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Copas do Mundo e suas esquisitices (final)

20/12/2022
copas

O Brasil teve uma trajetória bastante ordinária nas Copas pós-2002. Éramos favoritos em 2006, com o tal quarteto mágico – que esqueceu seus truques no jogo contra a França. Também ficamos nas quartas de final na África do Sul, quatro anos depois, perdendo da Holanda de virada.

Já em 2014, jogando em casa, fomos mais longe, para tomar 10 gols em duas partidas e terminar em quarto lugar. É verdade que a Alemanha levou de 8 x 2 da Hungria, em 1954, para depois vencer os mesmos húngaros na final, mas nenhuma humilhação foi maior do que a derrota de 7 x 1 para os Fritz em Belo Horizonte. Coisa muito estranha.

Na Rússia, retomamos a sina de perder nas quartas, e reincidimos agora no Catar, quando a semifinal estava há quatro minutos de ser alcançada. Tite ficou revirando os olhinhos no banco de reservas, depois desapareceu do campo e, enfim, declarou estar em paz. Que homem esquisito, minha gente. Perdeu duas Copas, enganou a todos com aquela conversa de pregador charlatão, explicando bem explicadinho tudo o que não precisava ser explicado e não explicando o que precisava: as causas da decepção que causou aos mais de 200 milhões de brasileiros. Menos mal, os argentinos teriam feito churrasco do nosso time.

Sorte nossa – ou melhor, privilégio – assistir à final de anteontem, a mais emocionante de todos os tempos. Os dois maiores jogadores da Copa frente a frente, fazendo cinco dos seis gols da partida. Uma ode à genialidade de Messi e Mbappé, uma festa fantástica do futebol.

Para encerrar, vou revelar um fato muito esquisito. Fui tomado por uma epifania, uma revelação, enquanto dormia de sábado para domingo. Ouvi, com toda clareza, a voz de um locutor de Buenos Aires escalando o time que jogaria contra a França. Tive, então, certeza da vitória de los hermanos. Segundo o locutor, seria por una cabeza. Eis a equipe:

El Papa no gol; na lateral direita, Quino e, por supuesto, Mafalda; San Martin e Perón comandam a zaga; Enrique Discépolo faz cambalache pelo lado esquerdo; Jorge Luis Borges e sua ampla visão como camisa cinco; Gardel e Piazzolla jogam por música no meio de campo; no ataque, Juan Manuel Fangio em alta velocidade pela direita, Ricardo Darin faz o papel de centroavante; e Che Guevara destrói os sistemas na ponta-esquerda.

Não deu outra. Foi a última esquisitice da Copa do Mundo.

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* A coluna entre em férias e retorna dia 10/01/2023.

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