O ano é 1977. Com a efervescência do punk, algumas bandas misturaram outros gêneros nas suas canções. Uma dessas bandas, surgida em Londres, fez isso com muita maestria. O The Police, formado pelo baixista Sting, o guitarrista Andy Summers e o baterista Stewart Copeland, adicionou pitadas de ska, reggae, new wave e rock nos seus álbuns. Um dos melhores da sua pequena discografia é o primeiro, Outlandos D’Amour, lançado em 2 de novembro de 1978. Um liquidificador sonoro. Vendeu mais de um milhão de cópias na sua estreia.
A faixa de abertura do álbum, Next to You, estabelece imediatamente o som enérgico e pulsante da banda. A influência do punk rock é evidente, com uma guitarra distorcida e uma bateria vigorosa. A letra fala sobre a busca pela emoção e pelo desejo de estar ao lado de alguém especial.
So Lonely apresenta uma melodia cativante e uma mistura de estilos que vão do reggae ao punk. A influência do reggae é particularmente notável na linha de baixo pulsante de Sting. A letra aborda a solidão e a sensação de isolamento emocional. “Well someone told me yesterday. That when you throw your love away. You act as if you just don’t care. You look as if you’re going somewhere”.
Roxanne combina elementos do reggae com uma melodia pop viciante. A letra conta a história de um homem que se apaixona por uma prostituta chamada Roxanne e tenta convencê-la a deixar sua profissão. A música se destaca pelo vocal distintivo de Sting. “Roxanne, you don’t have to put on the red light. Those days are over. You don’t have to sell your body to the night”.
Hole in My Life tem uma sonoridade mais sombria, com uma linha de baixo proeminente e uma melodia mais introspectiva. As letras expressam um sentimento de vazio e falta de propósito, refletindo sobre os desafios da vida e a busca por significado.
Peanuts é uma música enérgica com uma batida rápida e um riff de guitarra cativante. As influências do punk rock e do reggae são novamente evidentes. A letra é bastante enigmática, com referências a uma pessoa misteriosa e uma atmosfera de descontentamento. “Don’t wanna find out what you’ve been taking. Don’t wanna read about the love you’re making. Don’t wanna hear about the life you’re faking. Don’t wanna read about the muck they’re raking”.
Can’t Stand Losing You apresenta uma melodia melancólica e letras que expressam desespero e pensamentos suicidas. Apesar da temática sombria, a música é executada de forma cativante, com elementos do reggae mesclados ao som do punk. Uma das canções mais conhecidas e tocadas da banda.
Truth Hits Everybody traz de volta a energia e o ritmo acelerado característicos da banda. A música aborda a confrontação com a realidade e a importância de enfrentar os fatos, mesmo que sejam dolorosos. As influências punk rock estão fortemente presentes, tanto musicalmente quanto nas letras.
Born in the 50’s apresenta uma atmosfera mais suave e introspectiva, com um ritmo mais lento. As letras exploram a nostalgia e a reflexão sobre o passado, referindo-se à geração nascida na década de 1950 e abordando temas como a juventude e o envelhecimento.
Be My Girl – Sally é uma música mais descontraída e otimista, com uma melodia pop alegre. As letras falam sobre um desejo romântico e a busca por uma companheira, enquanto a melodia traz uma mistura cativante de rock e reggae.
Masoko Tanga é a última faixa do álbum. Apresenta uma abordagem mais experimental, incorporando influências africanas em seu ritmo e batidas. A letra, em parte em swahili, língua do povo de mesmo nome que habita o Quênia, Tanzânia e Moçambique. É enigmática e evoca uma sensação de mistério e viagem.
Uma das melhores estreias de uma banda. Uma mistura de ska, punk, reggae e rock’n’roll. Do bom e velho rock’n’roll.
Leia outras colunas do Marcus Vidal aqui.