Nos dias 1º e 2 de junho, Curitiba recebe a II Etapa do Circuito Paranaense Infantil e Veterano de Esgrima da Copa Mestre Ronaldo Schwantes, realizado pela Federação de Esgrima do Paraná (FEP). Na capital, o esporte ganhou mais visibilidade após a repercussão da visita de Bruce Dickinson, cantor e vocalista do Iron Maiden, e sua participação num jogo de esgrima com atletas paranaenses.
Mas se engana quem pensa que o esporte é novidade em Curitiba: a modalidade já tem história há muitos anos. Nascido em Viamão, no Rio Grande do Sul, Ronaldo Schwantes começou a praticar a esgrima em 1963 e, em 1974, passou a morar em Curitiba, se tornando instrutor da modalidade na Polícia Militar do Paraná. O Mestre Schwantes, como ficou conhecido, foi campeão brasileiro em 12 edições do Campeonato Brasileiro de Esgrima nas modalidades espada e florete. Representou o Brasil em vários Jogos Pan-Americanos, tornando-se medalhista na edição de 1975, com uma medalha de bronze, e dois 4° lugares nas edições de 1979 e 1983.
Com tamanha inspiração, não seria difícil prever que seus filhos também seguiriam por este caminho. Ivan, Lorana e Athos Schwantes são hoje os responsáveis por levar adiante o legado do esporte aos demais membros da família e a novos atletas.
“Meus pais sempre incentivaram a fazer algum esporte. Meu primeiro sonho era ser ginasta, mas como era muito nova, tinha menos de oito anos, minha mãe não queria que eu fizesse. Fui para a dança (jazz e dança contemporânea), aos nove anos entrei para a ginástica, fiz por um ano, mas não achei o ambiente legal e acabei saindo. Foi nesse momento que fui para a esgrima, ter aulas com meu pai. No início, confesso que foi mais para estar perto dele e ‘agradar’ do que a paixão pelo esporte. Meus dois irmãos não só praticaram, como atualmente trabalham com a esgrima – antes mesmo de mim, fui a última dos filhos a perceber o quanto o esporte está em nosso sangue”, conta a atleta.
Ivan Schwantes, o irmão mais velho, teve vários resultados nacionais e internacionais. Hoje é coordenador técnico da Esgrima Paralímpica do Brasil pela Confederação Brasileira de Esgrima (CBE). Já Athos Schwantes, o mais novo, foi líder do ranking nacional por vários anos, teve diversos resultados internacionais e foi o primeiro paranaense a disputar uma Olimpíada de Esgrima em Londres 2012. Também participou da Olimpíada do Rio 2016 e jogou o pré-Olímpico para Tóquio 2021. Hoje ele vive na Itália e trabalha em um clube de esgrima. “Minha sobrinha mais velha está com 12 anos e desde os oito manifestou vontade de aprender, mas infelizmente por razões de logística (meu irmão trabalha no CPB-SP) ficava inviável. Mas, agora ela mora em Curitiba e deve iniciar ainda esse ano”, afirma Lorana, sobre a próxima geração de esgrimistas da família.
Carreira premiada
“Participo dos campeonatos regionais e nacionais, mas tive oportunidade de participar de alguns campeonatos internacionais como Sul-Americano (2019 e 2023), Copa do Mundo de Barcelona (2020 e 2022) Grand Prix de Budapeste (2022) e Copa do Mundo no Rio de Janeiro (2011). Faço parte da seleção paranaense de esgrima que representa o estado no campeonato brasileiro. Jogo também na categoria pré-veterana (40+) desde 2022”, detalha Lorana Schwantes. Confira a relação de conquistas da atleta:
● Duas vezes Campeã Brasileira Pré Veterana – individual (2022 e 2023)
● Primeira do ranking Brasileiro na categoria Pré Veterana
● Quatro vezes campeã Brasileira por equipes (2011, 2012, 2019 e 2021);
● Prata no campeonato Brasileiro por equipes (2023)
● Duas vezes bronze por equipes no Brasileiro (2018 e 2022).
● Bronze na I Etapa Circuito Nacional de 2023 – individual
● Campeã Paranaense (2019 e 2022)
Além disso, Lorana esteve no pódio estadual nas três etapas do ano de 2023, sendo campeã, vice e bronze. “No Campeonato Paranaense, fui medalha de bronze, finalizando a temporada em 2º lugar. Em julho do ano passado, alcancei a 7º posição no ranking nacional e o 1º lugar do ranking paranaense, garantindo vaga para jogar o Campeonato Sul Americano do mesmo ano”, conta.
Origem elitizada
Desde a antiguidade, há relatos nas mais diversas civilizações sobre lutas e duelos com espadas. Mas a origem da esgrima remonta à Idade Média, com o primeiro manuscrito de instruções para alunos e sucessores tendo sido escrito por Johannes Liechtenauer, considerado o pai da esgrima alemã, no século 14.
“Não tem muito como fugir dessa imagem elitizada da esgrima, afinal ela tem origem nos duelos, que era uma atividade exclusiva da nobreza. E mesmo quando se tornou um esporte competitivo, ainda demoramos a ter acesso ao material no Brasil. Hoje o cenário mudou consideravelmente: os incentivos ao esporte o tornaram muito mais acessível, nas esferas nacional, estadual e municipal. Curitiba e o Paraná são grandes e importantes exemplos de incentivo ao esporte. Atualmente temos cinco escolas gratuitas de esgrima na capital, e testemunhamos um crescimento exponencial dos atletas. É muito gratificante para nós”, destaca Lorana.
Sobre os planos do futuro, a atleta conta que também atua como arquiteta, sua primeira formação, mas que cada vez mais tem se configurado como um trabalho eventual. “Estou mais focada em finalizar minha formação plena em Educação Física, com as aulas de esgrima e nos treinos como atleta, além de atuar como árbitra em competições estaduais e nacionais. Estou fazendo uma formação internacional oferecida pela FIE de Técnica de Esgrima em Budapeste, oportunidade viabilizada pela CBE. Quero difundir todo o conhecimento adquirido, continuar a trabalhar e expandir ainda mais os projetos sociais esportivos nos quais trabalho atualmente junto à FEP”.
Lorana dá aulas de esgrima para crianças e adultos na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) através de uma parceria com a Federação de Esgrima do Paraná (FEP). As aulas são gratuitas e os interessados podem fazer a inscrição pelo WhatsApp (41) 99911-1885. Já para as aulas nas regionais (Portão, CIC, Cajuru e Santa Felicidade), as inscrições podem ser feitas pelo site www.curitibaemmovimento.curitiba.pr.gov.br.
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