Depois que Graham Bell inventou o telefone, em 1876, o mundo nunca mais foi o mesmo. Com o aparelho, pela primeira vez as pessoas podiam conversar à distância por meio da voz.
Quase 150 anos depois o telefone continua sendo um veículo de comunicação pessoal poderoso, mas nem tanto pelo uso da voz. Hoje, com a decadência das linhas fixas, usadas apenas no ambiente corporativo, o aparelho celular – ao lado das chaves de casa e do automóvel – tornou-se o item mais importante dos apetrechos que acompanham o dia a dia dos seres humanos, porém com funções ampliadas às imaginadas pelo velho Bell.
Fala-se no telefone por aplicativos. O WhatsApp tornou-se um padrão de comunicação, o que facilita as coisas, além de haver trazido para o cidadão o conforto de não mais atender telefonemas sem identificação.
Apenas os chatos ligam para você sem enviar antes um recado pelo Whats perguntando se pode telefonar. Números desconhecidos são repelidos de pronto, o que nos livra da tortura das ligações das operadoras, sejam de telefonia ou TVs a cabo, lojas tentando vender algo que você não precisa, pedintes sob os mais diversos argumentos – como igrejas ou solidariedade a alguma coisa.
É um avanço e tanto essa alforria que conquistamos. Além do que, com um telefone celular a pessoa pode comprar o que precisa, inclusive comida e remédios, pagar contas, transferir dinheiro, agendar compromissos, escrever textos e até conversar com alguém, enfim o objetivo que fez Graham Bell inventar a traquitana.
É verdade que ainda estamos sujeitos a intercorrências. Ontem recebi recado de uma mulher pelo WhatsApp, número desconhecido: “Bom dia, irmão”.
Vejam só que descoberta. Sou órfão de irmã desde sempre e, então, assim, do acaso, no ocaso da vida, eis que me aparece uma, vinda sei lá de onde, talvez do além. Quem sabe fosse a Nancy, a filha que minha mãe sempre quis ter e que jamais foi concebida.
Fiquei tentado a perguntar, mas a prudência mandou que eu ignorasse. Deletei aquela intempestiva saudação fraterna, decidido a continuar sem irmã pelo resto dos dias – no mínimo ela iria me custar alguns caraminguás, um pouso eventual lá em casa ou um sobrinho para criar. Sem chances. Adeus, Nancy!
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