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Saneamento ESG é essencial na agenda da sustentabilidade

01/06/2023
esg

Frear o efeito estufa e as mudanças climáticas implica em adotar uma série de medidas ambientais e de consumo. Quando se fala no assunto, as primeiras coisas que vêm à cabeça são a preservação e restauração da natureza, além do reuso de matérias-primas e reciclagem de materiais.

 

Mas há um setor de vital importância para a sustentabilidade, que tem pouca visibilidade quando se discutem iniciativas em defesa do Planeta ou os pilares da agenda ESG. É o saneamento básico, um serviço que lida com a essência da vida – e a qualidade dela -, a água.

 

Neste ano, o Instituto Trata Brasil lançou o estudo ESG e Tendências no Setor de Saneamento do Brasil, que expõe desafios do setor e mostra a importância de atuar no novo contexto socioeconômico, que implica em práticas que atendam aos critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) exigidos por consumidores, investidores, organizações sociais, governos e reguladores.

 

O Trata Brasil alerta que ao longo da próxima década os recursos hídricos estarão no centro das atenções do mundo, em função do impacto das mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, ressalta o objetivo nacional de universalização do saneamento, até 2033. No meio disso, o setor precisa se integrar ao processo de transição para a economia de baixo carbono.

 

Saneamento no Brasil (I)

O Trata Brasil aponta que o País estabeleceu por lei a meta de universalização do saneamento para daqui há dez anos. Hoje, informa o instituto, 35 milhões de brasileiros ainda não têm acesso regular à água tratada e 100 milhões não recebem serviços de esgoto. Cerca de 40% da água tratada é perdida na rede de distribuição em virtude de fraudes e vazamentos. O País lança o equivalente a 5.522 piscinas olímpicas de dejetos por dia em rios e no mar.

 

Saneamento no Brasil (II)

“Os altos investimentos no saneamento ambiental nos próximos 10 anos, para alcançar a universalização dos serviços de saneamento, certamente serão canalizados para empresas comprometidas com resultados de ESG de 2ª geração – que demanda, por exemplo, negativação de carbono, não só neutralização”. Esta é uma das observações do congresso promovido em maio pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes).

 

Emprego ESG

O estudo Future of Jobs, realizado pelo Fórum Econômico Mundial em conjunto com a Fundação Dom Cabral, confirma que, no Brasil, a agenda ESG deverá ser uma grande fonte geradora de oportunidades de emprego. A estimativa é que o volume de postos de trabalho relacionados à sustentabilidade cresça 33% até 2027. Isso significa um milhão de novas vagas.

 

Gado marcado

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) aprovou uma norma indicando que os bancos devem exigir sistemas de rastreio para conceder empréstimos a frigoríficos e matadouros. A iniciativa é voluntária, mas tem como objetivo evitar a comercialização de gado criado em áreas desmatadas. O projeto está em linha com as regras que a Comunidade Europeia decidiu adotar para evitar a importação de produtos que tenham origem em zonas desmatadas. Os europeus prometem divulgar até 2025 uma classificação dos países que vendem produtos para o bloco, para desestimular compras de nações que não protegem o meio ambiente.

 

Crédito para o Pantanal (I)

O Pantanal do Mato Grosso do Sul será beneficiado com primeiro projeto certificado para a emissão de créditos de carbono em área úmida por meio de um instrumento chamado REDD+. Trata-se de um mecanismo criado pelas Nações Unidas que permite compensar financeiramente países em desenvolvimento pela recuperação e preservação florestal. Uma área de 135 mil hectares será objeto de ações de conservação.

 

Crédito para o Pantanal (II)

A conquista da certificação teve a participação da empresa colombiana de energia ISA CTEEP. A companhia promove desde 2019 o Programa Conexão Jaguar, que envolve iniciativas no Chile, Colômbia, Peru e Brasil. A ideia é formar um corredor de biodiversidade para proteger e conservar permanentemente uma área florestal de alto risco, além de garantir um refúgio natural para espécies como onça-pintada, ariranha, tamanduá-bandeira, tatu-canastra e anta. A estimativa é evitar a emissão de 7 milhões de toneladas de CO2.

 

Crédito para o Pantanal (III)

O certificado que permitirá a comercialização dos créditos foi emitido pela Verra, maior certificadora internacional e criadora do selo Verified Carbon Standard (VCS). Para alcançar o reconhecimento, foi preciso comprovar que não há mais desmatamento e elencar os compromissos com o cuidado do bioma protegido. O crédito de carbono pode ser vendido no mercado voluntário para empresas que precisam neutralizar suas emissões, mas não conseguem fazer isso por conta própria.

 

Verra e exageros

Apesar da relevância para o mercado global de crédito de carbono, a Verra teve que responder recentemente a críticas e contestações de sua metodologia de apuração das emissões evitadas em florestas tropicais, consideradas exageradas. Mesmo que tenha defendido seu programa, a organização sem fins lucrativos, que recebe até US$ 0,10 por crédito certificado, se comprometeu a revisar e substituir gradualmente o atual modelo até 2025.

(Foto: Linus Nylund/Unsplash)

 

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