E vamos para mais um dia de bate papo com vocês, meus queridos leitores. Como é bom quando chega esse momento de trocar conhecimento sobre nosso tema. Aliás, tema que está em ênfase em todo o mundo, não é mesmo?
Nas nossas conversas passadas falamos como a saúde mental tem se consolidado como um dos temas mais discutidos dentro das empresas. Fatores como o aumento de casos de burnout, depressão e ansiedade, além do crescente reconhecimento do assédio moral no ambiente de trabalho, têm levado as organizações a repensarem suas práticas de gestão de pessoas. Muito já foi discutido sobre a importância do desenvolvimento humano nas empresas e o impacto que isso traz no resultado financeiro… Mas será o suficiente?
Por mais que eu seja um dos maiores defensores das vantagens em investir no capital humano, no bem estar dos colaboradores e no clima organizacional, não posso deixar de destacar o quanto esse cenário de movimentação empresarial, voltada para a saúde mental, vem sendo impulsionado por mudanças legais que obrigam as empresas a adotarem medidas mais eficazes para proteger o bem-estar mental do seu time. Tenho que reconhecer que talvez, não pela forma ideal, mas sim, as empresas estão se mexendo. Quando ameaça o bolso, é rápida a movimentação para as adequações.
Mesmo que seja pela dor no bolso, as práticas empresariais estão se moldando, tornando a saúde mental um pilar essencial no planejamento estratégico e nos resultados das organizações. Sendo assim, vamos relembrar alguns dos principais fatores para que você empresário, possa se ajustar e se preparar, inclusive financeiramente, para esse novo momento da gestão de pessoas.
Você se lembra dos últimos acontecimentos que marcaram empresas e a medicina do trabalho? A mudança mais significativa foi o reconhecimento, de doenças como burnout, ansiedade e depressão como doenças ocupacionais. A partir de então, a Classificação Internacional de Doenças (CID-11), da Organização Mundial da Saúde (OMS), passou a incluir o burnout como um transtorno de relação causada pelo trabalho . Rapidamente recepcionada também pelo Ministério da Saúde.
Ou seja, a partir dessa definição, as empresas passaram a ter a responsabilidade de identificar e minimizar os fatores de risco associados a essas condições no ambiente de trabalho, além de oferecer apoio para a recuperação dos funcionários afetados. Pessoal, aqui temos um enorme risco financeiro dentro das empresas em caso de má gestão do capital humano. As indenizações trabalhistas decorrentes de doença inerente ao trabalho, podem quebrar uma empresa. São indenizações pesadas.
Esse reconhecimento legal não só impacta a saúde do trabalhador, mas também a forma como as empresas devem estruturar suas práticas internas, com a obrigação de monitorar e prevenir problemas de saúde mental, oferecendo recursos de apoio adequados e adotando políticas que promovam o bem-estar no ambiente laboral.
Na sequência, tivemos também a novidade da NR-05, que também reforça a importância da saúde mental no ambiente de trabalho pois exige a implementação de canais de denúncias nas empresas. De acordo com a nova regulamentação, as empresas devem criar mecanismos formais que permitam aos colaboradores relatar comportamentos de assédio moral, abuso ou qualquer outra prática que possa afetar a saúde emocional e o bem-estar dos funcionários.
Vejam como a legislação e as normas de saúde e segurança estão exigindo cada vez mais um novo modelo de gestão de pessoas. A criação desse canal de denúncias visa garantir que os colaboradores possam se sentir seguros ao relatar situações de assédio sem o temor de represálias. É claro, como que alguém vai denunciar um abuso, um assédio, se sua identidade não for preservada? Impossível.
Além disso, a existência de um canal estruturado facilita a gestão da segurança psicológica dentro da organização, permitindo que a liderança tome medidas adequadas para corrigir possíveis falhas nos ambientes de trabalho. Claramente, temos um grande facilitador para a tomada de decisões, identificação de treinamentos ou medidas corretivas necessárias.
Não é só isso. Como venho falando, chegou também à novidade da NR-01, que traz expressamente a obrigatoriedade de incluir a avaliação psicossocial no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) das empresas. A partir dessa regulamentação, as organizações devem realizar um levantamento detalhado sobre os riscos psicológicos aos quais seus colaboradores estão expostos, considerando não apenas os aspectos físicos do trabalho, mas também os emocionais. Essa exigência reforça o entendimento de que a saúde mental é uma variável fundamental dentro da segurança e do bem-estar do trabalhador.
Ao integrar essa avaliação no planejamento estratégico da empresa, os gestores se tornam mais capacitados para tomar decisões informadas sobre o ambiente de trabalho, ajustando as condições para prevenir riscos à saúde mental e criando ações que promovam a qualidade de vida em todas as operações.
Não há como negar meus amigos, a saúde mental se tornou um fator decisivo na gestão de pessoas. Cada vez mais, as empresas precisam entender que o investimento na saúde psicológica do seu capital humano não é apenas uma questão de ética, mas também uma estratégia de longo prazo. Programas de apoio à saúde mental, como terapia, workshops de gestão de estresse e mindfulness, além da implementação de políticas de flexibilidade, têm se mostrado eficazes para aumentar a satisfação e a produtividade dos funcionários. Em outras palavras, investir em saúde mental e bem estar, resulta em alavancagem financeira.
Então, diante dessa enxurrada de normas e legislações novas, as empresas devem incluir projetos e atividades de saúde mental em seus orçamentos e planejamentos estratégicos. Isso implica em alocar recursos para programas relacionados a temática, treinamentos para líderes e gestores, além de investir em tecnologias que promovam o monitoramento da saúde psicológica no ambiente de trabalho (falaremos sobre o uso da IA na saúde mental, mais a frente). É um caminho sem volta.
A tendência é que, com o tempo, a gestão de saúde mental se torne parte integrante de todas as empresas, não apenas como um benefício, mas como uma necessidade estratégica. Empresas que não adotarem essa abordagem correm o risco de enfrentar altos custos, como licenças médicas, baixa produtividade, alta rotatividade de funcionários e processos trabalhistas pesados.
Vale reforçar que o cerco legal, as mudanças das práticas de gestão e o foco no bem estar das pessoas dentro das empresas é sem dúvida um dos pontos mais estratégicos para alavancagem financeira e a reputação de qualquer empresa. Esse olhar mais humanizado e ao mesmo tempo focado em resultados, passa a não ser mias uma opção ou não é mais um tema periférico. Acima de tudo, essa “nova gestão” é um dos pilares fundamentais para o sucesso de qualquer que seja a organização.
E a sua gestão de pessoas, está preparada para essa nova realidade? Pense nisso e até a próxima.
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