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28/03/2024



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Orquestra Didática

 Orquestra Didática

A música clássica surgiu na Europa pra divertir reis e rainhas por volta dos anos 1500, na mesma época em que éramos “descobertos”. Além disso, era bastante usada também em cerimônias religiosas e, mais ou menos duzentos anos depois, começaram a aparecer as primeiras orquestras da história. A música clássica existe no Brasil desde o Período Colonial, inicialmente vinculada à Igreja e à catequese; cresceu timidamente a partir do surgimento dos primeiros manuscritos e de outros espaços de concerto, além das chamadas irmandades musicais. Curitiba, colonizada que foi por imigrantes europeus, sempre teve uma admiração por este estilo musical. Basta ver as filas que se formam nos Teatro Guaíra e Positivo quando orquestras sinfônicas se apresentam por lá.

 

Conforme Aparecida Vaz da Silva Bahls, Historiadora e Pesquisadora da Casa da Memória da Fundação Cultural de Curitiba, em texto de 2019:

 

“Já faz algum tempo que, a cada início de ano, musicistas renomados ou aspirantes a essa categoria vêm a Curitiba. É quando ocorre a Oficina de Música de Curitiba. A cidade se transforma, então, em um grande palco, que se estende por espaços públicos e privados e onde imperam sons melodiosos, arrojados e inebriantes executados com esmero ou ainda um tanto inseguros evidenciando uma convivência singular entre mestres e aprendizes.

 

Nesse contexto, como não mencionar os famosos Festivais de Música de Curitiba e Cursos Internacionais de Música do Paraná realizados simultaneamente, entre 1960 e 1970? Promovidos pela Sociedade Pró-Música, com o incentivo do poder público e de instituições privadas, os cursos / festivais foram coordenados pelo maestro Roberto Schnorrenberg em oito de suas nove edições. Esses encontros marcaram época na capital, ao reunir musicistas e professores nacionais e estrangeiros em prol do intercâmbio cultural, da aprendizagem e aprimoramento técnico dos alunos que, a cada evento crescia o número surpreendentemente. Os lugares para os cursos e apresentações tiveram que se expandir. Da Escola de Música e Belas Artes e do Instituto de Educação, ocuparam também o Colégio Estadual do Paraná, Teatro Paiol, Teatro Guaíra, igrejas.

 

Pela sua notoriedade não somente para o Paraná, mas também para o Brasil, os antigos festivais permaneceram inesquecíveis na memória musical curitibana. Assim sendo, em fins de 1982, nas dependências da Fundação Cultural de Curitiba, Lúcia Camargo, então diretora executiva da FCC, em conversa com a cravista Ingrid Seraphim rememoraram aqueles momentos de vanguarda, em Curitiba, e a partir daí, se empenharam em revivê-los na Fundação Cultural contando com o apoio de colaboradores dedicados.

 

Desse saudosismo resultou a primeira Oficina de Música de Curitiba que, de 3 a 15 de janeiro de 1983, ocupou as salas do Solar do Barão, espaço da Fundação Cultural que acabara de ser restaurado. Com o objetivo inicial de promover o aperfeiçoamento dos integrantes da Camerata Antiqua, os cursos da Oficina foram também disponibilizados aos estudantes interessados, transformando o aluno em elemento essencial para o sucesso do evento. Já nessa primeira edição, um grupo seleto de docentes de Curitiba e de várias cidades brasileiras participou da Oficina, como Helder Parente, Mara Campos, Maria Alice Brandão, Paulo Bosísio, Sebastião Tapajós, Roberto de Regina e Myrna Herzog. A coordenação didática ficou a cargo de Ingrid Seraphim e a coordenação administrativa coube ao violinista Walter Hoerner.

 

As edições seguintes serviram para definir a Oficina de Música como um dos principais acontecimentos artísticos da América do Sul. Os cursos aumentaram e além do Solar do Barão atingiram outros espaços da FCC, além de escolas e teatros da cidade. Na Oficina de Música de 1985, ocorreu o primeiro Encontro dos Professores de Piano coordenado pela pianista Henriqueta Garcez Duarte, que persistiu até o começo da década de 2000. De 1997 a 2001, o Memorial de Curitiba sediou o Seminário de Musicologia Latino Americana idealizado pela musicista Elizabeth Prosser, pelo maestro Lutero Rodrigues e pelo musicólogo Paulo Castagna.

 

A preocupação em incentivar o gosto pela música no público infantil também esteve presente desde as primeiras edições. O método Suzuki foi aplicado na Oficina até 2005, e retornou à sua programação sete anos depois.

