A Páscoa, que veio junto com o Outono, não deixou o calor ir embora. A temperatura quente do final de semana passado fez confusão na cabeça da turma. Já era para estar um friozinho gostoso e poder abrir um tinto, mas o calor fez dos brancos os vinhos mais tomados nas mesas. O chocolate e os doces também foram destaque, e os vinhos fortificados, o Porto, e os destilados, a Grapa, por exemplo, ganharam mais espaço. Pelo menos aqui em casa foi assim.
Falta três semanas para o evento da Vini Portugal em Curitiba. O encontro está marcado para acontecer no dia 24 de abril no Palácio Garibaldi. Aqui na capital serão 30 produtores portugueses que irão mostrar os seus vinhos. O evento será dividido em três partes. A primeira, marcada para as 15h, começa com um seminário para os profissionais da área. A segunda parte, das 16h até as 19h, é dirigida para atacadistas, supermercadistas, lojas especializadas e restaurantes. E das 19h até as 21h é para o público em geral. Minha sugestão é: façam um detox dias antes e se preparem. Vocês vão conhecer muito vinho novo, muito vinho com excelente custo benefício, e também muito vinho top que você nunca tinha ouvido falar. Portugal tem hoje o maior consumo per-capta de vinho do planeta, 62 litros por ano. É sem dúvida alguma o país que produz excelentes vinhos com bons preços e tem um turismo muito grande exclusivamente voltado para o setor. A nossa missão enquanto paranaenses é fazer deste evento um sucesso, para que ele possa retornar para cá em 2025 com os mesmos 80 produtores que estarão nos eventos do Rio e São Paulo.
Antes da Páscoa fez uns dois dias com uma temperatura um pouco mais baixa e já foi possível tomar um vinho tinto sem errar. Como eu havia prometido, vou dar duas dicas de vinhos tintos para temporada de frio, que talvez apareça por aqui. Em homenagem aos portugueses, tomei um tinto de um brasileiro que se aventurou a produzir na Terrinha. Rego é produzido pela Adega Cooperativa de Figueira de Castelo Rodrigo, da região da Beira Interior, e tem hoje 154 produtores associados. Já havia tomado o vinho branco nas festas de Natal e gostado muito. Rego é um vinho que passa 6 meses em barricas de carvalho, é bastante adocicado, com aromas de cassis e framboesa; na boca a baunilha do carvalho se sobressai; os taninos são leves, mas persistentes. Na loja da Cooperativa, em Portugal, ele já está na casa dos 20 euros, mas por aqui ele está no preço antigo. Vale o investimento.
Eu gosto muito da uva Malbec. Foi através dela que fui me aperfeiçoando no mundo do vinho. Por quase 4 anos fui no mínimo uma vez por mês para Foz do Iguaçu e depois morei por um ano na cidade. Minha adega era praticamente 100% da Argentina. Nestes dias um pouco mais frios eu aproveitei e tomei um Escorihuela Gascon, Pequeñas Producciones. Pensa num vinho que estava ótimo. Ficou esquecido alí na adega por uns belos 2 anos. As uvas são colhidas em 4 vinhedos de regiões diferentes de Mendoza. Passa por 10 meses em barricas de carvalho francês. Na taça ele parece um licor, de tão denso; os aromas são de frutas vermelhas maduras; um pouco defumado e com bastante especiarias. Na boca possui taninos jovens, frutados e persistentes. Quando puder, vou comprar outras garrafas.
Dicas da semana
1 – vinho tinto Escorihuela Gascon, Pequeñas Producciones. Safra 2017. 100% Malbec. 13,7% de teor alcoólico. Na loja da Gran Cru por R$ 349,90;
2 – vinho tinto Rego, DOC Beira Interior. Safra 2019. 100% Touriga Nacional. 13% de teor alcoólico. Nos sites especializados por R$ 111,00.
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