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07/09/2024

ernani buchmann

A posse de Bira Menezes

Os sonhos, esses filmes que dominam sem controle a nossa mente, vivem assombrando as minhas madrugadas. Ontem acordei angustiado por não ter conseguido encontrar o terno com que iria comparecer à posse de Bira Menezes na Academia Norte-Riograndense de Letras.

A fatiota tinha desaparecido de maneira misteriosa. Perguntei a quem costuma fuçar no meu guarda-roupa, não sabiam. Liguei para a Lavanderia Vitória, lá também não estava (houve outro atropelo para descobrir o número da lavanderia). O pior é que o avião estava em vias de decolar e eu era vítima de um furto de tamanha proporção.

Bira Menezes, para quem não sabe, é um diretor de arte de muito talento, nascido na Mossoró conhecida ultimamente pelo presídio federal, o que não condiz com a sua rica história, marcada por encarniçadas lutas políticas e esportivas, estas protagonizadas pelos rivais Potiguar e Baraúnas, time da devoção do seu filho exilado. Bira vive em Curitiba há quase 60 anos, tempo que permitiu sua incorporação ao nosso patrimônio.

Sua eleição à academia do estado natal nada teria de esdrúxula. Bira é homem das letras, autor de dezenas de campanhas de comunicação dos mais diferentes teores, das publicitárias às de cunho social, das políticas às culturais.

Além disso, há poucos meses o escritor João Almino, potiguar de nascimento e membro da Academia Brasileira de Letras, foi eleito para a Cadeira nº 4 da congênere paranaense, ele que reside em Curitiba há alguns anos. Nada impediria, portanto, que se propusesse uma permuta, no estrito sentido literário, Bira por João Almino e vice-versa.

Tudo estaria conforme os mais rigorosos princípios éticos. Ambas as posses seriam prestigiadas por figuras históricas de cada estado, como o folclorista Câmara Cascudo e o escritor e publicitário Ney Leandro de Castro, do lado de lá, Dario Vellozo e René Dotti pela banda de cá, todos ressuscitados para essa nobre finalidade.

No meu sonho isso seria possível. O problema é que eu mesmo não poderia comparecer às solenidades, a menos que encontrasse o terno desaparecido – do qual, a propósito, ainda não tenho pistas.

Leia outras colunas do Ernani Buchmann aqui.

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