Faltam pouco dias para 2023 acabar. O ano passou rápido, talvez seja a sensação pós pandemia, onde a necessidade do confinamento se transformou em desejo de fazer todas as coisas que não conseguimos nos últimos anos. Vamos celebrar a vida, a família, os amigos e festejar muito. O Natal e Ano Novo são dias de muita comilança e exageros. Comida demais deixa a gente cheio e com peso na consciência.
Semana passada na coluna sobre a Black Friday dei a dica sobre um vinho de sobremesa francês o Sauternes. Um leitor pediu para falar mais sobre as características do vinho. Então esta semana resolvi lembrar das bebidas para as festas e começar de trás para frente. Os vinhos de sobremesa e os digestivos me apetecem muito. Sempre tenho uma garrafa guardada em casa para um evento ou mesmo no dia-a-dia, principalmente depois do jantar. Troco o café expresso por um digestivo sem problema algum, aliás eu prefiro.
Os meus preferidos são os portugueses Vinho do Porto e a Amarguinha. O vinho do Porto todo mundo conhece, carece de explicações mais detalhadas. Se você tiver a oportunidade de vir a Portugal e visitar o Porto, existe na cidade de Vila Nova de Gaia, na margem esquerda (sentido Oceano Atlântico) do Rio Douro, um complexo em homenagem ao vinho, com museu, bares, restaurantes e também lojinhas. Você pode fazer degustações de todos os tipos. Vale o passeio e passar no mínimo uma tarde inteira por ali.
Rio Vez em Condeixa-a-Nova, onde existe uma produção do licor Amarguinha
Mas a Amarguinha é hoje a minha queridinha. É uma bebida à base da amêndoa amarga, tradicional da região do Algarve mas que ganhou todo o território português. Até hoje o método de produção é o mesmo do passado, fazer a prensa à frio da amêndoa e depois ir acrescentando açúcar e álcool até chegar no ponto certo. O gosto da amêndoa e do açúcar se sobressaem ao colocar na boca, tem 20% de teor alcoólico, o que lhe garante um final de refeição bastante divertido. Você deve tomar a Amarguinha gelada, ou com uma pedra de gelo, e se preferir com gotas de limão ou uma rodela. Fica ótimo. Em Curitiba um restaurante que costuma ter a Amarguinha no seu cardápio é o Ibérico na Água Verde.
O fruto da amêndoa
Atendendo ao pedido de um leitor, vou falar mais sobre o Sauternes. A garrafa da semana passada era de apenas 375 ml e estava custando R$ 149 na promoção, porque o seu preço normal é de R$ 220,00. Você pode estar achando caro, mas existe uma explicação. Este tipo de vinho só é produzido na região de Sauternes, (próximo a Bordéux) e a colheita acontece após o mês de setembro porque é nessa época que um fungo microscópio, o Botrutis Cinerea, ataca a planta fazendo com que a água que está na baga evapore e sobre o açúcar em maior quantidade. É mais ou menos o processo dos vinhos de colheita tardia, que você pode encontrar bem mais barato que este vinho francês, que na Europa os mais famosos variam entre 500 a 1000 euros a garrafa dependendo da safra.
Os cientistas, provavelmente aqueles que não bebem, só tomam refrigerante, dizem que não existe comprovação científica entre os vinhos de sobremesa, licorosos e digestivos, com o processo de digestão de alimentos no organismo. Nossos avós e bisavós achavam o contrário e foi deles que herdamos esse hábito. Por isso quem sabe na ceia de Natal deste ano você reserva uma ou duas garrafas para compartilhar com a turma. Salut.
Dicas da semana
1 – Licor Amarguinha, produzido pela vinícola Companhia das Quintas. No site da da Winebrasil por R$ 220,00
2 – Clos Haut Peyraguey Premier Grand Cru Clasê Sauternes, safra 2016. 14% de teor alcoólico. No site da importadora Sonoma por R$ 369,00
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