Popular entre os brasileiros, o jogo do bicho foi desbancado pelos sites de aposta online, as chamadas “bets”, de acordo com pesquisa inédita feita pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e obtida com exclusividade pelo Estadão.
Dados de uma pesquisa encomendada pela pasta mostram que entre os tipos de jogos mais utilizados pelos apostadores, as bets aparecem em segundo lugar, atrás apenas de jogos de loteria. Segundo a pesquisa, 71,3% dos jogadores apostam na loteria; 32,1% nas bets; e 28,9% no jogo do bicho. Pela primeira vez, o levantamento reúne informações sobre vício em cigarros eletrônicos, em jogos de apostas e o uso de medicamentos sem prescrição médica.
Operações policiais recentes indicam que grupos de bicheiros têm migrado seus negócios para as bets. Em setembro do ano passado, a Polícia Civil de Pernambuco realizou a “Operação Integration”, que investigou a lavagem de dinheiro do jogo do bicho por meio de sites de bets.
Os dados estão no Levantamento de Álcool e Drogas (Lenad), feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) a pedido da Senad. Pela primeira vez, a pesquisa reúne dados sobre vício em jogos de apostas; uso de cigarros eletrônicos e o uso de medicamentos sem prescrição médica.
Nesta quarta-feira (26), o Ministério da Justiça e Segurança Pública lança o Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (Obid). O organismo será responsável por reunir informações sobre drogas para embasar políticas públicas na área. O vício em jogos entrou no radar da pasta por apresentar características semelhantes ao que ocorre com a dependência química.
A pesquisa levou em consideração uma amostra de 16 mil pessoas com 14 anos ou mais, classificadas como “adolescentes” (14 a 17 anos) e “adultos” (18 ou mais).
De acordo com a pasta, mais de um terço (38,6%) dos apostadores enfrentam algum grau de risco ou transtorno relacionado ao vício em jogo.
A pesquisa indica ainda que os adolescentes são o grupo mais vulnerável quando o assunto é aposta: 55,2% dos apostadores na faixa etária entre 14 e 17 anos estão na zona de risco. Com a inserção das apostas online, chamadas “bets” o cenário ficou ainda mais preocupante.
A pesquisa do MJSP mostra ainda que pessoas com menor renda têm prevalência a fazerem uso de risco ou problemático de jogos de aposta. Segundo os dados, a prevalência desse tipo de uso em indivíduos com renda mensal pessoal inferior a um salário mínimo é de 52,8%. Já entre os que recebem um salário mínimo ou mais, o índice é de 21,1%.
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