HojePR

BRUNO-CABECA-COLUNA

O que podemos extrair do resultado da eleição de 6 de outubro

09/10/2024

Muitas informações importantes podem ser extraídas deste 6 de outubro de 2024.

Primeira informação importante: esta eleição não motivou o eleitor curitibano, que se manteve desinformado e desinteressado durante todo período, desde a pré-campanha e até os últimos 10 dias antes da data de votação.

A frieza e o distanciamento dos eleitores da capital, em relação as eleições de 2024, foram medida pelas pesquisas quantitativas que apontavam mais de 50% dos eleitores indecisos até a última semana, e pelas pesquisas qualitativas, onde os entrevistados tinham a oportunidade de explicar, mais detalhadamente, sua indefinição e expressar sua decepção.

A frase que mais ouvíamos nos grupos de pesquisa qualitativa se repetiu até quase o fim da campanha: “são sempre os mesmos, prometendo sempre as mesmas coisas que não fazem depois.”

Um outro fator que já vinha se formando nas últimas eleições, e agora ficou visível numericamente, foi a redução significativa na importância que os eleitores deram ao Horário Eleitoral Gratuito na TV aberta para buscar informações sobre os candidatos e tomar sua decisão.

Até agora, o foco de todos os candidatos e partidos que disputavam uma eleição majoritária, ou seja, para o cargo de prefeito, governador ou presidente, era investir em equipes de marketing, produção e imagens para ter um bom desempenho durante as campanhas transmitidas dentro do Horário Gratuito da TV e nos debates ao vivo. Parece que vão precisar repensar suas estratégias.

A diminuição do impacto da propaganda na TV também é resultado de uma mudança de hábito no consumo de televisão, em que muitas famílias estão migrando para as TVs por assinatura e pacotes de Internet, que trazem muitas outras opções.

O que observamos aqui se repetiu pela maioria dos municípios onde não havia um confronto acirrado e declarado desde antes da campanha oficial. Mesmo assim, a importância de cada capítulo destes embates só ocorria quando a mídia (TV, rádios, internet…) trazia para o dia a dia da população através dos seus noticiários regulares.

O destaque principal foi a nacionalização da eleição do Município de São Paulo. Em Curitiba e em muitas outras cidades os eleitores estavam mais informados sobre a eleição de São Paulo do que da sua cidade.

Tudo isso acabou dando à Internet e às redes sociais uma importância muito maior na formação da opinião da população e consequentemente do eleitor.

Enquanto os principais candidatos e suas equipes ficavam disputando tempo de exposição na TV e a paternidade de algumas propostas que se tornaram semelhantes entre todos, uma grande parte do eleitorado navegava pelas ondas da Internet para buscar as informações sobre tudo que desejava.

Este grande número de eleitores é formado por pessoa de todas as idades com engajamento nas redes sociais, porém em sua grande maioria de jovens com menos de 35 anos. Durante as pesquisas eles explicavam a sua preferência por este canal em função da grande quantidade de fontes e pela profusão de opiniões postadas por pessoas com quem se identificavam. Esta percepção nem sempre verdadeira, passa a sensação de um debate “qualificado”.

O grande volume de informações, a frequência de atualização com novas informações a cada minuto e a quantidade de opiniões diferentes, levou muitos a esperar até os últimos dias para tomar sua decisão.

Estes fatores dificultaram a vida dos institutos de pesquisa e dos analistas políticos, produzindo grandes mudanças nos últimos dias e a ocorrência de viradas inesperadas no final da votação.

Os candidatos que souberam usar melhor a internet e sua linguagem conseguiram resultados significativos.

Em Curitiba, a candidata Cristina Graelm conseguiu compensar a falta de espaço na TV com uma atuação intensa na Internet. Nos últimos 10 dias da campanha o engajamento dos eleitores foi tão intenso que provocou uma onda que nem as pesquisas de véspera conseguiram detectar. O movimento foi tão intenso que o número de eleitores decidindo pela sua candidatura continuou crescendo até as 17h do dia da eleição. Nenhuma projeção apontou que ela chegaria no segundo turno empatada com o Eduardo Pimentel, que liderou as pesquisas com folga durante toda campanha.

Amanhã continuaremos a trazer mais detalhes sobre a análise deste processo eleitoral, já que em algumas cidades, como Curitiba, a eleição ainda não terminou e terá mais um capítulo com o segundo turno.

Leia outras colunas do Bruno Lopes aqui.

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *