Caros amigos, espero encontrá-los bem. Final de ano já chegou e isso me fez pensar no tema de hoje. A dinâmica intensa e a alta competitividade do mundo corporativo não é novidade para ninguém, não é mesmo? Ocorre, que nessa robusta trajetória com o Grupo Sagacy, enfrentando os leões de cada dia dentro das empresas, eu consegui perceber uma situação muito comum entre elas. Final de ano, momento de planejamento para o próximo, entretanto, grande parte não “planeja” e a consequência é que a falta do planejamento acaba sendo um grande deflagrador dentro do clima organizacional.
O planejamento estratégico não é apenas uma necessidade operacional, mas um fator fundamental para a saúde organizacional e mental dos colaboradores. No entanto, é cada vez mais comum encontrarmos empresas onde a falta de uma gestão estratégica sólida, de processos bem definidos e de metas claras, tem gerado impacto direto na saúde mental, especialmente entre os profissionais de média gestão.
A média gestão, que frequentemente serve de elo entre as direções executivas e os colaboradores da linha de frente, é uma das áreas mais afetadas por essa ausência de planejamento. Quando os gestores não têm uma visão clara de como suas funções se alinham com os objetivos maiores da empresa, ou quando enfrentam a pressão de entregar resultados sem um norte bem definido, surgem sentimentos de frustração, ansiedade e desmotivação. Esses sintomas são consequências diretas de um ambiente de trabalho sem direção estratégica.
Sem um planejamento estratégico que norteie as ações e defina processos claros, os gestores de médio escalão se veem frequentemente no papel de “apagadores de incêndio”. A falta de metas claras leva a uma constante sensação de estar perdido em meio a atividades urgentes, sem conseguir avançar em projetos mais significativos e alinhados com os objetivos de longo prazo da empresa. Esse é um fator que sempre levantamos em nossas capacitações de liderança pelo Brasil a fora. Não importa a região, essa é uma “reclamação” constante.
Esse cenário cria um ciclo vicioso de frustração. O gestor sente que, mesmo se esforçando, não consegue entregar resultados concretos e de impacto, o que afeta diretamente sua motivação e autoestima. Quando não há um Balanced Scorecard (BSC) bem estruturado – que é uma ferramenta fundamental para medir e monitorar o desempenho organizacional –, os líderes não conseguem avaliar com precisão seus progressos ou ajustes necessários, o que gera uma sensação de impotência. Como já abordado anteriormente, assim como o ego inflado é nocivo, a frustração é igualmente danosa para a saúde empresarial.
Além disso, sem uma visão estratégica bem definida, a média gestão se vê frequentemente sem um referencial claro sobre como alinhar os esforços de sua equipe com os objetivos da empresa. A falta de comunicação entre os níveis hierárquicos superiores e a base operacional também contribui para essa desconexão, ampliando a sensação de desamparo. Esse ambiente nebuloso afeta diretamente a saúde mental, provocando desde o estresse até o burnout (uma das doenças ocupacionais que mais tem sido detectada no ambiente corporativo).
Óbvio que os gestores possuem uma parcela significativa da responsabilidade dos problemas de gestão, entretanto, a frustração de não ter um plano claro para orientar suas ações diárias pode se manifestar de várias maneiras. Entre os sintomas mais comuns estão a ansiedade, a fadiga, a insônia e a perda de motivação. A sensação de estar sempre em um “estado de emergência”, sem conseguir respirar ou avançar com clareza, é um fator significativo para o esgotamento emocional. A constante pressão para entregar resultados sem a devida estrutura ou visão de futuro leva a uma desconexão entre o trabalho e o sentido que ele deveria proporcionar.
Sem um bom planejamento a gestão fica vulnerável, dando grande margem para conflitos, falhas, atrasos e deterioração do ambiente de trabalho. A pressão por resultados rápidos e muitas vezes desproporcionais à capacidade real da equipe de alcançar os objetivos, gera um ambiente de estresse crônico. A média gestão, sendo um elo crucial da organização, é diretamente afetada pela falta de clareza estratégica, pois carrega a responsabilidade de transformar diretrizes vagas em ações concretas.
Recomendo uma atenção especial para ações que norteiam um pensamento mais estratégico nas decisões da empresa. É fundamental que as organizações invistam na criação de uma cultura organizacional baseada em objetivos claros e metas mensuráveis, utilizando ferramentas como o BSC ou mesmo o mapa estratégico, para garantir o alinhamento entre todos os níveis hierárquicos.
A média gestão precisa sentir que sua atuação é parte de um movimento maior, com diretrizes e objetivos claros a serem atingidos. Quando esse sentido de pertencimento e clareza estratégica é garantido, a motivação tende a aumentar, os resultados se tornam mais tangíveis e, consequentemente, a saúde mental desses profissionais se fortalece.
Não é novidade que a saúde mental vem ganhando espaço em nossa sociedade e nossas legislações e Normas Regulamentadoras estão apertando o cerco sobre o tema. Desenvolver e manter uma gestão mais estratégica não é apenas uma questão de performance financeira ou operacional, mas também um requisito indispensável na qualidade e bem estar de toda equipe.
Por isso fica a seguinte pergunta: o planejamento da sua empresa abrange estratégias e direcionamentos para a saúde mental e emocional do seu capital humano? Pense sobre isso…
Forte abraço e até a nossa próxima matéria.
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