Esta é uma compilação de frases que já circularam em várias publicações, então é impossível descobrir o primeiro autor para dar o crédito. Eu mesmo já compartilhei algumas, tempos atrás, e agora fiz alterações e inclusões, com a adição de um pouco do meu humor judaico.
O que interessa é que, assim como as demais, ela pretende mostrar um pouco do folclore da cidade que uma vez o jornalista e poeta pernambucano Fernando Pessoa Ferreira chamou de “Curitiba, a Fria”.
– A gente quer ser seu amigo, mas vá com calma. Não espere abraço de corpo inteiro logo de cara, isso pode levar “uns par de anos” para acontecer.
– Não estranhe se quando for conversar com um nativo e se apresentar como um recém chegado ele perguntar “e quando você vai embora?”
– Nós damos só um beijinho. Nem dois, nem três, apenas um. Como dizia o Jânio Quadros, que andou por aqui, “intimidade demais acaba gerando filhos e problemas”.
– A gente faz fila pra entrar no ônibus. Menos no terminal, ali não é Curitiba, é uma terra sem lei.
– Aqui a gente come pinhão de junho a agosto. Não importa se gosta ou não, é obrigatório, tem que comer, sob pena de cassação da permissão para residir na cidade. E não tem desculpa, é só ir na Feira da praça Osório.
– Salsicha não existe. Entenda isso. O nome é “vina”. V-I-N-A!
– Sempre (eu disse sem-pre) leve um casaquinho (se possível uma “japona”) e uma sombrinha na mochila. Vai por mim.
– Teve uma vez que nevou aqui, na década de 70. Todo mundo acima de 50 anos tem uma história do dia da neve. É um saco, mas seja simpático, ouça pacientemente.
– Nós pronunciamos a vogal. E sim, nossa dicção beira a perfeição (emocionado aqui).
– Tente adicionar algumas girias locais ao teu vocabulário, Não seja “tongo”, procure na Internet.
– Não jogamos nem papel de bala no chão (esta é a cidade do “Lixo Que Não é Lixo”, sabia?). Carregue no bolso até encontrar uma lixeira ou leve para casa.
– A cidade tem 800 parques (alguns exageram e dizem que são mais). Mesmo assim, entupimos todos os shoppings no domingo a tarde.
– Temos muitas capivaras. Nem pense em comê-las: são sagradas. Se estiver dirigindo no Parque Barigui e atropelar uma delas, trate de colocar o bicho no porta-malas, pegue a BR-277 sentido praias e desove o cadáver no Viaduto dos Padres.
– Domingo de manhã vamos na feira do Largo da Ordem. É uma confusão “dozinferno”, mas a gente adora.
– Nunca corte uma Araucária. Aqui é um crime sem perdão. Não se envolva com essas coisas, melhor mudar de casa, fica a dica.
– Não, Curitibano nunca andou na Linha Turismo.
– Para ir mais rápido, use a faixa da direita. Não faz nenhum sentido, mas aqui é assim. Ah, e não estranhe os SUV com adesivo da Lava-Jato. Uma época eles já saiam da loja assim. Você reconhece de longe, eles não dão “sinal” para dobrar a esquina.
– Nós somos travados para sambar. Mesmo assim, todo ano tem um espetáculo deprimente de escola de samba na Marechal Deodoro. Décadas atrás tentaram fazer a tal da “Banda Polaca”, durou só algumas horas. O Macaco Simão disse que a pior coisa que pode acontecer “é ter que passar o carnaval em Curitiba com a namorada menstruada”.
– Aqui tem muita farmácia, duas por quarteirão. Vendem de pó-de-arroz a pneu.
– Rua XV é o nome que só a mulher do GPS e alguns desorientados dão à Rua das Flores. Ela corta o centro, é minha e mandei ladrilhar.
– E já que estamos falando em ruas, Avenida das Torres também não existe. Se jogar no GPS “a mulher vai virar no djanho” e você vai se perder.
– Já tivemos algumas figuras mitológicas: Oil-Man, que anda sumido, o Inri Cristo, “um loque” que se mandou para Brasilia, o Bataclan, corredor catarinense que se dividia entre Curitiba e Porto Alegre, a Maria do Cavaquinho, o travesti Gilda, o Nêgo Esmaga e outros. Na Rua das Flores “até esses dias” tínhamos a Mulher da Borboleta 13, que infelizmente faleceu. E lá mesmo, perto do Bondinho, tinha um Palhaço que imitava as pessoas andando atrás delas. Os Curitibanos, que não são “jacus”, não ficavam olhando nenhum deles.
– Se começar a chover, surgirão de algum lugar misterioso vendedores de guarda chuva, que provavelmente moram nos bueiros. Não tem outra explicação. O preço é salgado, mas são enormes, tamanho família.
– Pão só o de água.
– Garoto é “piá” e menina é “guria”.
– Quer ficar bem com os povos originais? Diga que sabe que existia uma Curitiba muito diferente antes de aparecer o Jaime Lerner.
– Quando disserem que o sol aparece só duas vezes por ano, não acredite. São três.
– “Gasosa” é uma coisa boa. Tem de framboesa, limão e abacaxi, mas a “gengibirra” é campeã.
– “Rollmops” é só para os fortes ou para os que têm porte de arma. Melhor não se arriscar.
– Lembre: aqui não existe salsicha.
2 Comentários
Rollmops é uma iguaria sem igual.logico que tem que ser bem feito e não aqueles que vendem na estrada de Morretes.
Mas bem feito é o manjar dos deuses. Há muitos anos meu filho e eu resolvemos comer os rollmops que tínhamos comprado em Curitiba …no hotel. Eu contei uns 32 e o corajoso do meu filho 21!
Merecemos o prêmio do Rollmops de 2022!
Parabéns pelo texto! Ótimo!