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Qual a função social do futebol?

06/03/2024
futebol

É muito legal vermos os jogadores de futebol que conseguem ter sucesso. Ganham “zilhões”, são aclamados como heróis quando ganham títulos ou fazem bons jogos, tornam-se ídolos de milhões de crianças e adolescentes pelo mundo. Mas eles são a exceção da exceção. Não há estatística que mostre exatamente, mas há a certeza de que o percentual deles que chega neste nível é ínfimo.

 

O futebol é um negócio. E este negócio traz muitas oportunidades. Muitas situações diretas e indiretas. E para os jovens em geral (imensa maioria adora esse esporte) é muito mais fácil achar uma ocupação junto a ele do que uma ocupação “chata”, que seja feita por obrigação, que o faça pensar demais ou que lhe traga responsabilidade demasiada.

 

Não há distinção de classe social. O futebol encampa os sonhos de moleques milionários e os sonhos da molecada que nasce nas periferias e que tem seus horizontes limitados pela falta de condições financeiras.

 

E aí é que entra o entendimento do futebol enquanto business. A “máquina” é gigante no tocante às oportunidades e “simpática” para quem quer ingressar nela.

 

É muito raso pensarmos apenas em tirarmos os jovens das ruas e das frentes de telas de computadores, celulares e videogames para colocá-los numa atividade física que lhes traga mais saúde. Projetos de inclusão, em espaços de treinamento para formação de atletas, são ótimos; mas não são a única alternativa. Já citei acima que quase nenhum desses moleques chegará sequer a se profissionalizar. O funil tem uma saída muito estreita.

 

O futebol não é apenas “jogar bola”. O futebol precisa de técnicos, preparadores de goleiros, fisioterapeutas, médicos, massagistas, roupeiros, analistas, fisiologistas, nutricionistas, staff de logística, staff de segurança, staff de engenharia para manutenção patrimonial, staff de rh, staff de marketing, staff jurídico, staff financeiro, etc e etc. Poucos conseguem enxergar a estrutura por trás de uma equipe de futebol e quase ninguém imagina o quanto se dispende de mão de obra para que essa indústria gire.

 

E aí, por experiência vivida, ficou claro que absolutamente não há preparo específico para todos os profissionais necessários. Eles acabam vindo trabalhar junto ao futebol e ali aprendem “como a banda toca”. Muitos conseguem entender todas as particularidades dessa indústria. Vários não se adequam. Há muita diferença entre o futebol e os demais negócios. No futebol existe a paixão e esse componente deixa o negócio extremamente mais difícil de se administrar.

 

Ora, se temos oferta de oportunidades, temos mão de obra em quantidade (simpática à causa) e temos o produto o que falta? Falta organização e entendimento do esporte bretão como um negócio!

 

Não é só formar jogador. Temos uma cadeia imensa de profissionais que precisam ser educados e treinados para atuar junto ao universo do futebol. São profissionais que precisam, desde o início de sua formação, saber que no futebol as coisas não são idênticas à indústria, ao comércio ou aos serviços. A formação deles deve ser bem direcionada.

 

E onde entra a tal função social? Torno ao que já falei. Hoje só se pensa em formar atletas. Pode ser utópico por completo, mas já imaginaram se tivéssemos cursos técnicos profissionalizantes em áreas ligadas ao futebol? Se faculdades oferecessem cursos superiores que focassem seu conteúdo na construção de profissionais do futebol?

 

Hoje até temos cursos e situações que conduzem ao esporte tratado de forma generalizada ou comercial. Não se trata o futebol com a especificidade que ele exige. Já imaginaram quantos meninos e meninas iriam querer fazer esses cursos, terem essa formação? E, a partir da educação, cumpriríamos um propósito social gigante.

 

Sempre repetirei. O futebol é o business de entretenimento mais rentável de nosso planeta. Se soubermos aproveitar tudo que ele pode trazer como benefícios, colheremos cada vez melhores frutos. A sociedade agradecerá!

 

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