 

A música popular começou a se destacar no evento a partir de 1993. Naquele ano, o carioca Roberto Gnattali coordenou e ministrou aula na primeira grande Oficina de MPB, que aconteceu no Centro Cultural Portão, atual Museu Metropolitano de Arte – MUMA. Tim Rescala, Luiz Otávio Braga, Marcos Leite e Jarbas Cavendish participaram do corpo docente. A partir daí a Oficina de MPB ganhou notoriedade a cada ano e seus cursos foram ampliados. Em vista disso, a Oficina de Música passou a ser dividida em duas fases: música erudita e música popular brasileira.

 

Com uma trajetória ímpar no cenário musical brasileiro, supervisionada por diretores artísticos renomados e a participação dos conjuntos musicais da Fundação Cultural, a Oficina vem se diversificando para atender um número maior de interessados. Há muito sua relevância transcendeu as salas de aula para atingir praças, parques, terminais de ônibus e Ruas da Cidadania. O circuito off se transformou numa extensão da Oficina, movimenta bares e demais espaços da cidade, e evidencia mais uma singularidade do evento que contribui para a dinâmica cultural e econômica da cidade. Dessa forma, hotéis, restaurantes e o comércio em geral também são beneficiados. Em 2019, a Oficina de Música de Curitiba estará celebrando sua trigésima sexta edição. Um convite para novas manifestações de arte e talento!”

 

Outra história de amor de Curitiba com a música clássica ocorre no seu relacionamento com a Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP). Criada em 1985, já se apresentou mais de 1,5 mil vezes, entre concertos, óperas e balés em diversas cidades brasileiras para um público estimado de 3 milhões de ouvintes.

 

Seu primeiro maestro titular e emérito foi Alceo Bocchino e seu concerto de estreia foi com a abertura da ópera Anacreon, de Luigi Cherubini (primeira audição no Paraná), sob a regência do maestro adjunto Osvaldo Colarusso. Assim, Colarusso iniciou aquela que viria a se tornar a série mais prestigiosa da Orquestra:Os Concertos Matinais.Foi também Osvaldo Colarusso que iniciou os trabalhos da Orquestra junto ao Balé Teatro Guaíra,em obras tão variadas como O Quebra Nozes de Tchaikowsky e Os Sete pecados Capitais de Kurt Weill, além de dar início à produção de óperas com a Orquestra, regendo Don Giovanni de Mozart, O Barbeiro de Sevilha de Rossini e La Boheme de Puccini.

 

Desde então, a OSP vem desenvolvendo um repertório amplo e eclético. Em seu repertório estão obras de mais de 200 compositores nacionais e internacionais, que contribuem para o amadurecimento do corpo sinfônico e para a formação de plateia. A parceria com o Balé Teatro Guaíra também foi reativada após cinco anos que os dois corpos estáveis do CCTG não atuavam juntos. Com isso, construiu um belíssimo histórico com mais de 40 maestros convidados e cerca de 200 solistas, que vieram de diversos lugares do Brasil e do mundo para enriquecer o repertório do grupo musical, que hoje conta com cerca de 900 obras catalogadas, de mais de 250 compositores, destacando os autores brasileiros Villa-Lobos e Camargo Guarnieri, e os paranaenses Henrique Morozowicz e Augusto Stresser.

 

Em novembro de 2016, foi criado o Instituto de Apoio à Orquestra Sinfônica do Paraná (IAOSP), por iniciativa de Stefan Geiger, então Maestro da OSP, e de entusiastas apoiadores da arte e da cultura paranaense. É uma associação civil sem fins lucrativos comprometida com o suporte às atividades da Orquestra Sinfônica do PR. A ideia inicial veio da necessidade de captação de recursos para manutenção e divulgação de uma programação oficial para Orquestra, bem como a reunião de amantes e apoiadores desta arte, no sentido de difundir e valorizar a música clássica perante a sociedade e as instituições privadas e públicas. Ver aqui.

 

No período de 2018 a 2020, tive a honra de ser coordenador de alguns projetos culturais do IAOSP, como o evento SÉRIE DE APRESENTAÇÕES EXTRAVAGANTES – FILME CONCERTO, aprovado pelo Ministério da Cultura, em que a Orquestra Sinfônica do Paraná acompanhou ao vivo a trilha sonora do filme City Ligths, de Charles Chaplin, no Teatro Positivo. Em 2019, coordenei a produção das séries TEMPOS MODERNOS e CLÁSSICOS UNIVERSAIS, executados pela OSP nos Teatros Guaíra e Positivo. Assim pude conhecer por dentro o profissionalismo e dedicação das centenas de pessoas envolvidas em espetáculos como estes.

 

Agora, em março de 2023, volto a coordenar um projeto de música clássica: ORQUESTRA DIDÁTICA, com a Curadoria de Samuel Lago e a Produção Executiva de Rodrigo Barros Homem Del Rei, grandes companheiros de aventuras culturais.

