Que o mundo não anda lá muito bem das pernas, é sabido. A questão é que, a cada dia que passa elas ficam mais comprometidas – e nos perguntamos até quando irão resistir.
No quesito “guerras”, temos para todos os gostos. Não bastasse o horror do conflito Rússia-Ucrânia e sua ameaça nuclear, agora vemos a inominável violência no Oriente Médio.
Fico a imaginar a imensa frustração que teria acometido dois grandes homens de cultura nascidos no Oriente Médio, o palestino Edward Said e o israelense Amos Ós. Dois militantes da paz, estariam se sentindo traídos e impotentes.
Se não fosse bastante, temos outras frentes a lamentar. A tragédia humanitária no Sudão do Sul, as ditaduras religiosas no Irã e Afeganistão, a ditadura militar na Nicarágua, o êxodo no Haiti e na Venezuela, a fome que domina inúmeras regiões do planeta. Haja força nas pernas.
Em todos os casos quem perde é a população civil, pessoas que nada tem com aquilo: querem apenas estudar, trabalhar, sustentar a família e viver, enfim. E são massacrados sem piedade.
Um observador cético poderia alegar que o mundo sempre viveu em guerra. Não deixa de ser verdade. Acontece que a humanidade se gaba do seu desenvolvimento. Houve avanços magistrais na ciência, a média de vida subiu na vertical nos últimos cem anos, os transportes revolucionaram a mobilidade das pessoas. Nem por isso deixamos de apostar na ignorância e atirar na cara do vizinho.
E temos a natureza, o clima, o meio-ambiente. O ser humano vai se dar conta muito tarde do que está fazendo com o lugar que habita. As tragédias climáticas deixaram de ser projeções ou hipóteses, estão aí para quem quiser apreciar. É como assistir a um filme catástrofe no jardim da própria casa.
Aquele observador incrédulo talvez diga que hoje sabemos em tempo real de tudo o que acontece, o que nos tempos antigos exigia meses para as confirmações de praxe.
Quem sabe o fato de mundo ter se tornado instantâneo tenha mesmo aumentado os temores e enlouquecido as pessoas, hoje escravizadas por paranoias de todo o gênero. Porém, quando vemos as reações dos governos, os discursos tatibitates de certos dirigentes, os olhos cheios de sangue de outros, chega-se a perder as esperanças.
Resta-nos seguir confiantes nas pernas do planeta, torcendo para que aguentem todos os trancos e consigam caminhar em direção a um horizonte justo, igualitário e pacífico. Vai que…
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