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17/05/2024

Símbolo de reciclável não garante que produto será reciclado

reciclável

Enxergar na embalagem aquele triângulo de três setas que representa a reciclagem traz algum alívio ao consumidor mais consciente. A mensagem é de uma destinação correta do lixo que será gerado após o uso do produto. Mas a engenheira química americana Jan Dell contesta a utilização do símbolo e sua efetividade.

 

Ativista ambiental e dirigente da ONG Last Beach Clean Up, ela está fazendo barulho nos Estados Unidos ao questionar grandes companhias sobre a rotulagem reciclável, principalmente de plástico. Em uma de suas experiências, usou rastreadores eletrônicos em recipientes descartados em lixeiras de programas de reciclagem e documentou que muitos dos resíduos acabam em aterros sanitários.

 

Seu movimento já atingiu empresas como a Coca-Cola, que foi obrigada pela Justiça a alterar informações do rótulo de alguns de seus produtos. Outro alvo é a Kraft Heinz, quinta maior empresa de alimentos e bebidas do mundo. Jan Dell se tornou acionista individual da multinacional e ganhou o direito de inquirir a companhia em relação aos produtos colocados no mercado.

 

Ela abriu um processo interno em que pede que a companhia revise seus rótulos e use informações verdadeiras e legais sobre a destinação das embalagens e sobre a possibilidade de reciclagem. A iniciativa proposta por ela deve ser validada por outros acionistas até maio, quando acontece a reunião anual de prestação de contas da empresa.

 

O propósito da ação movida pela ativista tem foco ambiental, mas em entrevista para o site Inside Climate News Jan Dell também sustentou que a medida contra a Kraft Heinz é para proteger investidores de possíveis prejuízos no futuro. “Como acionista, temo que o valor da marca da empresa, que afeta diretamente as vendas e o preço das ações, possa ser duramente atingido por processos judiciais sobre publicidade falsa”, disse.

 

Economia circular nacional

O Senado aprovou em março o projeto de lei 1.874/22 que institui a Política Nacional de Economia Circular. A matéria, que foi para a Câmara dos Deputados, cria estímulos para o reaproveitamento, reparo, reuso e remanufatura de produtos, além de criar incentivos fiscais. A proposição também prevê critérios para compras públicas sustentáveis, financiamento de pesquisas e criação de campanhas federais de conscientização da sociedade. Outra determinação é que o poder público crie e mantenha um banco de dados com informações sobre o ciclo de vida dos produtos.

 

Inflação do clima

Economistas de todo o mundo trabalham para projetar como a mudança climática vai impactar nos preços globais. Que haverá aumentos, não há dúvidas. A questão é estabelecer em quais patamares. Um estudo conduzido pelo cientista Max Kotz, do Instituto Potsdam de Pesquisa de Impacto Climático, da Alemanha, estima que o custo dos alimentos aumente de 1,5 a 1,8 ponto percentual anualmente ao longo da próxima década. A inflação geral deve variar entre 0,8 e 0,9 ponto percentual até 2035.

 

Justiça ambiental (I)

Em 2021, a Shell foi condenada pela justiça da Holanda a reduzir suas emissões de gases de efeito em 45% até 2030. A sentença incluiu os Escopos 1 (emissão direta), 2 (emissão indireta, vinculada ao uso de energia) e 3 (emissão dentro da cadeia de valor). O caso foi movido por ambientalistas em 2019, sob o argumento que a petroleira violou o dever legal de due diligence sobre impactos nas alterações climáticas e sabotava o Acordo de Paris.

 

Justiça ambiental (II)

A Shell recorreu e o apelo começou a ser julgado agora. No recurso, a multinacional alega não existir lei na Holanda que sustente a decisão anterior e também sustenta que não deveria ser responsabilizada pelas emissões de seus clientes. Além disso, argumentou que o caso poderia prejudicar toda a economia holandesa, incentivando ações semelhantes. Recentemente, o grupo ambientalista Friends of the Earth Dutch anunciou que pretende processar o banco ING.

 

Morte química (I)

Tracey Woodruff, professora da Universidade da Califórnia publicou um artigo no New England Journal of Medicine onde sustenta que a poluição química é a principal causa de morte prematura em todo o mundo. Ela chama a atenção da comunidade médica para o uso desenfreado de petroquímicos derivados do petróleo, sugerindo que estes produtos agem como desreguladores do sistema endócrino (EDCs).

 

Morte química (II)

No artigo, a pesquisadora anota os efeitos dos combustíveis fósseis na mudança climática e diz que a poluição química responde por pelo menos 1,8 milhão de mortes por ano no mundo. Mas considera que o impacto seja maior. “Este número é provavelmente subestimado, uma vez que menos de 5% dos aproximadamente 350.000 produtos químicos registrados em todo o mundo foram adequadamente estudados. A maioria dos países não exige testes para danos à saúde ou divulgação do uso”, escreve ela.

 

Morte química (III)

Segundo Tracey Woodruff, os compostos químicos desreguladores endócrinos estão presentes em muitos produtos industriais e do cotidiano, como plásticos, materiais de construção, brinquedos, tecidos, corantes, detergentes, cosméticos e pesticidas. “Além de aconselhar seus pacientes, os médicos podem ser defensores críticos de mudanças políticas para descarbonizar e desintoxicar a economia”, sustenta a autora.

(Foto: Nick Fewings/Unsplash)

 

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