Diante de uma situação desconfortável no ambiente de trabalho, será possível expressar as necessidades e sentimentos envolvidos de maneira clara e eficaz? Baseando-se na premissa da Comunicação Não-Violenta (CNV), a resposta é sim. Marshall Rosenberg foi um psicólogo americano que desenvolveu um método acreditando que a violência na comunicação acontece devido à falta de habilidade em se expressar assertivamente. Este método pode ser utilizado em qualquer contexto onde exista uma relação que precise ter qualidade e principalmente, isenta de conflitos.
Sua técnica passa por quatro fases: a observação objetiva, onde o sujeito se dirige ao outro, descrevendo com objetividade a situação que aconteceu; seguida pela expressão de sentimentos, se concentrando em suas próprias emoções ao invés de culpar ou acusar os outros, utilizando sempre o sujeito em primeira pessoa: “eu me sinto desconfortável”, “eu me sinto desvalorizado quando isso acontece…”; a identificação de necessidades, comunicando necessidades e expectativas que não estão sendo atendidas na situação, de forma positiva evitando críticas ou queixas; e por fim, o pedido de ação, descrevendo de maneira clara e específica o que gostaria que acontecesse para atender às necessidades. Exemplo: “Fulano, quando você me interrompe, eu me sinto frustrado, porque eu tenho a necessidade de terminar meu raciocínio para que minha mensagem faça sentido. Você poderia aguardar eu terminar minha fala antes de você iniciar a sua?”
Sendo assim, é preciso ter criatividade para buscar melhores soluções para as partes envolvidas e paciência para lidar com o que é diferente e vai contra os valores pessoais. Escutar com atenção o outro é um exercício e ajuda a entender sua perspectiva, criando um ambiente com muito mais confiança. Utilizar uma CNV no ambiente profissional, não garante uma relação de empatia e respeito mútuo, mas diminui a probabilidade de desentendimentos, hostilidades e comportamentos passivos. Ela é uma ferramenta valiosa que permite criar um ambiente harmonioso, especialmente se os líderes da empresa a utilizarem e promoverem práticas para que os demais aprendam e se desenvolvam. Envie esse texto para seus colegas de trabalho, para que mais pessoas tenham consciência de formas mais respeitosas e eficazes de comunicação.
Referências:
Rosenberg, MB (2015). Comunicação Não Violenta: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. Editora Ágora.
Kipper, L., & Tynan, M. (2019). Compassionate communication in the workplace: An exploratory study of human resource professionals’ experiences with nonviolent communication. Journal of Applied Communication Research, 47(2), 190-211.
Mocellin, J. S., & Cavalcanti, T. P. (2019). Communication and leadership: The use of nonviolent communication in the business context. Cadernos EBAPE. BR, 17(2), 355-370.
Waters, L. (2019). Communication skills: A nonviolent approach to the workplace. Australian and New Zealand Journal of Family Therapy, 40(2), 182-193.
Leia outras colunas da Hag Schultz aqui.
Bem interessante, hoje sou sócio de uma empresa a qual tenho colaboradores que foram meus colegas de setor, prático muito do que escreveu no artigo e acho que CNV serve pra vida tanto para o profissional quanto para o pessoal !! Obrigado !