Sou um luso-brasileiro de alma e sangue. Minha família migrou para o Brasil no século passado fugindo da fome pós Primeira Guerra Mundial. Portugal era o país mais atrasado da Europa, e a região onde viviam uma das mais pobres do país. Não existia outra atividade econômica senão a agricultura de subsistência, plantar pra comer, não havia para quem vender o excedente. A opção era migrar e o Brasil sempre foi, e continuará sendo, uma terra de oportunidades.
Desde 2010 visito Portugal pelo menos duas vezes por ano. E com o passar do tempo, e meu interesse pelo mundo do vinho, descobri que os vinhos portugueses são fantásticos, não devem quase nada para os vinhos da França, Espanha, Alemanha ou outros países. Em Portugal também existem vinhos de alta gama, como o Barca Velha, por exemplo. É claro que o país ainda está longe dos seus vizinhos, principalmente no marketing, e vai precisar de muito trabalho para se colocar no mercado. Os americanos estão descobrindo os vinhos de Portugal e em termos de custo benefício, os vinhos portugueses são os melhores.
Desde o início dessa semana estou em Portugal para participar de um evento chamado WINE TRAVEL WEEK. Uma semana inteira de degustações, visitas técnicas, jantares harmonizados, palestras e muitos negócios. O objetivo deste encontro é promover o vinho português para o mundo. É uma experiência única que conta com o apoio do Governo de Portugal através de uma empresa chamada Vinhos de Portugal, que é custeada em parte com dinheiro público e em parte com dinheiro dos produtores.
O resultado desse encontro é que nas próximas semanas que vou dar muitas dicas de vinhos portugueses, muitos vinhos que ainda não estão no mercado brasileiro, mas que podem ser comprados on-line e entregues no Brasil graças a acordos comerciais entre os dois países, e outros que já encontramos no mercado nacional mas que são pouco conhecidos. A pergunta é: em 2026 alguém quer vir junto?
Vamos começar com um tinto maravilhoso e com um ótimo preço aqui em Portugal. Um vinho da região de Setúbal, próximo a Lisboa, o Grande Reserva Adega dos Pegões. Um vinho feito a partir de quatro uvas: 35% de Syrah, 30% de Touriga Nacional, 15% de Alicante Bouschet e 20% Aragonez, e que passa 12 meses em barricas de carvalho francês e outros 24 meses em garrafa antes de ser colocado à venda. Na taça ele tem uma cor vermelho granada ou vermelho sangue, com aromas de frutas maduras e especiarias, e na boca os taninos potentes permitem um final longo e agradável.
Uma das uvas brancas que eu mais gosto é a Alvarinho, e não poderia deixar de começar a temporada com esta que é super dinâmica e fácil de apreciar. Optei pelo vinho verde da Quinta do Regueiro na região de Monção e Melgaço: Secreto. Um vinho monocasta que na taça tem uma cor palha quase transparente, aromas de frutas tropicais, muita manga, e na boca ele tem bastante corpo. Combinou perfeitamente com a sopa de frutos do mar e o Camarão Tigre grelhado.
Dicas da semana
1 – vinho branco Secreto – Maceração Pelicular. Safra 2023. 100% uva alvarinho. 13% de teor alcoólico. Nas lojas on-line de Portugal entre Euro $ 14,00 e $ 11,00.
2 – vinho tinto Grande Reserva Adega dos Pegões. Safra 2021. Blend de uvas. 14.5% de teor alcoólico. Em Portugal no mercado Pingo Doce sai Euro $ 14,99.
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