Quanto tempo faz que nós já não temos orgulho de nosso selecionado? Quanto tempo faz que nós sequer nos empenhamos para assistir jogos da seleção? Quem de nós sabe a escalação da seleção brasileira hoje em dia?
Perdeu-se o brilho, perdeu-se a magia. E muito dificilmente serão reconquistados.
Quem já esteve dentro desse mundo sabe perfeitamente que o que dita a regra é só o dinheiro. Os jogos amistosos da seleção não são escolhidos por qualidade de adversários e sim pelo volume de dinheiro que chegará aos cofres da CBF. Os jogadores não são convocados apenas por sua capacidade técnica e sim por influência direta de seus agentes/empresários que são figuras determinantes no aspecto comercial do futebol atual. Mudam-se os atores, mas será que não notamos nenhuma semelhança com os palácios de nossos governos, com o próprio Congresso Nacional? Ou lá todos estão desempenhando suas funções de acordo com suas capacidades sem qualquer interferência de lobistas, setores pesados da economia, interesses pessoais?
Aí saímos da análise das instituições e analisemos a nossa gente. O comparativo de educação, de preparo emocional, de preparo ético, de preparo disciplinar do povo brasileiro, feito com vários outros países do mundo (até mesmo vizinhos nossos com condições econômicas parecidas), mostra que somos frágeis, despreparados, indisciplinados. Os jogadores hoje não têm o brio necessário, não tem a intensidade necessária e sequer tem o sentimento de defesa de pátria necessários para defender as cores da seleção de nosso país.
Quem ganha mais é aquele que está disposto a se doar mais; é aquele que se dispõe a deixar de lado várias futilidades, várias permissividades de nosso mundo atual. Qualidade hoje é muito parelha. Raríssimos atletas se destacam, saem da esfera comum. E o brasileiro definitivamente está longe de querer ser dedicado, focado, disciplinado, educado. Querem que o mundo lhes traga tudo sem precisar dar nada em troca.
Eles têm direito de serem atletas e pessoas livres, que vestem o que querem, que usam e ostentam tudo o que querem, que falam o que querem, que abusam de conceitos não tão morais em suas vidas pessoais. E eu nem contestaria tudo isso se os mesmos dessem a contrapartida. Chamassem para si a responsabilidade pelo bom desempenho. Mas o que se mostra é diferente. A culpa é “do mundo”, não deles…
Nossa seleção nada mais é do que o puro reflexo da sociedade brasileira. Cada vez mais “progressista”, mais sem valores sólidos, mais sem compromisso, mais indisciplinada.
E.T. – Em colunas anteriores falei do ainda menino Endrick. Nada mudo do que disse a respeito de suas qualidades técnicas. Mas duas de suas citações durante os últimos dias comprovam exatamente o que falamos acima. “Nunca uso a mesma roupa duas vezes” e “tínhamos jogadores aqui que poderiam estar curtindo suas férias na Europa”.
Ou se corrige o garoto enquanto ainda é garoto, ou teremos mais um talento jogado no lixo. As declarações acima mostram claramente que já se sente um “ser humano diferente dos demais” e que “o EU deve ser colocado na frente do NÓS”.
Dinheiro em abundância serve para melhorar a estrutura, a formação e até os valores de quem já os possui. Isso é o que penso da primeira citação. E quanto a segunda citação, dizer que cidadãos deveriam estar em férias e não defendendo a seleção do seu país mostra o quanto raso é o conceito de pertencimento que o brasileiro possui. Tenho várias restrições à cultura argentina. Mas eu não acredito que nenhum jogador pouparia esforços para defender as cores de sua pátria se fosse chamado por sua seleção…
2 Comentários
Permita-me acrescentar: “Esquecem inclusive que os valores de seus salários e de seus ‘passes` em geral aumentam quando são convocados para defender a seleção brasileira”.
Excelente 🎯👏