Infelizmente eu não pude ir ao evento dos vinhos portugueses que aconteceu no Palácio Garibaldi, em Curitiba, no último dia 24 de abril. Viajei a trabalho e não pude comparecer. Fiquei triste pela minha ausência, mas feliz pelo sucesso do evento. Quem foi disse que estava maravilhoso, com muitos vinhos bons, mais de uma centena de rótulos. O Palácio Garibaldi ficou lotado e os ingressos esgotaram com uma semana de antecedência, provando para os organizadores que o mercado paranaense sim está pronto para receber novos eventos, colocando nosso estado definitivamente da rota dos eventos internacionais de vinhos.
Vou deixar para falar de vinhos portugueses quando retornar do evento que a Vini Portugal vai fazer em São Paulo no mês de junho, dias 13 a 15. Lá serão mais de 100 produtores e quase 500 rótulos de vinhos. Este evento também é aberto ao público em geral, consumidor final, e quem sabe seja uma boa oportunidade para conhecer mais de perto alguns produtores portugueses que ainda não possuem uma importadora cá no Brasil.
Esta semana vou dar a dica de dois vinhos tintos que eu experimentei durante o último final de semana num almoço com a família e amigos. Um vinho espanhol e outro vinho argentino. Uma uva tempranilho e uma bonarda, outra uva que se adaptou muito bem ao belíssimo solo dos hermanos.
O espanhol é o vinho Valderivero Joven Ribera del Duero, um monocasta Tempranillo produzido pela Hacienda y Vinedos Marqués del Átrio, na região de Burgos. É um vinho jovem, ou crianza, como classificam os espanhóis, passa 12 meses em barricas de carvalho francês. Na taça, sua cor rubi intensa mostra uma característica da região. O destaque no aroma são as frutas cristalizadas e a madeira, típico de um vinho que passa por barrica. Na boca os taninos secos e longos mostram a sua potência. Gostamos muito dele, combinou bem com a massa verde e o molho de queijos, mas acredito que ficaria perfeito com um leitão assado ou simplesmente com um queijo de ovelha.
O vinho argentino que fechou com chave de ouro o almoço foi o Nicola Catena Bonarda. Um vinhaço: elegante e forte. A safra 2020 foi muito bem pontuada e eleita pelo crítico americano James Suckling como o melhor bonarda da Argentina. É realmente um vinho especial, cujas videiras já têm mais de 80 anos e ocupam uma pequena parcela da propriedade em Mendoza. A pouca quantidade acaba refletindo na qualidade e na forma de produção deste vinho: uvas maceradas a frio, por 4 dias consecutivos, diretamente em barricas de carvalho, onde vão descansar por longos 18 meses depois de receberem as leveduras nativas da região. Na taça a coloração é mais para o violeta e tons de roxo. O aroma é de frutas maduras, como o cassis, amora e framboesa, e na boca é leve e macio. Uma ótima surpresa para um vinho tão elaborado e forte. Valeu cada gota.
Dicas da semana
1 – vinho tinto Nicola Catena Bonarda. Safra 2020. 100% uva Bonarda. 13,5% de teor alcoólico. No site da Mistral por R$ 552,18;
2 – vinho tinto Valderivero Joven Ribeira del Duero. Safra 2021. 100% uva Tempranillo. 14% de teor alcoólico. No site da Grande Cru por R$ 209,90.
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