Por Caio Gottlieb
Ainda reverbera intensamente na imprensa internacional o avanço avassalador dos partidos de direita nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, fórum que representa os interesses comuns dos 27 países da União Europeia, com delegação para estabelecer diretrizes e firmar acordos nas mais diferentes áreas, que valem como leis para todos os seus integrantes, após referendo de suas populações.
Reduzindo a maioria confortável que as siglas de esquerda detinham até então, o resultado do pleito provocou devastadores abalos políticos internos em alguns dos parceiros mais importantes do grupo, como a França e a Alemanha.
Mas as ondas do terremoto foram muito além: por tratar-se de um bloco de nações com PIB conjunto de 15 trilhões de dólares, o terceiro maior do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China, e exercer, pelas relações étnicas seculares, forte influência na história, na cultura e no comportamento de grande parte da humanidade, a vontade expressa nas urnas é apontada como uma tendência global do eleitorado e tem um significado bem mais amplo do que a simples vitória dos princípios clássicos da direita sobre os dogmas fracassados da esquerda.
Significa, em termos contemporâneos, o esgotamento dos temas impostos pelos socialistas, como, por exemplo, as medidas para enfrentamento da crise climática, jogando injustamente nas costas dos agricultores a culpa por um aquecimento planetário muito mal explicado.
Parece que estão soprando os ventos da mudança.
E uma clara evidência de que as pautas demagógicas coletivistas não atraem mais os eleitores pode ser comprovada na adoção de políticas de direita por chefes de governo da esquerda.
É a realidade da vida prevalecendo sobre falsas ilusões e utopias que só produziram tragédias.
Antes tarde do que nunca.
Caio Gottlieb é jornalista e editor do blog caiogottlieb.jor.br