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HojePR

Oriovisto : “Não serei candidato nunca mais a coisa nenhuma”

07/02/2022

O senador Oriovisto Guimarães (Podemos) tem uma certeza: o país precisa ter outra opção na próxima eleição presidencial. “Não dá para ficar entre Lula e Bolsonaro. Somos mais inteligentes que isto”, afirmou em entrevista ao HOJEPR.

Em uma conversa com HOJEPR, Oriovisto fez um balanço de sua participação no Senado. E criticou duramente a dinâmica do Congresso Nacional, a qual classificou como um “conluio”, formado pelo Judiciário e Parlamento.

O senador considera ser possível mudar o Brasil, mas que para fazer isto é preciso ter vontade política. Ele aposta suas fichas no ex-juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro, hoje também filiado ao Podemos.

Durante a conversa, Oriovisto garantiu que vai acabar o seu mandato e depois nunca mais concorrerá a nenhum outro mandato.

O senhor está concluindo os primeiros quatro anos de seu mandato. Como avalia essa primeira metade e as perspectivas para os próximos quatro anos?

Acabo de concluir o terceiro ano de mandato. E, nesse período, aprendi a dinâmica da política. Ela é completamente diferente da dinâmica da inciativa privada. Na política, para exemplificar, você é sócio de 84 outros sócios, que decidem tudo em assembleia. Não existe um presidente, como no setor privado. Tem o presidente do Senado, mas tudo é decidido no plenário

Esse processo torna as decisões demoradas, pois há necessidade de passar todos os temas por diversas comissões, como a de Constituição e Justiça, da qual faço parte.

Outro ponto que me chamou a atenção é a relação pessoal. É preciso ter amizade para viabilizar as articulações e defender suas ideias. Então você precisa cultivar amizades e
ser amigos de todos os senadores.

E ter amizade, ter essa proximidade pode atrapalhar duas funções importante de um senador. O nosso primeiro papel é a defesa do interesse do Estado, avaliando, analisando projetos e fiscalizando o governo. Nessa tarefa aprendi muito com os senadores Alvaro Dias e Flavio Arns.

E a segunda tarefa é discutir ideias, propor leis que transformem o Brasil. Por exemplo, defendo o fim do foro privilegiado, o fim das decisões monocráticas do Supremo Tribunal Federal, a prisão em segunda instância, a preservação do teto de gasto e o fim do Fundão. Acabar com essas proteções que existem para determinados cargos públicos como os do Senado. E tenho me batido para que esses temas avancem. Então percebo que essas amizades não me servem.

Por que mexer nesses privilégios é um desafio, mas vou continuar lutando, porque são temas que afetam a todos. Afetam o Brasil.

Da mesma forma que afetam as eleições desse ano. Acredito que se o Lula for eleito, tudo vai ficar pior. Se eleger Bolsonaro, vai ficar tudo meio igual ao que está hoje. Por isto, acho que a melhor opção é Moro. Se for eleito, a nossa vida vai melhorar e vamos avançar.

O senhor vem da cultura da iniciativa privada. Que diferenças encontrou no Senado, como se adaptou, o que o decepcionou e o que o animou no Legislativo?

Há uma diferença enorme entre a inciativa privada e a administração pública. Na iniciativa privada, a gente tem um foco. Essa característica existe independente do tipo de empresa, seja fabricando pneu, construindo uma escola ou gerenciando uma rede de supermercados.
Todos os funcionários da empresa privada trabalham para atingir o foco e há uma disciplina muito rígida. Existe um dono e presidente de um grupo que comanda a empresa. E isto é tudo que não acontece na vida publica.
Na vida publica, tudo é mais complicado. Por que a gestão é feita por três poderes: Executivo, Judiciário e Legislativo.

Eu faço parte de um dos poderes: o Legislativo. Temos que fazer lei que mudem o Brasil, por exemplo, acabar com o Foro Privilegiado, mas a dinâmica do Congresso impede. Esse projeto foi aprovado no Senado, mas está emperrado na Câmara Federal.

