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12/05/2024

O poste

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Tânia estava me levando a um evento, em meio ao trânsito endemoniado dos fins de tarde, quando recebo uma mensagem no whats. Minha nora, viúva do Fábio, comunicando que o presidente da Câmara Municipal, vereador Marcelo Fachinello, lhe havia dado a notícia de que o Jardinete Jornalista Fábio Buchmann, em processo de implantação no Bacacheri, havia aumentado de importância. Em lugar de jardinete, a Câmara e a Prefeitura acordaram em fazer da área uma praça com o nome dele, falecido em 13 de dezembro de 2021, aos 45 anos.

 

Ficamos muito satisfeitos, Tânia e eu. Fábio merece a homenagem pela sua carreira como repórter e apresentador na CBN, em que trabalhou por mais de 15 anos. Era um profissional dedicado, craque no ofício. Só fez amigos, embora fosse conhecido por seu humor ácido e pelas imitações perfeitas que fazia. Ninguém encarnava o Luiz Geraldo Mazza como ele.

 

Suas paixões, longe dos microfones, eram a música e o Paraná Clube. Ia a todos os jogos, vibrava e sofria – e sofreria muito mais se visse o atual estado de coisas na Vila Capanema.

 

O avô do Fábio, Arino Buchmann, foi homenageado no início dos anos 1980 com o nome de uma rua no Hauer. A iniciativa partiu de uma mulher que havia trabalhado em nossa casa. Ela o admirava tanto que foi atrás de um currículo dele para entregar a um vereador na Câmara Municipal, João Derosso ou José Gorski, já não lembro. E a rua foi batizada. Às vezes um dos netos do Arino visita o lugar e fotografa a placa com o seu nome.

 

Então, em meio daquele anda e para interminável na Avenida Munhoz da Rocha, fiz um comentário em voz alta, como se falasse para a minha alma:

 

– Fico feliz. Meu pai é nome de uma rua, meu filho será nome de praça.

 

Conhecida pelo raciocínio agudo e talvez contaminada pelo humor ácido do enteado, Tânia foi impiedosa:

 

– E você, vai ser o quê? Um poste?

 

E caiu na risada. Fui obrigado a concordar com ela, é o me caberá.

 

A esperança é de que seja um poste de bom padrão, erguido para suportar os humores da natureza, sem emaranhado de fios, regado com frequência pelos cachorros da vizinhança e destinado a iluminar seu entorno por muito tempo.

 

Não podemos esquecer que a palavra posteridade tem poste dentro dela. Estarei bem agraciado, empinado em alguma esquina desta cidade que me abrigará por outras insondáveis décadas.

 

Leia outras colunas do Ernani Buchmann aqui.

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