O futebol, quando analisado pelos mais simplistas, é só um jogo de 11 contra 11. Seria, para esses analistas mais superficiais, necessário apenas colocar 11 atletas em campo e os melhores preparados técnica, psicológica e fisicamente sairiam vencedores.
Mas está longe de ser apenas isso. Há todo um conjunto de situações táticas e de organização que devem ser colocadas em prática pelo líder desses 11. Pelo comandante. Pelo “general” de cada equipe. Não só a análise dos próprios comandados, mas também o entendimento dos pontos fortes e fracos do adversário que irá enfrentar.
E aí o número total de componentes do jogo pode ser diferente de 11. Pode ser 12 ou 10! Ué? Será que estou maluco escrevendo isso? Não, não estou!
É que a figura do treinador é determinante para o resultado final da partida. Ele pode somar (com suas ações e estratégias) e ser o décimo segundo homem, ou pode diminuir e ser o fator decisivo na eventual derrota de sua equipe. Apesar de não estar em campo tudo que faz (ou não faz) ali se reflete.
As características do treinador de sucesso são muito amplas. Diria generalistas.
De nada adianta ser um excelente estrategista se não tiver a didática necessária para repassar as estratégias aos seus comandados. Não conseguirá ter sucesso se for um cidadão que não tem o domínio emocional do grupo. Não conseguirá ter sucesso se não conseguir trabalhar com os egos dos atletas que comanda. Não conseguirá ter sucesso se não for o anteparo necessário de eventuais tropeços que algum comandado ou a equipe vier a ter. Não conseguirá ter sucesso se não liderar pelo exemplo dentro e fora dos campos.
Figuras caricatas e folclóricas não mais conseguem o espaço que já tiveram no passado, onde a competitividade e o volume de dinheiro que o esporte gerava não era comparável aos padrões atuais. Os atletas precisam saber que seu líder conhece bem o processo, que estará ali para ampará-los em suas dificuldades, que não é falastrão, preguiçoso ou mentiroso. Aí jogarão de acordo com a cartilha dele, jogarão por ele! Não é certeza absoluta de sucesso, mas é o caminho.
Voltamos então ao tema do título da coluna. E no Brasil, quem são os treinadores que atendem a esses requisitos?
Vários são postulantes. Alguns no caminho certo e em processo de formação. Outros, com toda a sinceridade, não sei como ainda se mantém à frente de equipes de destaque. Talvez pelo mercado escasso ainda encontrem espaço para desfilar seus trabalhos inócuos. Aqui abro parênteses: torço demais para que consigamos colocar em nosso futebol, profissionais de nível. Que os emergentes não se deixem levar pela fama e por sucessos ocasionais, continuando sua busca de aperfeiçoamento para chegarem ao patamar dos melhores. E que os caricatos, falastrões e despreparados não mais tenham espaço nesse universo que envolve tanto dinheiro e tanta paixão. Fazem mal ao esporte. Atrasam o desenvolvimento.
Numa análise bem fria, em nosso país, apenas três profissionais preenchem todas as qualidades necessárias. Podemos gostar pessoalmente mais ou menos de cada um deles pois suas maneiras de agir, seus posicionamentos políticos, suas culturas são diferentes. Mas eles têm os predicados necessários. Tite, Abel Ferreira e Dorival Jr.
Não estão ultrapassados, pelo contrário. Conhecem o assunto. Abafam e afagam egos. Não são caricatos e sempre são anteparos fortíssimos dos eventuais insucessos pessoais e coletivos. Não à toa estão à frente das agremiações que dirigem. Não à toa tem a remuneração estratosférica que possuem. O retorno financeiro que o sucesso desses profissionais gera paga, com larga margem, o investimento neles.
E aí vem a pergunta “fatal”. Dos três, qual o melhor?
De maneira particular eu aliaria os predicados necessários às conquistas consistentes em médio prazo. Dito isso, o melhor técnico hoje no Brasil, não é brasileiro.
Abel Ferreira teve a consistência necessária de resultados para o colocar no pódio. Palmas para o português de gênio explosivo e competência acima da média!
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