O impacto da guerra na arquitetura é profundo e devastador, tendo como consequência a alteração do cenário urbano e inúmeras implicações sociais e culturais afetando diretamente a identidade de um povo.
Tanto Israel quanto Gaza, têm vivenciado a destruição de edifícios e infraestruturas devido aos conflitos em curso na região. A situação é complexa e a arquitetura nessas áreas reflete os desafios enfrentados de diferentes maneiras.
Entendido isso, listo o que chamo de monumentos e sítios notáveis históricos que foram afetados pelos conflitos entre Israel e Gaza até então.
Rodeada por muros antigos, a Cidade Antiga em Israel, é uma área rica em arquitetura e o lar de lugares sagrados, Patrimônio Mundial da UNESCO, como o Muro das Lamentações, o Santuário islâmico Domo da Rocha e a Basílica do Santo Sepulcro, que data do século 4. Lojas e mercados vendendo mantas de oração, rosários e cerâmicas enchem as ruelas movimentadas, enquanto barracas de comida servem falafel, pita e suco fresco. Em uma fortaleza medieval, o museu Torre de Davi.
Israel também é o lar de muitos sítios arqueológicos que testemunham sua longa história, incluindo Masada, Cesareia e Bet She’n.
Bet She’na
Dentre as inúmeras sinagogas históricas, algumas das quais foram danificadas durante conflitos passados, um exemplo notável é a Sinagoga Hurva, em Jerusalém, que foi reconstruída após ter sido destruída várias vezes.
Sinagoga Hurva
Logo, a Cidade de Gaza é uma das mais velhas do mundo, possui uma herança arquitetônica islâmica rica, com muralhas e portões antigos que remontam a diferentes períodos históricos. Já foi ocupada por Napoleão e tem uma das igrejas mais antigas do mundo. O local também é mencionado na Bíblia, que diz que teria sido na Cidade de Gaza que Sansão derrubou o templo dos filisteus.
Em 1996, foi descoberta uma igreja bizantina de mais de 1,5 mil anos. Ela possui mosaicos adornados com belas imagens de palmeiras, leões, gazelas, vacas e cavalos.
Igreja Bizantina
A Grande Mesquita de Gaza, também conhecida como Omari, é a mais antiga mesquita em uso de Gaza, e um poço enorme de história. A primeira encarnação do edifício foi uma igreja bizantina do século 5º d.C. Depois disso, foi transformada em mesquita, conquistada pelos cruzados e reconvertida em igreja, retomada pelos árabes, destruída pelos mongóis, reconstruída pelos otomanos e bombardeada pelos britânicos na Primeira Guerra Mundial.
A Grande Mesquita de Gaza
Esses sítios, leia-se monumentos históricos, são importantes não apenas para Israel e Gaza, mas também para a compreensão da história.
Quando edifícios históricos são destruídos, uma parte valiosa da história e cultura de uma comunidade é irremediavelmente perdida.
É essencial reconhecer que a arquitetura não é apenas uma manifestação estética, mas também um reflexo da identidade, cultura e valores de uma sociedade. Ao preservá-la, podemos contribuir para um mundo onde a destruição causada pela guerra seja substituída pela construção de sociedades pacíficas e inclusivas com uma arquitetura que inspire um futuro seguro e unificado para que as futuras gerações possam se conectar com o passado e compreender as raízes de sua identidade cultural.
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