O feriado prolongado da semana passada foi um tormento para a grande maioria por conta da guerra contra Israel. O mundo passa por um momento complexo, triste, pouco inspirador. A intolerância ganha espaço na vida das pessoas, ao invés do amor e o respeito ao próximo.
Eu aproveitei a folga prolongada para fazer um levantamento na minha adega, dar uma olhada no estoque, ver o que eu tinha comprado e guardado, analisar os vinhos e pensar nas próximas compras. O verão está chegando e os vinhos brancos e rosés pedem passagem. Ao tentar abrir espaço na adega encontrei dois tintos que estavam guardados numa caixa de madeira, meio que perdidos, esquecidos no tempo. Foram dois achados maravilhosos. Tipo quando você vai arrumar as roupas no armário e encontra no bolso um dinheiro que estava ali perdido.
Marques do Riscal
O primeiro que encontrei e tomei foi o Herederos del Marques de Riscal, Reserva, um Rioja DOC. A história dessa vinícola começou em 1858. Nos últimos três anos ela esteve entre as melhores vinícolas do mundo, este ano foi a segunda colocada. O complexo do Marques de Riscal é de cair o queixo. Existe em um prédio projetado pelo arquiteto Frank Gehry, onde fica um hotel e um restaurante estrela Michelin. Ela produz vinhos orgânicos, que respeitam o solo e a natureza. O que eu tomei é um blend das uvas Tempranillo (90%) e Graciano (10%), colhidas de um vinhedo com mais de 15 anos de idade. Tem uma cor violeta profunda, um aroma de frutas maduras e que lembra vinagre balsâmico, e na boca seus taninos são suaves e persistentes. Passa 24 meses em barricas de carvalho americano e dois anos em garrafa antes de ser colocado no mercado. Estava perfeito, sem nenhum reparo.
O segundo vinho foi um achado ainda mais interessante. Conheci a Quinta do Sobreiró de Cima durante a Feira Essência dos Vinhos realizada no Palácio da Bolsa no Porto, em Portugal. Depois de 3 dias de muitas provas eu fui dar a última passada pelos estandes e me deparei com esse exemplar Passum Optimus safra 2020. Esse é um vinho feito no modo tradicional, colheita manual, as uvas amassadas pelos pés dos operários da vinícola, sem filtros. A fermentação é feita com o mínimo de intervenção, com leveduras nativas e sem controle de temperatura. O resultado é um vinho denso, com incríveis 18% de teor alcóolico. Isso mesmo, 18%, é praticamente o Amarone de Portugal. O problema é que não se encontra esse vinho no Brasil, e é muito difícil de achá-lo em lojas de Portugal. Você precisa contar com a sorte e no dia que visitar a vinícola, que fica em Trás dos Montes e é comandada por Natacha Teixeira, encontrar uma garrafa perdida, já que não são todos os anos que são produzidos. Valeu cada gota deste vinho, mesmo sendo um pouco adocicado para os padrões dos vinhos tintos. Alguns importadores independentes trazem outros vinhos da Quinta do Sobreiró de Cima para o Brasil, você pode encontrar com alguma pesquisa pela internet como a que eu encontrei e segue abaixo na dica para vocês.
Dicas da semana
1 – vinho tinto Herederos de Marqués de Riscal, Reserva, Rioja DOC, Safra 2018. 14% de teor alcoólico. Na Ápice Wine por R$ 279,00 a garrafa;
2 – vinho tinto Quinta do Sobreiró de Cima, Reserva, Safra 2017. 13.5% de teor alcoólico. Passa 12 meses em barricas de carvalho. Na D’Azevedo Vinhos por R$ 199,00 a garrafa.
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