Por Jaine Vergopolem
As galerias comerciais de Curitiba têm desempenhado um papel fundamental na dinâmica urbana da cidade. Mais do que apenas centros de comércio, esses espaços funcionam como pontos de conexão social e rotas alternativas, mantendo o espírito das ruas vivas dentro de suas passagens cobertas. Segundo o urbanista Geraldo Pougy, “as galerias unem mais as pessoas. De alguma maneira, elas continuam com o espírito da rua”.
Pougy destaca que as galerias não são apenas locais para compras, mas também funcionam como atalhos dentro da cidade. “Você vê que a gente está aqui – na galeria Lustosa, – conversando e tem pessoas que estão simplesmente atravessando, elas não vieram comprar nada, só usando o atalho. E eu acho isso legal, elas funcionam como um atalho mesmo”, observa o urbanista. Essa característica é essencial para a vitalidade urbana, uma vez que atrai fluxo de pedestres, que podem, eventualmente, interagir com os estabelecimentos comerciais ao longo do caminho.
O impacto econômico das galerias
A decisão de construir galerias é, muitas vezes, uma estratégia calculada pelos empreendedores. Ao invés de utilizar o espaço para garagens ou outras finalidades, eles optam por “doar” parte do espaço para o uso público, criando um ambiente que beneficia tanto a comunidade quanto os lojistas. “Na verdade, você está doando esse pedaço aqui para o público… você poderia estar alugando para alguém, fazendo uma garagem, e você está ‘doando’”, explica Pougy. Ele ressalta que essa escolha pode ser vantajosa, pois “é uma forma de você atrair e viabilizar essas lojas”, diz.
Além disso, as galerias se tornam pontos de referência dentro da cidade, ligando diferentes ruas e criando novas oportunidades de interação urbana. “Esse comércio aqui na frente vive dessas pessoas que usam o atalho. E que muitas vezes passam e compram”, afirma o urbanista, sublinhando a importância do fluxo constante de pessoas que as galerias conseguem atrair.
As galerias como precursoras dos shoppings
Historicamente, as galerias comerciais podem ser vistas como precursoras dos modernos shoppings centers. Pougy explica que essas estruturas cumprem a função de unir pessoas e comércio em um mesmo espaço. “Elas foram as vovós dos shoppings. Então se a gente for pensar, uma galeria, ao mesmo tempo que une a sociedade, ela vai estar trazendo comércio”, reflete.
A tradição das galerias não é exclusiva de Curitiba. Cidades como Milão, com a famosa Galeria Vittorio Emanuele, e o Rio de Janeiro, onde galerias em formato de “U” são comuns, mostram como esses espaços podem se tornar parte vital da experiência urbana. Em Curitiba, exemplos como as Galerias Suíssa, Lustosa e Tijucas seguem essa tradição, oferecendo caminhos alternativos e espaços de convivência que enriquecem o cotidiano da cidade.
O futuro das galerias comerciais
Para que as galerias comerciais continuem a desempenhar seu papel no urbanismo de Curitiba, é fundamental que mantenham certas características arquitetônicas. Pougy sugere que “o bom é que elas tenham pé direito pelo menos duplo, como essa, e sejam razoavelmente largas”. Essas qualidades garantem que as galerias sejam não apenas funcionais, mas também agradáveis e acolhedoras.
As galerias comerciais de Curitiba, portanto, não são apenas um legado do urbanismo, mas também uma parte viva da cidade que continua a conectar pessoas, criar atalhos e enriquecer a experiência urbana. Ao manterem o “espírito da rua” vivo, elas desempenham um papel vital na criação de uma cidade mais acessível e dinâmica.
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