Hoje não vou tratar aqui nessa nossa coluna do futebol em si. O dia 16/05 está sendo pesado para quem é um amante do futebol e aprendeu a amar esse esporte também por conta de quem o apresentava para nós, quando ainda éramos mais novos.
Três símbolos partiram. Todos juntos. Na mesma data. Washington Rodrigues (o Apolinho), Antero Greco e o Silvio Luiz.
Apolinho sempre muito ligado ao futebol carioca. Chegou a ser técnico do maior time do Brasil, o Flamengo. Isso foi em 1995. Não recordo (posso estar errado) de outro radialista que tenha sido treinador de uma equipe desse porte. Muitos se inspiraram nele para trabalharem em rádios pelo país.
Antero Greco. Sua partida me abate. Vivemos num mundo “chato”. O politicamente correto nos faz pensar, agir e falar de acordo com cartilhas. Ele foi diferente. Sem nunca ofender ninguém, foi um jornalista muito competente, escriba de primeira linha e com uma dinâmica de apresentação única. Formou com Paulo Soares (o “Amigão”) uma das duplas mais carismáticas e engraçadas que já apresentaram programas de esporte no Brasil. Quem nunca riu muito com eles, quando apresentavam o SportsCenter na ESPN? O programa falava de todos os esportes de uma maneira leve, gostosa de se ver e ouvir, e com senso de humor sensacional. Esses programas de humor mequetrefes que temos hoje em dia não fazem rir nem 10% do que os dois faziam. E faziam isso tudo apresentando ótimo conteúdo esportivo diário.
Silvio Luiz. Perda irreparável. Um ícone. O melhor narrador de todos os tempos. Sei que vão dizer que tivemos outros bons narradores. Sim, tivemos. Mas nenhum chegou aos pés do Silvio quando enxergamos o futebol como entretenimento, como diversão. Quantos bordões, quantas risadas durante a transmissão, quanto conhecimento técnico expresso durante os jogos com leveza, falando a voz do povo, a voz daqueles que gostam do esporte? Se eu gosto tanto de futebol, posso dizer que uma parte disso foi construída ouvindo as narrações do Silvio Luiz. Totalmente distintas das narrações atuais. As atuais são “quadradas”, “engessadas”, “seguidoras de cartilha”.
Ele era dinâmico, improvisador, engraçado, técnico e muito carismático. E seus bordões então: “olho no lance”, “pelas barbas do profeta”, “vai mandar um charuto daí”, “pelo amor dos meus filhinhos”, “confira comigo no replay”, “foi, foi, foi, foi ele”, “minha nossa senhora”, “acerte o seu aí que eu arredondo o meu aqui”… e a clássica, usada nas “peladas” de todo mundo até hoje, quando um jogador chuta a bola para muito longe do gol: “Bandeirantes, o canal do esporte”! Ninguém narrou com a entonação que ele narrou, ninguém narrou com a simpatia que ele narrou, ninguém fez igual a ele.
Um radialista referência, um apresentador referência e um narrador referência (para mim o melhor, sem comparação). Farão falta ao mundo do futebol. Muita falta!
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