O governo brasileiro decidiu permitir a exportação de lítio, que é o principal componente para fabricação de baterias de carros elétricos. Para isso, foi editado o decreto 11.120/22 do Ministério de Minas e Energia (MME). Com a decisão, fica autorizada a comercialização do minério extraído no País sem a necessidade de validação ou aprovação de órgãos de fiscalização. Segundo o comunicado do governo brasileiro, a iniciativa libera o comércio exterior de minerais e minérios de lítio, de produtos à base de lítio e seus derivados sem critérios, restrições, limites ou condicionantes de qualquer natureza, exceto aqueles previstos em lei ou em atos editados pela Câmara de Comércio Exterior (Camex).
Dois lados da notícia
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a resolução vai contribuir para a produção de veículos elétricos no Brasil. O órgão também identificou um potencial de atração de investimentos de R$ 15 bilhões para a extração do mineral até 2030. O Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, concentra a maior parte das reservas nacionais e a empresa canadense Sigma Lithium pretende iniciar suas operações na região até o final deste ano, fornecendo matéria-prima para as principais montadoras do mundo. A liberação para embarques de lítio gerou reclamações da comunidade científica brasileira. O alerta é de que o País tem que processar o material internamente e não se transformar em simples fornecedor de minério.
Bateria revolucionária
A startup americana QuantumScape anunciou o desenvolvimento de uma bateria sólida de metal de lítio que pode receber 80% de recarga em até 15 minutos. Isso significa aumentar no mesmo percentual a autonomia para os veículos que utilizarem a tecnologia. Ainda há dúvidas sobre as condições e o tempo de produção em larga escala. Se confirmadas as informações, a bateria é mais um avanço revolucionário para a indústria de veículos elétricos. A QuantumScape tem a participação acionária da Volkswagen, que já investiu US$ 300 milhões no negócio desde 2018.
Imbróglio verde na União Européia
O Parlamento Europeu decidiu reconhecer como “verde” a produção de energia a partir de gás natural e fusão atômica. A decisão passa a valer a partir de 2023. A medida pode dar novo estímulo a empreendimentos que utilizam estas duas fontes para gerar eletricidade, mas há muitas controvérsias sobre a “sustentabilidade” da iniciativa e a questão será judicializada. Parte dos países do bloco é rigorosamente contra o reconhecimento e a Áustria lidera o grupo de nações que vai recorrer à justiça para vetar a disposição.
Aposta no hidrogênio verde
O presidente da Vestas para a América Latina, Eduardo Ricotta, afirmou em entrevista para o jornal O Globo que o Brasil tem condições ambientais e geográficas para se tornar um hub mundial de exportação de hidrogênio verde. A multinacional dinamarquesa é a maior fabricante de aerogeradores do mundo e detém 50% desta indústria no mercado brasileiro. Segundo o executivo, a Bloomberg estudou 18 países para avaliar o menor custo de hidrogênio verde e o Brasil é o número um da lista, seguido do Chile. “Eu não tenho dúvida que o Brasil vai ser um hub de exportação não só do hidrogênio verde, mas dos componentes”, declarou Ricotta, sustentando que este é o combustível do futuro.
Desafios do ESG na indústria
Um levantamento recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mapeou a adesão de 100 grandes empresas do setor na agenda ESG. A pesquisa apontou que 71% das corporações estão mobilizadas para a adoção de medidas sustentáveis. Mas há percalços no caminho. Dos seis desafios mais indicados pelas empresas que já internalizaram os critérios ESG em sua estratégia e pelas que ainda planejam essa integração, cinco são idênticos: carência de recursos humanos dedicados ao tema; falta de entendimento sobre os critérios e sobre como instituí-los; ausência de termos padronizados; falta de fornecedores e parceiros que cumpram os critérios; e custos elevados para implementação.
Indústria de baixo carbono
A CNI também divulgou um relatório chamado A Economia de Baixo Carbono: Para um Futuro Sustentável. O documento reúne sugestões de políticas públicas voltadas para a sustentabilidade. Entre as recomendações estão a consolidação do mercado de carbono regulado e o fortalecimento da política nacional de biocombustíveis. A indústria cobra incentivos para tornar o consumo energético mais eficiente e a regulamentação do mercado de hidrogênio, além da ampliação de parques eólicos em alto-mar (offshore).
Licença ambiental e G7
Os industriais também querem a revisão das regras de licenciamento ambiental para tornar o processo “mais ágil, previsível e eficiente”. O setor sustenta que o marco regulatório em vigor já tem 40 anos e que existem cerca de 27 mil normas de licenciamento ambiental no Brasil. O emaranhado de regras contribui para a demora das licenças e na avaliação da indústria o Poder Público brasileiro poderia seguir o exemplo dos países que integram o G7, os mais ricos do mundo, que já implementaram procedimentos simplificados.
Maringá e a sustentabilidade
A Prefeitura de Maringá atualizou uma cartilha lançada em janeiro deste ano e que identifica ações da administração municipal que atendem aos critérios ESG. São 35 projetos listados, sendo dez relacionados à preservação do meio ambiente, 12 que abrangem aspectos sociais e 13 de governança. A iniciativa da publicação é incorporar práticas sustentáveis à estratégia de gestão e ao modelo administrativo do município. Um dos resultados esperados é facilitar o acesso a recursos que financiam práticas de sustentabilidade.
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