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ERNANI-CABECA-COLUNA

Pintacuda

19/11/2024
pintacuda

Em uma festa de aniversário encontrei Paulino Delazari, amigo que não via há mais de 30 anos. Ex-Deputado Estadual e empresário aposentado, vive metade do ano em um veleiro no Mediterrâneo. Os outros seis meses passa em Curitiba, onde vivem suas filhas. Neste inverno europeu o barco está ancorado na Tunísia.

Não conheço o país, mas lembro de uma foto com um carro de corrida em uma avenida cheia de palmeiras com o mar ao fundo, espécie de visão do paraíso para um adolescente ávido por desbravar o mundo. Na época fiquei sonhando com a vida glamurosa daqueles pilotos, como Tazio Nuvolari, Rudolf Caracciola e Carlo Pintacuda, da era anterior ao campeonato mundial de Fórmula 1.

Pintacuda fez história no Brasil. Em 1936 correu o Circuito da Gávea, o fatídico trajeto de 11 km com mais de 100 curvas no Rio de Janeiro, terminando em segundo lugar, deixando para trás Manuel de Teffé, o piloto brasileiro que foi o antecessor de Chico Landi, Emerson Fittipaldi e Ayrton Senna entre os ídolos do automobilismo nacional. Em seguida, Pintacuda foi campeão do GP de São Paulo e seu nome passou a ser sinônimo de velocidade.

Nossas avós, sentadas nas cadeiras de balanço das varandas em que viam a vida passar, assustavam-se com a crescente velocidade. “Passou por aqui a sessenta…”, diziam, indignadas – já que 60km por hora era algo espantoso para as velhinhas nascidas no tempo das carroças. Ou então: “A filha da fulana passou com as tranças voando num auto sem capota”.

Mas a melhor expressão era “Tá pensando que é o Pintacuda?”, mais tarde utilizada com a substituição do nome do italiano por Fittipaldi, Piquet ou Senna.

O fato é que Paulino Delazari convidou a Tânia e a mim para uma semana em seu veleiro, no próximo verão europeu. Já estou renovando o passaporte e me preparando para conhecer Túnis, Malta ou a Sardenha, a depender dos planos do capitão e do desígnio dos ventos.

Encontrar velhos amigos é uma dádiva. No meu caso, também permitiu esta crônica, em um domingo de pouco vento, a soprar lentamente até para os padrões das nossas avós.

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