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Ativos financeiros com marca ESG perdem fôlego

02/11/2023

O mercado americano de ativos classificados como ESG perdeu fôlego. O volume de investimentos caiu de US$ 339 bilhões, no final do segundo trimestre deste ano, para US$ 315 bilhões, em setembro. Os dados da consultoria Lipper, especializada em relatórios financeiros, foram divulgados com exclusividade pela CNN. Apesar da redução ser percentualmente pequena, a sensação é de quebra de encanto com aplicações nos chamados fundos responsáveis ou verdes. Robert Jenkins, chefe global de pesquisas da Lipper, falou no programa Before the Bell, da CNN, que vários fatores podem explicar o aumento do desinteresse por fundos ESG. Isso passa pela polarização política americana, com o lado republicano contra e os democratas a favor. Isso incentivou gestores a sair do mercado ou renomear ou reclassificar seus produtos. E tem a guerra da Rússia contra a Ucrânia, que levou as aplicações para ativos “concretos”, como a indústria bélica e os setores de petróleo e gás. O prolongamento de conflitos armados, avalia Jenkins, pode desestimular ainda mais os investimentos em papéis ESG.

 

Ativo ESG em queda (I)

O analista da Lipper fez duras críticas às métricas e reports que classificam e sustentam a existência de fundos financeiros carimbados como ESG. “É impossível reunir esses três pilares analíticos muito diferentes em uma única pontuação que realmente lhe diga algo significativo sobre a empresa como um todo”, disse ele para a CNN, que também afirmou que “sempre quis que o termo acabasse”.

 

Ativo ESG em queda (II)

“Uma análise muito diferente para cada um dos três pilares – ESG – torna qualquer pilar absolutamente inútil”, sustentou Jenkins, que se diz defensor de investimentos em ativos responsáveis, acrescentando que “a ideia em torno de cada um dos pilares ainda é muito importante”. Uma solução para organizar as métricas, avalia o consultor, pode vir da Inteligência Artificial. “Se você puder incorporar as imensas capacidades computacionais de um modelo de IA para processar todos os dados com transparência, isso trará de volta a legitimidade”.

 

ESG em banho-maria

“A sustentabilidade vive um ano em banho-maria”. A afirmação é da advogada Letícia Málaga, especializada em questões ESG e membro da comissão de inovação do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Em entrevista para o site IntegridadeEsg, ela destaca que a conjuntura econômica global é desfavorável, e as guerras, juros altos e incertezas regulatórias colocaram um freio na agenda corporativa. “É muito mais fácil as empresas e os investidores pensarem em sustentabilidade em tempos de bonança do que de crises”, avalia, sustentando que a queda em aplicações em ativos ESG também é explicada pelo fato de os fundos terem a responsabilidade de fazer alocação nos produtos de melhor retorno.

 

Concreto do bem (I)

Uma tecnologia desenvolvida pela startup irlandesa Silicate promete capturar milhões de toneladas de carbono com o uso de pó de concreto. O produto é resultado de um processo denominado “intemperismo acelerado” e já foi testado com sucesso na Irlanda. Agora, a composição será avaliada em terras agrícolas do Centro-Oeste americano, onde serão espalhadas 500 toneladas do pó de concreto em 50 hectares de solo agricultável.

 

Concreto do bem (II)

O processo de sequestro do carbono ocorre com a decomposição do pó de concreto no solo. De acordo com a empresa, somente esta quantidade é capaz de remover permanentemente até 100 toneladas de dióxido de carbono da atmosfera. Mas o potencial do produto, na avaliação da Silicate, é de eliminar CO2 em volume contado em milhões de toneladas. Além disso, o pó de concreto também para correção do pH de terras desgastadas pela produção agrícola continua.

 

Concreto do bem (III)

A produção do cimento é responsável por cerca de 8% das emissões globais de CO2, principal responsável pelo aquecimento global. A ideia de reaproveitamento do produto, na forma de concreto triturado, seria uma soma de benefícios para duas cadeias produtivas intensivas na geração de gases de efeito estufa: a indústria da construção e a agricultura. Com um resultado mensurável do seu processo, a Silicate pretende vender créditos de carbono.

 

Concreto do bem (IV)

O intemperismo acelerado para capturar carbono não é novidade. Na própria Irlanda, uma empresa testa o processo com a moagem de rochas de cobalto, que também é espalhado em áreas agrícolas. A natureza, por sua vez, realiza o intemperismo químico, que é a dissolução das rochas pela ação da chuva. A corrosão é lenta e resulta em bicarbonato, uma forma de CO2 que é levada para os rios e depois acaba depositada no fundo do mar.

 

50 andares em madeira

A cidade de Perth, na Austrália Ocidental, vai abrigar o prédio em madeira mais alto do mundo, que terá 200 apartamentos e lojas. São 50 andares e 191 metros de altura. A madeira representa 42% da estrutura do edifício C6 de South Perth, incluindo as vigas, pisos e forros, que deve tornar o projeto negativo em emissões de carbono. Em Sydney já há uma torre de madeira de 180 metros em construção. Hoje, o prédio mais alto em madeira é o Ascent, que fica em Wisconsin (EUA) e tem 86,6 metros ou 25 andares.

 

(Foto: Roberto Junior/Unsplash)

 

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