Faz tempo que os espumantes brasileiros são reconhecidos mundialmente por sua qualidade e frescor. Eles já cansaram de ganhar prêmios em concursos ao redor do mundo. Apesar de todo o esforço de marketing e de relações públicas ainda existe muito preconceito entre os brasileiros com as bebidas nacionais. Semanas atrás, aconteceu em Beto Gonçalves, no Rio Grande do Sul, a Wine South América, o maior evento de vinhos do Brasil, e praticamente 90% dos expositores eram brasileiros, mostrando a força da nossa indústria.
Se os espumantes nacionais já são reconhecidos por sua qualidade, os brancos e tintos ainda passam batido pela maioria dos apreciadores de vinhos, que muitas vezes preferem um importado por puro desconhecimento. Outra coisa que acaba pesando é o preço do vinho brasileiro, mesmo com algumas barreiras protecionistas, os impostos e os custos de produção por vezes encarecem a bebida. Mas o fato é que a gente precisa de estímulo e informação para trocar a prateleira dos importados pela dos nacionais.
Esta semana um desses estímulos caiu na minha mão. Foi a resenha do jornalista, sommelier e crítico inglês Tim Atkin. Ele é um apreciador dos vinhos no Novo Mundo. Passa todos os anos temporadas no Chile e na Argentina fazendo degustações e resenhas, e onde fez grandes amigos com Laura Catena e Alejandro Vigil. Tim provou dois vinhos brasileiros recentemente e ficou bastante impressionado: Pizzato Concentus, Gran Reserva Safra 2016, blend das uvas Merlot, Tannat e Carbenet Sauvignon, produzido no Vale dos Vinhedos. O outro vinho foi Lidio Carraro Singular, Safra 2012, Teroldego, produzido nas terras da Encruzilhada do Sul. Fiz como tantas pessoas fazem, li a crítica e não resisti à tentação e tratei de comprar uma garrafa deste vinho no site da empresa. Quando chegar eu conto a experiência.
Enquanto este vinho nacional não aterriza na minha adega, tratei de degustar um vinho uruguaio e outro português para apresentar para vocês. O português foi um vinho do Dão, o Grão Vasco da Quinta dos Carvalhais. Um vinho suave, fresco, que combina com salada, carnes e até queijos. Não tem passagem com barricas de carvalho, possui uma cor rubi suave, aromas de morango, amoras e flores, e na boca os taninos não competem com absolutamente nada. Resumindo é um vinho fácil de tomar.
A Quinta dos Carvalhais fica em Mangualde, 300 quilômetros ao norte de Lisboa, tem apenas 50 hectares de vinhedos onde são encontrados 8 tipos diferentes de solo nesta pequena área.
Quinta dos Carvalhais
O tinto uruguaio já foi conhecido como o vinho do Rei Pelé. Sim, o Rei do futebol gostava de tomar vinho e segundo informações tinha uma preferência pelo Prelúdio. Este vinho de Canelones (às margens do Oceano Atlântico) tem uma característica toda especial, não são todos os anos que eles são produzidos, e a cada ano, dependendo do tipo de clima e colheita, ele tem uma composição diferente, utilizando até 7 tipos de uva.
Vinho Prelúdio adormece por 30 meses nas caves do Uruguai
São apenas 40 hectares de parreirais de onde sai este vinho, que no início da produção são divididos em 600 barricas para depois sobrarem apenas 200 após 24 a 30 meses de maturação. Dá para imaginar o que acontece quando se saca a rolha e espera os 30 minutos de respiração para o vinho atingir o seu ponto para consumo? Um vinho com uma cor violeta, aromas de especiarias, café e frutas maduras, e na boca bastante acidez e taninos redondos e fortes. Um vinho digno de um Rei.
Todas as safras de Preludio
Dicas da semana
1 – vinho tinto Grão Vasco da Quinta dos Carvalhais, safra 2019. Um blend das uvas Tinta Roriz (39%), Touriga Nacional (38%), Alfrocheiro Preto (12%) e Jaen (11%). 13.3% de teor alcoólico. No site da Zahil por R$ 87,00
2 – vinho tinto Prelúdio Barrel Select Lote 106, safra 2016. Um blend das uvas Tannat, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Petit Verdot, e Marselan. 13% de teor alcoólico. Na Apice Wine por R$ 249,00
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