Nos fins de semana tenho o hábito de caminhar na canaleta do Expresso, pela Rua Deputado Heitor Alencar Furtado, no trecho entre a Paulo Gorski e o Terminal de Campo Comprido. O trajeto é agradável, com muitos atletas correndo, casais empurrando carrinhos de bebê, ciclistas pedalando e pessoas com seus pets. Às vezes há o ronco de algum esportivo de alta performance trafegando pela lateral, nada que atrapalhe os 45 minutos de caminhada. Nem os treinamentos de ciclistas de competição, todos parecendo estar na Volta da França, perturbam o caminhante.
A atenção maior fica com a circulação dos ônibus. É preciso estar alerta para trocar de faixa. Como nos fins de semana quem anda ali encontra no máximo seis ônibus no percurso, três em cada sentido, tudo é muito tranquilo. Os horários funcionam à perfeição: um vai, outro vem, em intervalos regulares.
Nos dias de semana a coisa muda de figura. Entre 6h e 8h a frequência dos ônibus aumenta muito. O transeunte vai encontrar em torno de 16 Expressos cruzando aquele trecho, da linha Centenário-Campo Comprido. Exige muita cautela: em caso de dois deles cruzarem sob algum dos viadutos ou nas áreas em que a pista foi rebaixada, é necessário esgueirar-se para evitar o perigo.
Assim, de segunda a sexta a prudência determina que as pessoas da região escolham as pistas do Parque Barigui. A duração do trajeto é quase a mesma para quem der uma volta completa. Sem a interferência dos assustadores biarticulados.
Porém, aos domingos a caminhada no parque também exige precaução. Há crianças que abalroam com seus carrinhos os inocentes calcanhares de quem vai à frente (sem direito a B.O.), famílias de três ou quatro componentes caminhando lado a lado, enquanto você precisaria ter uma buzina a ar para exigir passagem, tutores de pets que se encontram para conversar no meio da pista, como se ali fosse o Kennel Club. E sempre existe a possibilidade de ser atingido por algum garoto a correr com a cabeça virada para qualquer direção, menos a correta, atrás de pipoca ou sorvete.
A grande e óbvia vantagem do parque é a natureza, senão não seria um parque. Costumo dividir o percurso em pedaços delimitados pelas minhas referências. A usina hidrelétrica, a residência de Joel Malucelli, a Praça do Uruguai, a imensa vila toscana, a mansão francesa que foi de Jacques Aisenthal, o ponto de encontro de bikes e motos em frente à casa amarela, a ponte na Cândido Hartmann, o “aeródromo” de aeromodelismo, a sala de atos, os bares, a colmeia, o pavilhão de eventos e a academia ao ar livre, para alongar os músculos ao fim da caminhada.
Tudo temperado por um ou outro “bom dia” a algum conhecido. Feliz de quem vive em Curitiba, com tantas opções de trilhas urbanas. É uma bela demonstração de qualidade de vida, essa que a cidade nos oferece.
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