Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), indicam que uma em cada seis mortes no mundo é causada por algum tipo de câncer, o que coloca esta patologia como uma das que mais matam ao redor do mundo. Segundo as projeções do relatório Globocan 2020, esses números devem aumentar nos próximos anos, já que segundo as estimativas, há uma tendência de elevação dos índices de detecção da doença, que deve alcançar o patamar de quase 50% a mais em 2040 em comparação ao cenário atual, somando algo em torno de 28.4 milhões de novos casos de câncer em menos de 20 anos. Neste panorama muito se estuda sobre as razões para o desenvolvimento da doença e apesar de ainda existirem muitas dúvidas neste campo já se sabe que a adoção de hábitos saudáveis é uma das melhores formas de prevenção e um grande auxílio durante o tratamento.
A oncologista da Oncoclínicas Curitiba, Priscila Morosini, explica que há uma relação direta entre o sedentarismo, má alimentação e o desenvolvimento de tumores. “Já é possível atestar que a maioria das mortes por câncer poderiam ser evitadas com a adoção de hábitos mais saudáveis como a prática de atividades físicas, alimentação saudável, além de não fumar. Estas questões são grandes aliadas no combate à doença, seja na prevenção ou na melhora dos quadros de neoplasia”, conta a médica.
A importância dos hábitos saudáveis
Os dados do periódico científico Cadernos de Saúde Pública, reforçam a estreita relação entre o sedentarismo e o câncer, uma vez que a pesquisa mostra que 72,5% das pessoas diagnosticadas com câncer no Brasil afirmam ter uma vida sedentária. “Tivemos um complicador nos últimos anos com a pandemia, pois foi um longo período em que as pessoas tiveram que parar todas as suas atividades, inclusive as de cuidado com a saúde. Neste período, além da redução dos hábitos saudáveis também tivemos um aumento de consumo de álcool e de alimentos processados, além do aumento do tabagismo – um quadro que precisa ser revertido”, reforça Priscilla.
A médica explica que a prática diária de cerca de 45 minutos de atividades físicas (cinco horas por semana) já pode ajudar muito a evitar o desenvolvimento do câncer, mantendo também a qualidade de vida da população. “Estudos indicam que a prevenção por meio da atividade física é muito efetiva, principalmente nos cânceres de bexiga, cólon, endométrio, esôfago, estômago, rins e mama, pois a prática de exercícios tem a capacidade de promover o equilíbrio hormonal, de reduzir o tempo de trânsito gastrointestinal, fortalecendo as defesas do corpo e ajudando a manter o peso corporal em níveis adequados ao bom funcionamento do organismo. Além disso, a atividade física reduz o estresse e a ansiedade”, explica.
Além da atividade física regular, Priscilla conta que a diminuição do tabagismo, do consumo de álcool e o consumo de alimentos saudáveis também são pontos que favorecem o combate à doença. “A alimentação não deve ser negligenciada, pois ela é a base para um organismo saudável. Sendo assim é fundamental a ingestão de alimentos de origem vegetal como frutas, legumes, verduras, cereais integrais, feijão, proteínas, fibras, sementes, nozes entre outros alimentos in natura e fugindo dos alimentos prontos para consumo, bebidas adoçadas, processados e industrializados. A alimentação deve ser prazerosa e saborosa, respeitando a cultura regional e a sazonalidade. Também é importante manter a hidratação corporal em dia com a ingestão de água, chás e sucos naturais”, comenta
Hábitos saudáveis para pacientes oncológicos
A alimentação é também fundamental para combater processos cancerígenos que já iniciaram o seu processo de agressão celular, uma vez que os alimentos in natura ajudam na defesa do corpo e no funcionamento do intestino. “Os alimentos de origem vegetal têm o poder de inibir a chegada de compostos cancerígenos às células e também têm a capacidade de consertar o DNA que já foi danificado pela doença. Em casos de células que já foram danificadas, esses alimentos podem promover a morte das células danificadas, interrompendo a multiplicação desordenada”.
Nesses casos, a recomendação é ingerir regularmente cerca de 400 gramas entre verduras, cereais, feijões, legumes, frutas, sementes e nozes em todas as refeições do dia. “Nosso país conta com uma grande diversidade de frutas, legumes e verduras, opções que estão ao nosso dispor e que devem ser o foco de qualquer alimentação, mas principalmente para os pacientes oncológicos. Arroz e feijão é uma combinação típica do Brasil e que traz ao cardápio uma mistura essencial de proteínas, fibras, vitaminas e minerais. Busque descascar mais e desembalar menos, opte por colocar mais cor no prato e abuse das frutas e das oleaginosas. Sementes também podem ajudar muito como a de girassol, abóbora e gergelim. Com isso a imunidade do corpo se fortalece e o tratamento fica mais efetivo”.
A prática de exercícios físicos também traz muitos benefícios para os pacientes oncológicos, pois as atividades físicas aumentam as atividades celulares e melhoram o sistema imunológico, reduzindo também as chances de desenvolvimento de outras doenças como as relacionadas a problemas metabólicos, diabetes, entre outras. “Quando o organismo está fragilizado ele tem maiores chances de entrar em sofrimento no combate às células cancerígenas e desenvolver outras doenças. Para melhorar essa condição a indicação é a mesma: 45 minutos de atividades físicas diárias. Quanto aos tipos de exercícios, para pacientes oncológicos a indicação são atividades aeróbicas moderadas, intercaladas com sessões extras de exercícios de força e flexibilidade. Yoga é uma ótima opção, pois é um exercício completo que também auxilia na redução da ansiedade”, explica.
A especialista reforça que a prática de atividades físicas traz também uma sobrevida maior aos pacientes, pois reduz o risco de metástase e melhora o condicionamento físico. “A realização de práticas físicas para pacientes oncológicos traz muitos benefícios, pois melhora a capacidade física e o equilíbrio, diminuindo o risco de quedas e fraturas ósseas, evitar a atrofia muscular, melhora a circulação sanguínea, ajuda a controlar o peso, diminui o risco de doença cardíaca e osteoporose. São medidas simples e muito eficazes que melhoram a qualidade de vida do pacientes”, finaliza a médica.
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