Você já se sentiu esgotado após um período de excessos? O consumo elevado de álcool pode parecer inofensivo no momento, mas logo depois, o corpo apresenta os sinais de desgaste: cansaço, desidratação, desconforto gástrico e até mesmo aquela sensação de inchaço e lentidão. É nessa hora que a atenção ao autocuidado faz toda a diferença. O álcool, quando ingerido em excesso, sobrecarrega o fígado, o principal responsável por metabolizar e eliminar as toxinas do organismo. Esse órgão vital trabalha para transformar o álcool em substâncias menos prejudiciais, antes de eliminá-las. Quando o consumo ultrapassa os limites, o fígado sofre, resultando no acúmulo de toxinas, inflamações e outros desequilíbrios.
Após entender o impacto do álcool no organismo, o primeiro passo para a recuperação é a hidratação. Ela não apenas contribui para eliminar as toxinas acumuladas, mas também ajuda a restaurar o equilíbrio hídrico, essencial para o funcionamento do corpo. Beber água, chás, água de coco ou águas aromatizadas com limão, hortelã ou gengibre é uma maneira eficaz de iniciar esse processo. A água de coco se destaca por ajudar a repor eletrólitos, aliviando rapidamente os efeitos da desidratação.
Com o corpo hidratado, a alimentação assume um papel importante na potencialização dos efeitos dessa recuperação. Uma dieta rica em antioxidantes, neutraliza os radicais livres gerados pelo metabolismo do álcool. A vitamina C, presente em frutas como limão e acerola, ajuda a fortalecer o sistema imunológico, enquanto nutrientes encontrados nas brássicas, como brócolis e couve, apoiam diretamente a função hepática. O alho e a cebola, ricos em compostos sulfurados, aumentam a produção de glutationa, um antioxidante essencial para o funcionamento do fígado. Essa combinação não apenas nutre o organismo, mas também promove a recuperação das células hepáticas, preparando o corpo para a próxima etapa: o uso de fitoterápicos.
Para complementar a alimentação, os fitoterápicos desempenham um papel estratégico na recuperação do fígado e no alívio dos sintomas causados pelo álcool. O dente-de-leão (Taraxacum officinale), conhecido por suas propriedades diuréticas e depurativas, auxilia na eliminação de toxinas e no estímulo à produção de bile, facilitando a digestão e o funcionamento do fígado. O cardo-mariano (Silybum marianum) é uma escolha eficaz, pois protege o fígado e estimula a recuperação celular. Estudos apontam que a alcachofra (Cynara scolymus) contém compostos ativos, como cinarina e ácido clorogênico, que estimulam a produção de bile, essencial para a digestão de gorduras. Esses compostos também exercem um efeito hepatoprotetor, ajudando a regenerar as células hepáticas e melhorar a função metabólica do fígado. Já o gengibre atua como um potente anti-inflamatório natural, aliviando náuseas e desconfortos gástricos. Por último, o boldo (Peumus boldus), rico em boldina, contribui para a digestão de gorduras e alivia a sobrecarga hepática. Esses fitoterápicos, quando integrados à rotina, formam uma linha de defesa natural para o organismo.
Para colocar em prática o uso desses fitoterápicos, há diversas estratégias que podem ser adotadas após o consumo excessivo de álcool. Tinturas, chás e outras formas de preparo são opções acessíveis e eficazes para integrar esses compostos naturais à rotina. Por exemplo, o dente-de-leão pode ser utilizado como chá, preparado com 1 colher de sopa da raiz seca para cada xícara de água quente, sendo ideal consumir até três vezes ao dia. Outra forma prática é o uso de tinturas, com 20 a 30 gotas diluídas em água antes das refeições, para estimular a digestão e a eliminação de toxinas. Já o cardo-mariano é frequentemente usado como extrato seco, com dosagens entre 200 a 400mg por dia, dependendo da orientação profissional. A alcachofra também pode ser preparada como chá ou consumida em cápsulas, sendo ideal ingerir antes das refeições para potencializar a digestão. Para o boldo, uma infusão leve (1 colher de sobremesa das folhas para uma xícara de água quente) é suficiente para aliviar o desconforto gástrico e melhorar a função hepática. Incorporar essas práticas à rotina garante um suporte funcional ao organismo durante a recuperação.
Além dos fitoterápicos, o uso de N-acetilcisteína (NAC) pode ser uma estratégia poderosa no suporte ao fígado após o consumo de álcool. O NAC é um precursor direto da glutationa, um antioxidante essencial para a detoxificação hepática. Ele ajuda a combater o acúmulo de toxinas e protege as células do fígado contra o estresse oxidativo. Recomenda-se o consumo de 600 a 1200 mg ao dia, dividido em duas doses, sempre com a orientação de um profissional de saúde. Essa suplementação pode ser integrada à rotina junto aos fitoterápicos, potencializando os efeitos da recuperação.
A recuperação do corpo após o consumo excessivo de álcool depende da adoção de estratégias práticas e eficazes. Chás preparados com ervas como dente-de-leão, boldo e gengibre podem ser incluídos ao longo do dia, enquanto tinturas e suplementos, como o NAC, oferecem suporte adicional à função hepática. Alimentos antioxidantes e ricos em nutrientes completam o processo, criando um ambiente favorável à regeneração do organismo. Essas práticas simples permitem restaurar o equilíbrio do corpo de forma natural, oferecendo caminhos viáveis para quem busca recuperação e fortalecimento pós-excessos.
Leia mais colunas da Fernanda Ghignone aqui.