e da instalação de linhas para que a energia chegue ao continente, mas o ritmo dos negócios está acelerado.

 

Lugar de mulher é…

A CEO da AES Brasil, Clarisa Sadock, comunicou que o novo parque eólico que a empresa está construindo no Rio Grande do Norte será 100% operado por mulheres, repetindo uma estratégia já adotada no complexo gerador em funcionamento na Bahia. A decisão faz parte dos compromissos ESG da companhia, que se propõe a promover a diversidade e a equidade para aumentar participação feminina em cargos de liderança. A qualificação das funcionárias está sendo realizada em parceria com o Senai.

 

Vivo sem CO2

“Para resolver essa questão, não adianta eu impor uma meta, eu tenho que construir junto com o fornecedor. Ele tem que entender o quanto de valor isso cria para a sociedade, para a Vivo e especialmente para ele, como potencial de negócio, porque no futuro as empresas vão dar prioridade a quem está comprometido com o meio ambiente”. Frase de Joanes Ribas, diretora de Sustentabilidade da operadora Vivo, em entrevista para o site CapitalReset, onde falou sobre o programa de descarbonização da companhia. Segundo a reportagem, 85% das emissões da empresa são geradas nas operações da cadeia de valor.

(Foto: Towfiqu Barbhuiya/Unsplash)

 

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