A Avon Products, subsidiária da Natura, estima ter dívidas de ao menos US$ 1 bilhão ao pedir proteção judicial nos Estados Unidos, no chamado Chapter 11, processo similar à recuperação judicial brasileira. O passivo máximo é estimado em US$ 10 bilhões, segundo os documentos judiciais do pedido, obtidos pelo Estadão/Broadcast.
Entre os 20 maiores credores listados no documento estão o Deutsche Bank, com dívida de US$ 22 milhões, e fundos de pensão, como a Pension Benefit Guaranty Corporation, com US$ 6 milhões. A Natura, que detém 98,678% da Avon Products, já afirmou ser a maior credora, mas não divulgou seu crédito.
A maior parte da dívida pode ser por litígios judiciais. O pedido voluntário de proteção judicial vem em meio a uma série de processos nos Estados Unidos que acusam o talco usado nos produtos da Avon de causar câncer, seja de consumidores ou de funcionários expostos aos produtos na fabricação.
A rival Johnson & Johnson também enfrentou uma série de litígios, alguns de bilhões de dólares, o que levou a empresa a anunciar o fim da fabricação do talco infantil.
O documento da Avon lista os 22 maiores “casos do talco”. Em um dos casos recentes, um ex-funcionário da empresa em Chicago diz que, ao trabalhar na linha de fabricação do produto, foi exposto ao amianto e desenvolveu um câncer. A indenização do caso foi de US$ 24,4 milhões.
Analistas questionaram a complexidade do caso e se a corte americana não poderia negar o Chapter 11, visto o que ocorreu com a Johnson & Johnson.
O CFO da Natura, Guilherme Castellan, afirmou que o caso não é tão complexo como outros vistos no mercado. Ele disse que é difícil prever prazos e que o processo pode levar alguns meses.
O grupo contratou o Rothschild como assessor financeiro do processo de reestruturação das dívidas.
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