Por Jaine Vergopolem

 

A fotografia é uma arte que tem passado por constantes mudanças ao longo dos anos, e, mais recentemente, a Inteligência Artificial (IA) tem ganhado destaque na geração de imagens fictícias e ensaios fotográficos. Para entender melhor essa revolução tecnológica e seus impactos na área fotográfica, conversamos com Yasmin Victorino, uma experiente fotógrafa de retratos femininos.

 

Foto: Yasmin Victorino.

 

Com formação em jornalismo e uma carreira fotográfica de aproximadamente 10 anos, Yasmin Victorino se tornou especialista em retratos femininos e recentemente inaugurou seu próprio estúdio em Curitiba. Sua trajetória profissional é marcada pela busca contínua da excelência na arte de fotografar.

 

Questionada sobre os “ensaios” realizados por IAs, Yasmin confirma que teve conhecimento desse fenômeno recentemente por meio da popular rede social Tik Tok. Para a fotógrafa, o uso de IAs para a geração de imagens fictícias traz consigo um risco considerável. Ela destaca que, ao observar como as fake news são capazes de influenciar toda uma sociedade, é imprescindível ter cautela ao utilizar essa tecnologia. Yasmin ressalta que, devido à ausência de regulamentação e limites claros, é necessário ficar atento para evitar potenciais problemas decorrentes do uso irresponsável das IAs.

 

Yasmin Victorino reconhece que os ensaios de IA atendem a algumas necessidades, sendo rápidos e acessíveis, e confessa que já usou a ferramenta experimental de IA no Photoshop, sendo essa útil para ajustes básicos e limpeza de cenas. No entanto, ela enfatiza que a tecnologia ainda não é 100% precisa e possui limitações. Observa também, que “algumas pessoas os utilizam para criar avatares mais profissionais e para se enxergarem de outra forma, o que é válido. No entanto, a fotógrafa enfatiza que esses ensaios não podem substituir a experiência única proporcionada por um ensaio de verdade”, afirma.

 

A experiência de utilizar a IA

O programador João Victor Mendes, de 21 anos, começou a explorar as IAs de geração de imagem desde o primeiro DALL-E em 2021. Ele compartilha que já utilizou essas tecnologias para diversos propósitos, como criar inspirações para artes e, mais recentemente, gerar imagens para postar no Instagram.

 

Imagens de IAs sem opção de treinar rostos: 

 

IAs com opção de treinar rostos:

 

 

Sobre sua experiência com IAs na criação de imagens, João Victor Mendes destaca que “nem sempre o resultado é perfeito. Em alguns casos, o rosto não fica correto, exigindo treinamentos adicionais ou a geração de várias imagens até se obter um resultado satisfatório”, afirma. Ele enfatiza que o uso de IAs ainda exige muito refinamento e que geralmente as combina com softwares comuns, como Photoshop e Lightroom, para alcançar o resultado desejado.

 

Apesar das limitações atuais das IAs na geração de imagens, João Victor Mendes acredita que essas ferramentas vieram para ficar e serão aperfeiçoadas ao longo do tempo. Para ele, a IA não deve ser vista como um trabalho final, mas sim como uma ferramenta facilitadora para inspirar a criação de fotos reais, sugerindo poses, combinações de roupas e enquadramentos.

 

A sociedade e as imagens IAs

Ao analisar a influência das IAs na sociedade em geral, João Victor Mendes ressalta que a disseminação de informações falsas é uma preocupação importante, assim como a possível replicação de preconceitos e estereótipos por meio de imagens geradas por IA. Contudo, ele enfatiza que “a tecnologia é uma ferramenta revolucionária e que a ideia é utilizá-la como facilitadora, assim como o Photoshop é hoje”, diz.

 

Questionado sobre sua escolha entre utilizar IAs ou fazer um ensaio com um fotógrafo profissional, João Victor enfatiza que até o momento suas experiências com IAs foram gratuitas ou com testes gratuitos. Ele aponta que, por questões pessoais, prefere “brincar” de casa com as edições, mas reconhece que a interação e a experiência única de um ensaio presencial jamais serão substituídas.

 

O futuro da fotografia com IAs

Para finalizar, a fotógrafa Yasmin Victorino destacou a importância de ressaltar que a tecnologia das IAs ainda apresenta falhas significativas. Algumas imagens geradas podem parecer estranhas e distantes da realidade, o que é perceptível em alguns exemplos que recentemente se tornaram virais. Embora compreenda o lado divertido, Yasmin pondera sobre a estranheza dessas imagens.
Yasmin acredita que as tecnologias de IA vieram para ficar e serão aperfeiçoadas com o tempo. Ela faz uma analogia com “as câmeras fotográficas, que se tornaram dispositivos acessíveis e comuns em nossas vidas, e projeta que a IA seguirá o mesmo caminho, tornando-se cada vez mais presente em nossa rotina”, explica.

 

O futuro da fotografia com o uso de IAs é incerto, mas é inegável que essa revolução tecnológica apresenta desafios e oportunidades para os profissionais da área. A visão de Yasmin Victorino traz à tona reflexões importantes sobre a responsabilidade do uso das IAs, enfatizando a necessidade de preservar a autenticidade e a essência da fotografia em meio a essa nova era tecnológica.

(Fotos: Bing/b^discover/Lensa/Vana/Remini)

 

Leia outras notícias no HojePR.