De uns anos para cá, volta e meia aparece notícia anunciando o desaparecimento da casa de um ex-governador do estado. Já desapareceram a de Paulo Pimental, na Visconde de Taunay, abatida para dar lugar a um luxuoso edifício do construtor Percy Tiemann; a de Jaime Canet, na Sete de Setembro e, nos últimos meses foi abaixo a residência de Bento Munhoz da Rocha Neto, na esquina da Carlos de Carvalho com Brigadeiro Franco.
Alguns ex-governadores moraram e moram em apartamentos, como José Richa e seu filho Beto. Alvaro Dias e Mário Pereira também vivem em edifícios. Desconheço os endereços de João Elísio, Orlando Pessutti e Cida Borghetti.
Dos antigos governadores, resta o palacete de Moysés Lupion, no Batel, hoje um local de eventos mantido pela família, depois de ter servido por décadas como sede da RPC.
Também está lá a casa de Ney Braga, na Rua Generoso Borges, no Batel. A rua era conhecida como Bragalândia, por abrigar residências de outros componentes da família, como a do engenheiro Marcelino Braga, primo de Ney.
A residência continua incólume, mas parece vazia. Não parece ter muito futuro, embora pudesse ser aproveitada como museu Ney Braga, pela imensa importância de seu antigo proprietário para a história paranaense.
Também segue em pé a residência de Jaime Lerner, no Cabral, projetada por ele mesmo, hoje sede do instituto que leva seu nome. Está muito bem conservada e recebe visitas guiadas, comandadas por sua filha Ilana. Vale a visita, para se apreciar a capacidade inventiva do arquiteto e urbanista.
Jaime gostava muito de ir a Faxinal do Céu, a charmosíssima vila no município de Pinhão, pertencente à Copel. Lá o governador tinha seus aposentos e hospedava convidados do país e do mundo. Infelizmente, nenhum governador pós-Lerner interessou-se em continuar frequentando aquela vilinha paradisíaca, chamada de “Céu” com muita propriedade. Sigamos, portanto, com as residências dos mandatários.
Roberto Requião continua vivendo na casa que habita desde o final dos anos 1970, no Bigorrilho. É verdade que se mudou para a residência oficial do Canguiri, no Parque Castelo Branco, em Colombo, durante seus dois últimos mandatos como governador. Requião também foi o derradeiro governador a utilizar a residência oficial de verão da Ilha das Cobras, na baía de Paranaguá.
A casa está em reforma. Será transformada na Escola do Mar, com o objetivo de formar profissionais para os restaurantes e lanchonetes do litoral paranaense, além de sediar cursos de aperfeiçoamento de gestores e empreendedores da região litorânea.
Para encerrar, duas curiosidades. Em 1986 o governo João Elísio incorporou uma residência na Rua Brasilino Moura, no Ahú, para servir como residência oficial. A construção, em estilo “colonioso” (imitação do estilo colonial hispânico), era bem confortável, mas Alvaro Dias foi o único governador a viver ali. Ainda durante seu mandato, a família mudou-se para o Edifício Wimbledon Park, na Rua Petit Carneiro, em frente ao Clube Curitibano. Hoje a casa serve como sede do Gaeco.
E o projeto do Palácio Iguaçu previa uma ala residencial – mas jamais foi viabilizada, mesmo porque não parece ter havido governador algum com interesse em levar sua família para viver em meio a assessores, curiosos e puxa-sacos.
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