Esta foi uma semana muito curta. Dois dias de feriado. Uma maravilha para quem estava precisando de uma folga especial. Muita gente foi para a praia, viajou por aí, atrás de descanso ou de baladas. A vida é feita de oportunidades, de alegrias e diversão. Mas algumas vezes de tristeza também, por isso é bom aproveitar cada momento ao lado da família e dos amigos. Para os amigos que ficaram em casa aproveitando o clima fechado e a chuva, um bom vinho tinto foi o companheiro ideal. Mas quem foi para praia? O que fazer se não deseja tomar cerveja ou caipirinha?
Praia, sol, rio, tudo que tem calor e pouca roupa combina com vinho branco, espumante ou champagne. Vinho tinto não casa bem com calor, nem mesmo um pinot noir. Conheço um pessoal que costuma se trancar na sala, coloca o ar condicionado na temperatura mínima, tipo 16 ou 17 graus, e manda ver num bom tinto. Se for desse jeito, na hora do jantar, quando o sol já foi embora, até que dá certo. Mas como eu sempre falo, vinho é paladar, cada um tem o seu, e se você gosta mesmo de tinto não se sinta preso às convenções do mundo do vinho e aproveite o momento.
Alguns amigos foram para a Bahia neste feriado e pediram algumas dicas de vinhos. Queriam comer muqueca e acarajé e queriam experimentar vinhos que não competissem com a comida. Devo confessar que foi um desafio grande. Passei a tomar vinhos brancos com mais frequência depois de viver algum tempo na Europa. Para eles, principalmente em Portugal, no verão se toma vinho branco, vinho rose e muita sangria, e no inverno se tomam os tintos. Simples e direto, sem rodeios. A gente precisa ter essa mesma simplicidade, já que em Portugal eles tomam 52 litros per capta/ano e nos no Brasil ainda não chegamos nos 3 litros per capta/ano.
Primeira dica que eu dei é: levem alguns vinhos na mala, porque a gente nunca sabe se no lugar onde a gente vai estar tem vinhos disponíveis como nos grandes centros. A logística na praia sempre é mais complexa e difícil. A segunda dica é: pesquise o lugar onde você vai ficar hospedado, quem sabe você descobre um bom fornecedor. No caso desses meus amigos eles foram passar o feriado na bela e famosa praia de Trancoso (foto). Como a logística naquele lugar é difícil, ela acaba se refletindo no preço final ao consumidor. Se você está acostumado a pagar um vinho tipo 50 reais numa loja de Curitiba, ele vai custar por lá uns tais 150 reais e não adianta chorar. Se não quiser pagar, beba água.
Na pesquisa que fiz para estes amigos descobri que em Trancoso tem uma loja da Grand Cru no tal “Quadrado”, onde ficam as lojas e os restaurantes badalados, e onde os famosos costumam circular quando saem dos seus resorts e condomínios de luxo. Por ser uma franquia e ser obrigada a seguir regras, a loja da Grand Cru de Trancoso tem que praticar os mesmos preços das lojas do resto do país. Talvez não seja tão bom assim para o dono da loja, mas para quem vai comprar vinho lá é uma ótima solução.
Corri até a loja de Curitiba, vi umas duas possibilidades para eles tomarem saboreando um acarajé. Um branco português da Quinta do Vallado, o Quadrifolia, e o espanhol Domínio Vega Linde. O português eu já conhecia e não precisei tomar novamente, já o espanhol era novidade e não resisti. Eles tinham na geladeira, estava gelado e abri. É daqueles vinhos que não comprometem, bem leve, fácil de tomar. Uma coloração amarelo palha suave, com aromas de frutas tropicais e bastante mineral na boca. Na praia vai fazer sucesso. Espero o retorno do feriado para saber se deu certo.
Português da Quinta do Vallado
Já falei desse vinho mas vou repetir, porque ele é bom, tem um bom preço, e faz sucesso quando é servido. Até hoje ninguém fez cara feia. O branco Quinta dos Carneiros é produzido em Alenquer, próximo á Lisboa. Perfeito para acompanhar frutos do mar, tem uma cor amarelo palha que se destaca na taça, com aromas de pêssego e frutas maduras, e na boca é leve mas persistente. Esse é o vinho que eu levaria na mala para Trancoso sem a menor sombra de dúvida.
Dicas da semana
1 – Vinho branco Domínio Vega Linde. Safra 2021. Produzido na região de Navarra, Espanha. 100% uva Chardonnay. 13.5% de teor alcoólico. Nas lojas da Grand Cru por R$ 77,90
Um chardonnay de Navarra, Espanha
2 – Vinho branco Quinta dos Carneiros. Safra 2019. Produzido na região de Alenquer, próximo a Lisboa, Portugal. 100% uva Arinto. 12% de teor alcoólico. No site de Winebrand por R$ 120,00
Vinho da Quinta do Carneiro, para levar na mala para a praia
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