Pular para o conteúdo
PRESIDENTE COMEÇOU A REFORMA MINISTERIAL?

Lula inicia demite Jean Paul Prates do comando da Petrobras e indica Magda Chambriard para o cargo

15/05/2024

estadão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu nessa terça-feira, dia 14, o ex-senador Jean Paul Prates do comando da Petrobras. Para o seu lugar, o petista indicou Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) durante o governo de Dilma Rousseff.

O presidente deve justificar a demissão de Prates pela “demora de entrega de promessas”. A demissão foi anunciada nesta terça numa reunião no Palácio do Planalto em que estavam, além de Prates, os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa. Segundo apurou a reportagem, a indicação de Chambriard é de Rui Costa.

A demissão de Prates acontece um dia após a divulgação do balanço da companhia. A estatal fechou o primeiro trimestre de 2024 com lucro líquido de R$ 23,7 bilhões, 37,9% a menos do que há um ano, e 23,7% inferior ao registrado no trimestre imediatamente anterior.

Mas a causa da troca, apurou o Estadão/Broadcast, se deve à cobrança por maior velocidade na execução dos projetos anunciados pela empresa, principalmente em relação à encomenda de navios aos estaleiros brasileiros.

Prates foi chamado por Lula ao Palácio sem que a pauta estivesse definida. Reuniu uma série de assuntos que poderiam estar no alvo de atenção do presidente. Segundo relatos, o executivo foi pego de surpresa pela demissão, ainda que fosse o primeiro encontro dos dois desde a crise em torno do pagamento dos dividendos extraordinários da Petrobras.

Na ocasião, Lula havia deliberado pela retenção dos recursos em reunião com Prates, Costa e Silveira no Palácio do Planalto. Prates, por sua vez, foi a público defender que seria possível distribuir metade dos recursos. A conduta foi reprovada em Brasília, sob a alegação de que houve uma quebra do que havia deliberado o governo.

Quem é Magda Chambriard

Magda Chambriard, indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como próxima presidente da Petrobras, já teve papel de destaque no setor de petróleo em governos petistas anteriores. Em 2012, foi nomeada pela ex-presidente Dilma Rousseff como diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). À época, ela já era diretora da agência — havia sido indicada em 2008, ainda durante o mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

Ela é engenheira, especializada em Exploração e Produção de petróleo, com carreira na Petrobras, onde ingressou em 1980, como estagiária, e ficou até 2001. Em 2002 entrou na ANP, como assessora da diretoria — antes de se tornar diretora. Saiu da agência em 2016

Chambriard integrou a equipe de transição do atual governo Lula e chegou a disputar a vaga na estatal com o próprio Jean Paul Prates, no início da gestão.

Em 2022, durante o governo Jair Bolsonaro, Magda chegou a criticar as trocas constantes de presidente na estatal. Ouvida pelo Estadão para comentar a saída de José Mauro Ferreira Coelho, que ficou no cargo por pouco mais de dois meses, classificou a demissão como “espantosa” e disse que a posição da União, acionista majoritária da empresa, trazia risco “muito grande” ao corpo de acionistas por expor “total desorganização do País e falta de previsibilidade” no comando da estatal.

À época, ela afirmou que a decisão reforçava a tese de que o presidente Jair Bolsonaro agia com fins eleitoreiros na estatal.

“É espantoso sob qualquer ótica. Completamente espantoso. Mas só reforça uma impressão que vem de algum tempo. Isso aconteceu com (Joaquim) Silva e Luna e agora se repete com o atual presidente. Ambos deixaram claro, antes de assumir, que não interfeririam na política de preços. Mas foram indicados mesmo assim”, disse.

Para Magda Chambriard, Bolsonaro atuava politicamente para se antecipar a um lucro recorde da estatal, que estava a caminho, e buscaria abrir caminho para algum represamento do preço de derivados até as eleições de outubro.

Nos últimos anos, a ex-presidente da ANP atuava como consultora de óleo e gás e ocupou o cargo de diretora da Assessoria Fiscal da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

A avaliação é que ela não deve enfrentar dificuldades em ter o nome aprovado pelas instâncias de governança da Petrobras e pelo conselho de administração da companhia. Com a recente declaração da constitucionalidade da lei das estatais pelo Supremo Tribunal Federal (STF), seu nome é até bastante aderente às exigências legais replicadas no estatuto da estatal, por conta de sua experiência no setor.

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Leia outras notícias no HojePR.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *