O Ipsos Global Adviser realiza mensalmente um levantamento sobre as maiores preocupações do mundo. A amostra de agosto ouviu 19.508 adultos, de 16 a 74 anos, em 28 países e a inflação foi o tema mais citado (39%). O ranking dos dez assuntos mais mencionados inclui Pobreza e Desigualdade Social (31%), Desemprego (27%), Violência (26%), Corrupção (25%), Saúde (19%), Mudanças Climáticas e Impostos (17%), Coronavírus (16%) e Educação (13%). Na comparação com agosto de 2020, a alta de preços e a questão do clima foram os tópicos que mais cresceram na pesquisa, enquanto a pandemia foi a que mais caiu.
Maiores preocupações do Brasil
A pesquisa faz recortes por país e no Brasil as preocupações são um pouco diferentes da média mundial. A Pobreza e Desigualdade foram apontadas como o mais grave problema nacional em 48% das respostas, o maior índice entre todos os países participantes. A inflação é citada por 32% dos entrevistados. Na lista dos cinco primeiros temas, também aparecem ainda a Violência (33%), Desemprego (32%) e a Corrupção (24%). Apenas 4% dos pesquisados brasileiros citaram a Mudança Climática como uma grande preocupação. O índice é igual ao de outros países sul americanos que estão na pesquisa – Argentina, Chile e Peru – e bem abaixo da Colômbia (12%).
Inverno mais frio
O que estava ruim ficou pior. Os vazamentos detectados nos gasodutos NordStream 1 e 2 devem paralisar o fornecimento de gás da Rússia para a Europa por tempo indeterminado, causando ainda mais incertezas em relação ao aquecimento do bloco durante o inverno. O produto russo abastece cerca de 40% do mercado europeu. A União Europeia considera que os vazamentos nos dois dutos submarinos foram causados por sabotagem.
Retaliação russa
Os vazamentos atingem as duas linhas, mas hoje apenas o gasoduto 1, aberto em 2011, poderia operar plenamente. A linha, contudo, estava movimentando apenas 20% da sua capacidade desde julho e foi paralisado para manutenção no final de agosto. A comunidade europeia acusa o governo russo de restringir o transporte de gás para retaliar os países contrários à invasão da Ucrânia. O gasoduto 2 ficou pronto em 2021, mas não foi homologado pelos europeus.
Banco do hidrogênio
A comunidade europeia está abrindo o Banco Europeu do Hidrogênio para financiar a produção de hidrogênio verde (H2V). A estratégia faz parte de um programa do bloco para substituir a dependência do gás russo. A instituição terá um caixa de 3 bilhões de euros para alavancar a produção e o consumo de 20 milhões de toneladas de H2V até 2030. A previsão é que metade deste volume seja produzido dentro dos países membros e a outra parte seja importada.
H2V flexível
Para evitar que a onda do hidrogênio verde perca força, e também em razão das dificuldades impostas à matriz energética pela guerra da Rússia contra a Ucrânia, o Parlamento Europeu flexibilizou algumas normas de produção do H2V. Caiu a obrigatoriedade de que toda eletricidade renovável utilizada no processo tivesse origem em fontes dedicadas. Agora, a energia pode vir da rede, desde que comprovada que seja de geração limpa.
A saga do hidrogênio
Agência Internacional de Energia avalia que, além do bloco europeu, ao menos 25 países desenvolvem algum projeto para produção de H2V. A estimativa é de que isso possa gerar até 24 milhões de toneladas de hidrogênio verde até 2030. Atualmente, o mundo consome em torno de 94 milhões de toneladas (Mt) de hidrogênio e praticamente toda essa energia sai de fonte fóssil. Até o final desta década, a demanda deve atingir 115 Mt e a previsão é de que um quarto da produção seja de baixa emissão.
Petróleo do Brasil
O assunto do momento é a transição energética, mas a indústria petrolífera não está parada no tempo. No Brasil, as empresas estimam investir US$ 183 bilhões nos próximos dez anos, segundo informou o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo e do Gás (IBP), Roberto Ardenghy, na abertura da feira Rio Oil & Gas 2022. No mesmo evento, o presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, disse que a companhia pretende aplicar US$ 2,8 bilhões em ações para mitigação de emissões de carbono nos próximos cinco anos.
É o S?
O principal foco das empresas que aderem – ou pretendem aderir – às práticas da agenda ESG (Ambiental, Social e Governança) têm sido as questões que envolvem o meio ambiente. No mundo corporativo, a governança já está bem orientada para a sustentabilidade lato senso, que vai além apenas do resultado financeiro do negócio. Agora, a adoção do S começa a ganhar corpo, até pela multiplicidade de iniciativas sociais em que a empresa pode se envolver. No termo social cabe quase tudo.
(Foto: Tingey Injury Law Firm/Unsplash)