Aprovar o fim do foro, mudaria o Brasil. Por quê? Legisladores, juízes, presidentes, governadores que errassem poderiam rapidamente ser punidos. Mas há um conluio entre os poderes. Hoje somente o Supremo pode processar políticos, ministros e chefes dos executivos. Mas o STF tem na mão todos os processos e não processa. Há um conluio. Com isto, Legislativo e Judiciário se contaminam e se unem. Então, em vez de termos 3 poderes, temos a mistura do Congresso e Supremo e o Executivo. E isto impede a democracia de funcionar.

E ao ficar assim, não há processos, nem punições, gerando a enorme sensação de impunidade. Daí começamos a ver que tem políticos que faz carreira que fica bilionário. E como é possível ficar bilionário ganhando R$ 30 mil. A conta não fecha.

E isto me fez defender que político pode se eleger apenas uma vez. Eu não serei mais nada depois que acabar meu mandato, daqui 4 anos. Eu acho que a sociedade precisa ir para o embate e defender ideias que acabem com a impunidade.

Nas pesquisas mais recentes, o ex-juiz Sérgio Moro, que se filiou ao seu partido em outubro, não tem conseguido aparecer com destaque nas intenções de voto para a Presidência. Como o senhor avalia o desempenho de Moro como candidato até agora e a possibilidade de crescimento nos próximos meses?

Estamos em janeiro (a entrevista concedida no dia 19 de janeiro), as eleições serão para outubro. Ainda há 9 meses e muita água vai rolar.

O que posso dizer é que estou feliz com a colocação de Sérgio Moro nas pesquisas. Ele entrou há pouco tempo na disputa e já atingiu 10%. Ele nunca foi candidato a nada e está na frente de muita gente que está há anos na política. Ele está na frente de Ciro Gomes e do governador de São Paulo, João Dória.
Basicamente tem apenas dois candidatos na frente de Moro: Lula e Bolsonaro. O Lula sempre teve 30% das intenções dos votos e vai morrer com esse índice. E o Bolsonaro que já teve mais apoio, mas está caindo todos os dias. Cai porque o desempenho dele é baixo. Basta citar o desempenho dele com a pandemia. Basta só analisar a atuação dele na pandemia. Não precisa nem citar a rachadinha.

Eu não vejo futuro político para Bolsonaro.

Nesse momento, acho lastimável que a população tenha que decidir entre Lula e Bolsonaro. É escolher entre algo que não deu certo ou continuar com tudo que está aí, que também não deu certo.

A gente não pode esquecer que o Brasil elegeu o Bolsonaro para evitar o Lula. E agora vai eleger o Lula para evitar o Bolsonaro. Tem que ter uma terceira via. O País precisa ser mais inteligente que essas duas opções.

Quem será a terceira via? Por enquanto quem está na frente é o Moro. Mas se não for o Moro, todos os candidatos da terceira via estão dispostos a abrir a mão em nome do candidato mais viável.
O Moro é muito altruísta. Ele afirma que não tem um projeto pessoal. E abriria mão em nome de outro candidato, para que o Brasil tenha uma opção que não seja apenas Lula e Bolsonaro.

O senhor pretende contribuir plano de governo do ex-juiz Sérgio Moro? Em quais áreas?

Eu quero ajudar o governo Sérgio Moro, como ajudaria qualquer outro dirigente. Vou sempre discordar do errado e lutar pelas boas ideias, que sejam aprovadas no Senado.
Se Moro for presidente da república, vou fazer tudo que possa para ajuda-lo. Afinal, ele é uma pessoa culta e preparada e gosta de aprender.

Nunca houve um presidente que entenda de todos os temas, como Educação, Economia, Saúde, Segurança Pública, Infraestrutura, Agricultura, entre outras áreas.
Um grande presidente é aquele que escolhe grandes ministros, monta uma equipe boa e mantém a ética. Tem bons relacionamentos com o Poder Legislativo. E saiba escolher bons ministros do STF.

O País precisa de reformas, a tributária, administrativa, política, entre outras. Bolsonaro não realizou nenhuma. Manteve os privilégios. Manteve os donos de partidos. Olha a quantidade de partidos que existem. Hoje o interesse por partidos está ligado ao Fundão (findo partidário eleitoral).

Fazer essas reformas não é complicado. Basta o presidente querer, que o parlamento vai apoiar. Acredito que o Sérgio Moro fará essa reforma e terá um bom relacionamento com o Congresso.

Bolsonaro não fez as reformas e preferiu se aliar ao Centrão. E isto não é sério.

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