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HojePR

Bate-boca e direitos de resposta marcam debate na Globo

30/09/2022

O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trocaram acusações e brigaram por direitos de resposta no último debate entre os presidenciáveis antes do primeiro turno, realizado pela Globo. 

Os dois, no entanto, não tiveram confronto direto durante as perguntas e respostas. Pode -se dizer que não houve ganhadores desse debate, pouco se discutiu o Brasil e seus problemas.

Outros cincos candidatos participaram do programa: Ciro Gomes (PDT), Luiz Felipe D’Ávila (Novo), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Padre Kelmon (PTB). Com exceção das duas candidatas, as presenças de Luiz Felipe D’Avila e do Padre Kelmon pouco agregaram, sendo que os dois serviram de escada para o presidente Jair Bolsonaro.

Foram mais de três horas de embate, com apresentação de William Bonner. Por diversas vezes, o mediador teve que pedir calma e dar broncas nos candidatos que não respeitaram as regras. No total, foram dez direitos de respostas —Bolsonaro e Lula tiveram quatro, cada um; Kelmon e Soraya, um cada um. No entanto, não houve confronto direto entre os candidatos. E na oportunidade que teve, Bolsonaro evitou discutir diretamente com Lula.

 Lula e Bolsonaro fizeram sucessivos pedidos de resposta por ofensas pessoais, ofuscando os outros cinco candidatos no estúdio. O clima geral foi de nervosismo e tumulto, com participantes se atropelando nas falas.

Lula também foi alvo de Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil), Padre Kelmon (PTB) e Felipe D’Avila (Novo), que mencionaram casos de corrupção na era PT como o mensalão e o petrolão, e a derrocada econômica da gestão Dilma Rousseff (PT).

Bolsonaro também recebeu ataques de Ciro, Tebet e Soraya, mas teve apoio de Padre Kelmon e D’Avila ao longo do debate.

O início do debate foi marcado por troca de acusações entre Lula e Bolsonaro —ambos pediram direitos de resposta. No primeiro bloco, o petista teve direito a quatro revides; o presidente, a dois.

Lula pediu para rebater ataque de Bolsonaro, que o havia chamado de “chefe de uma grande quadrilha” e “cleptocracia”. A organização analisou o pedido e concedeu o direito de resposta.

Na sua declaração, Lula falou que seu principal adversário na corrida eleitoral deveria saber o que “foi a quadrilha da vacina” — em referência ao imunizante Covaxin, que foi alvo de escândalo na pandemia após denúncias feitas na CPI da Covid, no ano passado.

Apesar de provocar o adversário em diversas ocasiões, no terceiro bloco do debate, Bolsonaro preferiu não confrontar diretamente Lula — o candidato à reeleição chamou o candidato do Novo e fez uma pergunta sobre economia.

Bolsonaro fez diversos ataques a Lula para desgastá-lo, mas ao contrário do debate anterior, na Band, Lula revidou os ataques. E inclusive deixou Ciro Gomes nas cordas. O programa começou com um clima tenso. Antes mesmo do duelo de direito de respostas, o clima de nervosismo já havia aparecido quando Ciro chamou Lula para fazer a primeira pergunta do debate. O pedetista —acostumado a embates— gaguejou. O petista respondeu: “Estou achando você nervoso”.

O clima “descontraiu” no confronto direto entre a candidata Soraya do União Brasil e o candidato do PTB — que foi indicado depois que a candidatura de Roberto Jefferson foi indeferida —, Padre Kelmon. Por ser por demais caricato e controverso, Kelmon foi destaque nas redes sociais com memes e repercussão de frases ditas pelos adversários.

Soraya chamou o candidato de “padre de festa junina” e afirmou que ele é cabo eleitoral de Bolsonaro.

Ao longo do debate, Kelmon foi repreendido por Bonner por não seguir as regras.

Na primeira participação de Kelmon, ele repetiu a dobradinha que já havia feito no debate do SBT, no último sábado (24), com o presidente Bolsonaro. O candidato do PTB se dirigiu ao chefe do Executivo com um tom de cabo eleitoral, elogiando ações do governo e falando em um novo mandato bolsonarista.

Ambos, então, não debateram, mas mantiveram uma conversa de amigos que concordam. Eles se revezaram em críticas ao PT e defenderam pautas conservadoras.

Bolsonaro tentou repetir a dobradinha com Simone Tebet — ele fez uma pergunta que serviria como ataque ao ex-presidente. A candidata, no entanto, não aceitou.

Bolsonaro citou o assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André (SP). Mais cedo, o candidato à reeleição havia sido treinado pelo filho, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), que falou sobre esse tema, segundo apurou a colunista do UOL Carla Araújo.

Em resposta, Tebet questionou por que Bolsonaro não questionaria Lula sobre o tema.

No quarto bloco, Bolsonaro teve mais um direito de resposta e aproveitou para fazer propaganda eleitoral do candidato ao governo do Mato Grosso do Sul Capitão Contar (PRTB-MS). O nome apoiado por sua base no estado, no entanto, é de Eduardo Riedel (PSDB). O tucano recebeu apoio da ex-ministra da Agricultura de Bolsonaro, Tereza Cristina.

Em uma de suas declarações, o candidato à reeleição também parabenizou seu ex-ministro Mário Frias — que está em campanha. “Boa sorte como candidato federal por São Paulo”, disse.

O embate na Globo é tratado como decisivo pelas duas campanhas, já que o ex-presidente Lula tem a possibilidade de vencer em primeiro turno, mas não possui margem folgada nas pesquisas — ele alcançou 50% dos votos válidos no Datafolha divulgado nesta quinta.

Enquanto a candidatura do PT avalia como determinante o desempenho do presidenciável para tentar conquistar votos de indecisos na reta final e combater a abstenção, a equipe de Bolsonaro espera que o debate renda algum fôlego ao presidente e desgaste o rival, aumentando a chance de segundo turno.

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