O cientista político e professor da UFPR, Emerson Cervi, fez um interessante levantamento, que mostra que houve uma queda no números de filiados em partidos, comparando 2018 com 2022. Também apontou que alguns partidos pequenos e médios ganharam filiados, alguns motivados por ideias conservadoras ou por estarem ligados a grupos religiosos.
Ele fez uma thread em seu twitter, a qual descreve esse processo e mostra que a redução de filiados foi significativa entre os partidos de esquerda. Segue abaixo as explicações feitas pelo cientista Emerson Cervi, cujo twitter pode ser seguido pelo @Ecervi.
Fui no site do TSE e coletei os dados de filiados em maio de 2022, depois do encerramento do prazo para quem pretende se candidatar em 2022. Caiu número de filiados em relação a 2018 e as notícias para os partidos grandes, em geral, não são boas.
Em 2022, o Brasil tem 16,1 milhões de filiados a partidos políticos. Isso representa cerca de 11% do total de eleitores. Em 2018 eram 16,7 milhões. Nos últimos quatro anos houve uma queda de quase 630 mil filiados.
Há dois processos acontecendo ao mesmo tempo. Ambos levam a alguma dificuldade para a política tradicional. i) há uma redução geral no número de filiados, indicando afastamento entre sociedade e partidos políticos e, além disso, há um processo de distribuição de filiados, com transferência da relevância de partidos grandes para partidos médios e pequenos. Partidos de direita e ligados a movimentos religiosos têm saldo positivo de filiados.
Partidos de esquerda têm saldo negativo nos últimos quatro anos. O partido com maior número de filiados continua sendo o MDB, com 2,1 milhões, representando 13,2% do total. Em seguida vem o PT, com 1,6 milhão (10,1%).
Apenas sete partidos têm mais que um milhão de filiados cada um. Apesar de existirem 34 partidos políticos com filiados registrados em 2022 no TSE, 75% do total de filiados encontra-se nos onze maiores partidos. Ou seja, 3 em cada 4 filiados estão entre o MDB e o Cidadania.
A maior parte dos grandes partidos perdeu filiados, enquanto os pequenos e médios tenderam a apresentar crescimento. Indica movimento de desconcentração. As maiores diferenças negativas entre 2018 e 2022 ficaram com o MDB (-260 mil) e União (-251 mil em relação a DEM+PSL).
Depois, na casa de menos 100 mil filiados em relação a 2018 encontram-se o PSDB, PP, PDT e PTB. O partido que apresentou o maior crescimento de filiados foi o Patriotas (+250 mil). Mais de 3/4 dos atuais filiados ao partido, filiaram-se nos últimos quatro anos.
Depois vem o Republicanos (+100 mil), PSOL (+72 mil) e o PT (+42 mil). No geral: Partido grande tendeu a perder filiados (exceto PT e Republicanos). – Partido pequeno tendeu a ganhar filiados (exceto PSC, PCdoB e PV).
Partidos de centro/direita q mais ganharam: Patriotas, Republicanos e PSD. – Partidos de centro/direita q mais perderam: MDB, PSDB, PP, União, PTB. – Partidos de centro/esquerda q mais ganharam: PT e PSOL. – Partidos de centro/esquerda q mais perderam: PDT, PSB, PCdoB, PV.
Por fim, o PL, partido a que o presidente se filiou para disputar as eleições de 2022, manteve-se na mesma posição de filiações em relação a 2018, ainda que tenha perdido quase 27 mil filiados no período.
