A grafia do titulo já é o mote do desenvolvimento deste artigo.
O quanto o dinheiro ou bens materiais conseguem ,realmente, nos fazer felizes?
O Grant Study, considerado o maior estudo longitudinal já realizado para investigar os fatores que influenciam no bem estar, trouxe resultados surpreendentes para aqueles que apostaram na fama e no dinheiro como sinônimos de felicidade.
Iniciado em 1938 com 238 alunos de Harvard que estavam cursando o segundo ano de faculdade, e com a proposição de acompanhar suas vidas inteiras, conta, hoje, com apenas 19 ainda vivos, já quase centenários, e, após mais de US$ 20 milhões investidos nessa empreitada, a que conclusão chegou? A de que, para se chegar ao final da vida com a sensação de ter-se sido feliz, precisa se cercar de pessoas e ter diversas relações muito próximas.
Bingo! Não foi por isso que surgiu há 200 mil anos atrás o Homo Sapiens? E que há 13 mil anos atrás passou a ser a única espécie humana sobrevivente? Por quê? Porque conseguiu viver em comunidade. Conseguiu compartilhar informações e aproximar-se cada vez mais dos seus semelhantes. A partir daí preservou-se.
Ora, se o sentido da preservação estava em ter os seus semelhantes próximos ,não é logico imaginar que o sentido de sua felicidade seja exatamente o mesmo?
Cônjuges, irmãos e filhos é fácil imaginar que nos deixem felizes, mas o senso de comunidade é na mesma proporção importante.
Alguns pacientes comentam a sensação do estado de tristeza mais prolongado atualmente, às vezes sem motivo aparente. Sempre indago – “Tem visitado parentes? Feito um churrasquinho com os amigos? Freqüentado um clube?” – Quase sempre a resposta é negativa. Estamos muito retraídos. Reféns de nós mesmos. Segurança, finanças e tempo. Ninguém foge dessas justificativas.
Diversos outros estudos mostram resultados semelhantes. Pacientes de UTI que recebem mais visitas ou que tem cônjuges ou filhos tem uma propensão à recuperação mais rápida. Pessoas que usufruem da socialização conseguida pela espécie ao longo desse tempo todo, conseguem valorizar muito mais, diversos aspectos da vida, sendo naturalmente mais otimistas e por isso mais felizes.
Observem que estamos nos baseando em estudos científicos muito bem elaborados e com a longevidade de mais de 80 anos, como o Grant Study.
Desde 1998, quando, Martin Seligman inaugurou a “psicologia positiva”, os cientistas estão mais interessados na busca e investigação das qualidades humanas e menos em seus defeitos. Começaram a se preocupar muito mais com a felicidade do que com a tristeza e suas conseqüências, tal qual a depressão, que reinou absoluta nas ultimas décadas, virando a doença do século.
Podemos, então, perceber que a felicidade tão propalada e que tanto buscamos, para ser alcançada precisa muito mais da mudança de nosso comportamento, não refreando nosso instinto de viver em bando e conviver em bando, do que do acúmulo de bens e riquezas.
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