 

 

Muitas pessoas têm curiosidade de saber como funciona uma orquestra. Qual a função de cada instrumento? O que significam as movimentações da batuta e das mãos do maestro? Quais as categorias de instrumentos que compõem os naipes? Estas e outras questões podem ser esclarecidas para quem visitar a Orquestra Didática, uma instalação montada em Curitiba, em que o público tem à disposição monitores de TV com caixas acústicas que mostram por meio de sons, imagens e textos a função de cada elemento deste grande conjunto de músicos ao executar uma sinfonia.

 

Orquestra Didática estará aberta ao público no Teatro Guaíra, no Centro de Curitiba, durante três meses, entre os dias 07 de março a 06 de junho, de terça a quinta-feira das 10h às 17h. A entrada é gratuita e não é necessário nenhum agendamento, bastando comparecer ao local, na sala ao lado da bilheteria do Guairão.
A instalação é composta por 21 TVs que exibem vídeos com conteúdos didáticos e dinâmicos sobre os instrumentos e elementos de uma orquestra, como se pode ver na foto acima. Para criar uma atmosfera diferenciada o ambiente será escuro, iluminado apenas pela luz tênue emitida pelos monitores, permitindo uma imersão total do público na Música. Junto de cada monitor é disposta uma caixa acústica de alta fidelidade que reproduz o som do instrumento musical apresentado na tela. A obra apresentada é a “Sinfonia nº 3 – Eroica”, de Ludwig van Beethoven, por vezes citada como marco do fim da Era Clássica e o começo da Era Romântica. “É um clássico bastante conhecido do grande público, o que gera uma aproximação imediata. Além disso, é uma obra com um foco timbrístico adequado para a proposta da Orquestra Didática, permitindo que o público perceba a diversidade sonora de cada elemento de uma orquestra e como eles se combinam para executar uma composição”, explica o produtor Rodrigo Barros Del Rei.

 

Formação de plateias

Antes de chegar ao Teatro Guaíra, a instalação passou por um período experimental no Colégio Positivo entre outubro e novembro de 2022, em que foi apresentada com o nome Orquestra Virtual. “Mais de cinco mil alunos da educação infantil ao ensino médio puderam apreciar e aprender. Percebemos que uma parcela considerável de alunos se envolveu bastante. Este interesse gerado cumpre com um dos principais objetivos do projeto, que é de formar público para a música instrumental”, explica o curador Samuel Ferrari Lago. “Com a Orquestra Didática à disposição do grande público em um local central de Curitiba, este objetivo poderá ser potencializado. Por meio desta iniciativa, também queremos valorizar os músicos da Orquestra Sinfônica do Paraná e formar novas plateias para este verdadeiro patrimônio cultural do Paraná”, completa.

 

O objetivo principal do projeto é aproximar a música clássica das crianças, dos jovens e dos adultos, introduzindo este mundo para o público de uma maneira leve, participativa e sobretudo prazerosa. A Música erudita está muitas vezes associada com algo rígido e formal. As roupas escuras, o ambiente solene de um teatro… Isto de certa forma intimida e, por vezes,afasta as pessoas comuns da experiência magnífica de se ouvir uma orquestra sinfônica em ação. Se as pessoas entenderem melhor a orquestra, o som de seus instrumentos,o papel do maestro e, sobretudo, se isso acontecer de uma maneira interativa e autônoma, certamente vão se sentir mais seguras e inseridas neste contexto e verão na música e através dela um mundo mais divertido e estimulante.

 

Para contribuir com a ampliação de público, o projeto tem como contrapartida social a produção de um vídeo de duas horas com tema “Introdução ao universo da música clássica”,a ser distribuído à rede de ensino público básico de Curitiba. Neste trabalho, a professora Liana Justus promove um “abrir de portas” para o fantástico mundo da música orquestrada, apresentando conhecimentos básicos sobre um concerto sinfônico, apresentações de vídeos de grandes nomes do cenário musical internacional e promove interações com o público com exercícios de escuta ativa.

 

Orquestra Didática é uma realização da Mediacaos, com patrocínio da Positivo Tecnologia e Colégio Positivo, por meio da Lei Rouanet, e apoio do Teatro Guaíra, Radiocaos e Instituto de Apoio à Orquestra Sinfônica do Paraná (IAOSP).

 

Serviço

Orquestra Didática

Datas e horários de visitação: de terça a quinta-feira, das 10h às 17h

Período de visitação: de 07/03 a 06/06

Local: Teatro Guaíra, na sala ao lado da bilheteria principal

Endereço: Rua XV de Novembro, 971 – Centro (Curitiba – PR)

Entrada gratuita

Redes sociais:

facebook.com/orquestradidaticacuritiba

@orquestradidaticacuritiba

 

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